No Flitabira, acontece o I Festival Literário de Viola Caipira. Saiba quais violeiros virão para esse grande encontro na terra de Drummond

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No destaque, Marcos Assunção, instrumentista e compositor sul-mato-grossense

Foto: Divulgação

Informe Cultural

A 3ª edição do Festival Literário Internacional de Itabira – o Flitabira – anuncia, em paralelo, a criação do 1.º Festival Literário de Viola Caipira. De 1.° a 4 de novembro, cinco músicos farão shows, palestras e noite de autógrafos de seus livros. São eles: Fabrício Conde, Roberto Corrêa, Ivan Vilela, Marcos Assunção e Marco Lobo, o curador do Festival.

As performances dos músicos acontecem em todos os dias do Flitabira, sempre às 20 horas, na Praça Doutor Joaquim Pedro Rosa, seguidas de palestra e bate-papo. Tudo com entrada gratuita graças ao patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet do Ministério da Cultura.

Violeiros do festival

Fabrício Conde é violeiro, contador de histórias e escritor. Sua carreira conta com seis discos autorais,  um DVD e dois livros publicados.

Ao longo dos anos, trabalha para a divulgação da cultura popular brasileira, tendo se apresentado em vários países como Bélgica, Holanda, Espanha, Alemanha, Argentina, Colômbia, Costa Rica e Chile.

Suas publicações literárias são “O caminho das asas” (Roda e Cia) e “Causos, histórias e um pouco mais” (Franco Editora).

Fabrício Conde, por Laura Delgado
Fabrício Conde, por Laura Delgado (Foto: Divulgação)

Ivan Vilela é um virtuose da viola de dez cordas (viola caipira) e transita com naturalidade entre os contextos erudito e popular, sendo tanto um exímio instrumentista e compositor de complexas obras, quanto um reconhecido pesquisador e professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo.

Sua produção musical bebe de inúmeras fontes, indo de variados gêneros musicais das culturas populares – como o cururu – à música erudita, do Clube da Esquina aos Beatles, da canção popular à composição clássica. Conta com uma obra publicada: “Cantando a própria história: música caipira e enraizamento” (Edusp).

Ivan Vilela, por Shinji Nagabe
Ivan Vilela, por Shinji Nagabe

Marco Lobo é um percussionista baiano, multi-instrumentista e autodidata. Iniciou sua carreira em Salvador e vive no Rio de Janeiro há mais de 30 anos. Durante muitos anos, integrou bandas de artistas consagrados da música nacional e internacional.

Com essa importante bagagem, em 2010 partiu para a carreira solo no Brasil e no exterior. Possui três CDs e um DVD lançados, ministra oficinas e workshops, cria e executa projetos musicais que fortalecem a música instrumental brasileira ao redor do mundo.

Marcos Assunção é instrumentista e compositor sul-mato-grossense. É graduado em música pela UFMS e pós-graduado em Educação Musical. O jazz, choro, a bossa nova, música erudita, música caipira e a regional são suas principais influências. Gravou três álbuns autorais, sendo o quarto álbum instrumental em duo com o percussionista baiano Marco Lobo.

Já percorreu vários países com concertos, ministrando workshop e masterclass. Lançou três livros com métodos inéditos: o “Viola brasileira nos volumes 1, 2 e 3”, pela editora Life.

Ao expandir a viola caipira para inusitados horizontes sonoros e oportunizar o conhecimento resultante de um trabalho de mais de 20 anos com a música autoral, Marcos trabalha na concepção estética que enaltece a autenticidade, a singularidade e a contemporaneidade, revelando luminosos rumos para a música produzida no Brasil e no mundo.

Marcos Assunção e Marco Lobo em show conjunto (Foto: Divulgação/ Marcos Assunção)
Marcos Assunção e Marco Lobo em show conjunto (Foto: Divulgação/ Marcos Assunção)

Roberto Corrêa é um dos virtuoses da viola, ou viola de arame, como ele gosta de chamar. Neto de violeiro, Roberto descobriu a sua vocação quando já era formado em Física.  Instrumentista, compositor requintado, professor e pesquisador das tradições populares do Cerrado brasileiro, Roberto Corrêa difunde a viola de arame e a viola-de-cocho em várias partes do mundo.

É doutor em Musicologia pela ECA/USP, com a tese “Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte” (2014), além de comendador da Ordem do Mérito Cultural. Publicou de forma independente os livros “Viola caipira”, “A arte de pontear viola”, “Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte” e “Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte”.

