No 7 de setembro, Itabira teve desfile cívico, Grito dos Excluídos e Marcha pela Família e pelo Brasil com candidatos a prefeito atrás do voto evangélico

Fotos: Rodrigo de Oliveira

O Dia da Independência em Itabira, nesse sábado, 7 de setembro, teve diferentes manifestações, como o desfile cívico-militar na avenida Mauro Ribeiro, assim como ocorreu o Grito dos Excluídos, no bairro João XXIII, organizado pela igreja Católica, além da Marcha com Jesus, pela Família e pelo Brasil, seguindo pela avenida Carlos Drummond de Andrade seguindo até a rodoviária, organizada pelo Conselho de Pastores de Itabira (Conpai).

O Grito dos Excluídos, promovido há 30 anos pela Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB), foi mais uma vez marcado por uma pauta política em defesa dos excluídos, com o tema Todas formas de vida importam. Mas quem se importa?, reunindo movimentos religiosos e sociais, dando voz às populações marginalizadas para denunciar as injustiças sociais.

Em Itabira, o Grito dos Excluídos foi organizado pela paróquia São João Batista, do bairro João XXIII, com caravanas vindas de várias cidades da região. Contou com participação de movimentos sociais, sindicatos, lideranças religiosas e sociais.

O Grito dos Excluídos foi realizado no bairro João XXIII com o tema com o tema Todas formas de vida importam. Mas quem se importa?

O movimento católico, político e religioso reivindica um país mais igualitário e cidadão. Com participação da comunidade indígena dos Pataxó, vindos de Açucena, foi rechaçado o Marco Temporal, que dificulta ainda mais a demarcação de terras índigenas sem reconhecer os direitos dos povos originários. Pregou também a melhoria da qualidade de vida para as comunidades quilombolas com o incentivo à agrofloresta e cultivo de sementes crioulas.

Foi uma manifestação marcada pela defesa da vida em todas as suas formas, “especialmente daquelas que são ignoradas ou silenciadas por interesses do grande capital. Foi recomendada muita atenção para que o voto (em 6 de outubro) seja consciente em quem tem esses compromissos demonstrados na prática da vida cotidiana nas comunidades rurais e nos bairros populares.

Desfile cívico-militar

Autoridades civis e militares no desfila do 7 de setembro. Marco Antônio Lage compareceu, mas permaneceu calado para não desacatar a legislação eleitoral

Já o desfile cívico-militar, organizado pela Prefeitura de Itabira, foi mais comedido nos discursos, enfatizando o sentido da independência nacional.

Trata-se de uma história que ainda não está concluída, dada à extrema dependência econômica-colonialista ainda existente, com o país ainda se mantendo como exportador de commodities, como é o caso dos mais de 2 bilhões de minério de ferro que saíram de Itabira para o mundo sem ter valor agregado e sem uma justa distribuição de riqueza e de impostos.

Ressalte-se que nada disso foi dito no desfile cívico-militar, mas deveria estar presente em todos os eventos dessa natureza em Itabira, para que a data deixe de ser uma formalidade, um rito até infantil  com desfiles, marchas e parada militar.

O prefeito Marco Antônio Lage (PSB), candidato à reeleição, esteve presente no desfil. Teve o seu nome citado, mas não se pronunciou em atendimento à legislação eleitoral.

Marcha para Jesus tem presença de candidatos a prefeito e vices conservadores

 Marcha dos evangélicos foi em defesa da pPátria, da família e da “liberdade de expressão”À semelhança e inspiração na Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada em São Paulo – e que precedeu o golpe militar de 1º de abril de 1964 –, organizada por grupos conservadores e anticomunistas, a exemplo da Tradição, Família e Propriedade (TFP), os evangélicos de Itabira realizaram nesse 7 de setembro a Marcha para Jesus, pela Família e pelo Brasil

Com concentração na rua 9 de Outubro, a marcha seguiu pela avenida João Pinheiro até a estação rodoviária, intercalada com leituras bíblicas especialmente escolhidas para a ocasião, com forte conotação política conservadora e exclusiva, como se a sociedade fosse dividida simplesmente entre o bem e o mal e não diversa e pluralista como de fato é em todo o mundo.

“Esta marcha é também para orar pelo poder executivo de nossa cidade, para que Deus nos dê sabedoria para que o eleito (na eleição de 6 de outubro) possa dirigir nossa cidade com tudo de bom que Deus destinou para o povo de Itabira, para aqueles que estão enfermos, que estão no presídio. Itabira é a estrela que brilha no amanhã aqui em Minas e para toda a nação”, vaticinou um dos pastores entre os muitos oradores, que completou:

“Quando o justo governa, o povo alegra. E quando o ímpio governa, o povo pena”, disse ele citando passagem bíblica. “Infeliz são os ímpios que nos tem governado, com os filhos sofrendo”, afirmou o mesmo orador, sem citar nomes e o governo a que se refere. “Vamos reverter essa situação na eleição, com Deus nos iluminando para escolher nosso prefeito e vereadores”, propagou.

Candidatos

João Izael e Pedro Fortunato com familiares na Marcha com Jesus, pela Pátria e Família: candidatos em busca do voto conservador

Enquanto os pastores e ministras discursavam e oravam, os candidatos a prefeito João Izael Querino Coelho (PMN), político conservador, ex-prefeito de Itabira, ao lado do seu vice Pedro Fortunato, católico fervoroso, filiado ao PL do ex-presidente Bolsonaro, cumprimentavam os fiéis presentes na marcha com muitos sorrisos e aperto de mãos, na expectativa de serem os ungidos pelo povo de Deus.

Com a mesma desenvoltura acompanharam a marcha o vereador Neidson Freitas (MDB), candidato a prefeito, ao lado de sua vice, vereadora Rosilene Félix (PSD), evangélica conservadora, ambos pregando veneração e respeito à família.

Foi o que defendeu também o ex-presidente Jair Bolsonaro neste 7 de setembro, na manifestação bolsonarista nesse 7 de setembro, na avenida Paulista, em São Paulo.

O candidato Neidson e a vice Rosilene Félix também compareceram e acompanharam a Marcha com Jesus, pela Pátria e Família

Além