Roberto Corrêa fotografado por Diego Bresani
Roberto Corrêa fotografado por Diego Bresani (Divulgação)

O instrumento viola

A viola nasceu por volta do século XIII e chegou ao Brasil trezentos anos depois. Sua origem não é inteiramente conhecida, porém pensa-se que seja originária de instrumentos árabes. Saindo do Oriente Médio, passou pela Europa: Itália, Espanha e Portugal adotaram o instrumento como acompanhamento de cantigas e celebrações locais. Mesmo perdendo sua força nesses países, a viola ainda é um forte elemento da história musical local.

Saindo da Europa, a viola chegou ao Brasil no século XVI com a vinda dos colonizadores e, assim como no continente do outro lado do Oceano Atlântico, consolidou o instrumento como parte de suas comemorações. Com o tempo, a viola passou a ser ícone de referência do interior brasileiro, onde teve maior aceitação e implementação no fazer musical regional.

A viola manteve seu formato original mesmo ao longo de tanto tempo e com um percurso que atravessou continentes. Esse instrumento, embora seja marcante para diversos países, reflete a natureza do povo brasileiro: tem diversas raízes, passou por transformações e, diante de sua história, foi adaptada sem perder sua essência.

Palestras do Flitabira

A programação do I Festival Literário de Viola Caipira do Flitabira conta com seminários das cinco atrações convidadas para falar a respeito de seus instrumentos de trabalho. Indo além da música, as abordagens também englobam a literatura – isso porque cada um dos músicos também é escritor. Unindo a essência interiorana da viola à literatura, o resultado é um festival que reflete a identidade itabirana.

“A viola com a mão na África” é o fio condutor da palestra de Fabrício Conde. O músico propõe um olhar à viola sob a influência da cultura do continente africano, apontando caminhos para se pensar o instrumento como uma ferramenta que acolhe além de ritmos, cantos e danças e o encanto dos saberes ancestrais.

Já o violeiro Roberto Corrêa contará como suporte os documentos sonoros gravados em campo para falar sobre o avivamento da viola no Brasil. Em sua palestra, o músico pretende analisar as especificidades de cada uma das violas tradicionais brasileiras: as violas Caipira, Repentista, Machete Baiana, Caiçara, de Cocho e a viola de Buriti.

Seu embasamento teórico será sua tese de doutorado: “Viola caipira: das práticas populares à escritura da arte”, defendida no ano de 2014, na ECA/USP.

Ivan Vilela, violeiro presente no I Festival Literário de Viola Caipira do Flitabira, falou com a escritrora Myriam Taubkin para o livro “Violeiros do Brasil” (2008) a respeito da troca de conhecimentos dos diferentes elementos da viola:

“Um curso de viola deve ter recortes do mundo acadêmico quando se reporta à sistematização do material do ensino, mas tem que trazer muito do que vem da cultura popular, que é esse lado criativo, esse lado da soltura. Na verdade, essa é a fonte, e eu acho que qualquer tentativa de tirar a viola desse universo e colocá-la no panteão dos instrumentos da música erudita sem carregar essa cultura junto é perigosa”.

Em sua palestra no I Festival Literário de Viola Caipira do Flitabira, a proposta de Vilela é mostrar como trabalha a ideia de condução de vozes em seus arranjos em composições para a viola. Certamente, também fará performances musicais no evento, ecoando o som da viola caipira no Festival.

Enquanto isso, Marco Lobo e Marcos Assunção promoverão em conjunto a palestra “Viola sem limites”, proporcionando ao público um encontro entre dois artistas que se destacam pela singularidade presente em sua música feita por instrumentos símbolos da cultura brasileira.

Unificando fronteiras culturais e desvencilhando possibilidades rítmicas, harmônicas e melódicas na composição ou interpretação de obras musicais em diversos gêneros brasileiro e jazzístico na viola caipira, essa mistura pode ser percebido no álbum “Viola e batuque”, lançado em todas as plataformas em agosto de 2023. Agora, ela chega a Itabira para integrar a terceira edição do Festival Literário da cidade.

PROGRAMAÇÃO:

Os shows do I Festival Literário de Viola Caipira serão realizados entre os dias 1.° e 4/11. As palestras seguem as performances, de modo que servirão como complemento dos shows. Confira abaixo a programação

1.°/11: Show de Fabrício Conde a partir das 20h30

2/11: Show de Roberto Corrêa a partir das 20h

3/11: Show de Ivan Vilela a partir das 20h

4/11: Show de Marcos Assunção e Marco Lobo a partir das 20h

O Flitabira tem o patrocínio anual do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira e União Brasileira de Escritores – UBE.

INSTITUTO CULTURAL VALE

O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso País, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa.

São mais de 300 projetos criados, apoiados ou patrocinados em 24 estados e no Distrito Federal em execução em 2023. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Rouanet, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org.

SERVIÇO:

I Festival Literário de Viola Caipira
III Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
De 31 de outubro a 5 de novembro
Local: Praça do Areão – Itabira-MG
Informações: www.flitabira.com.br

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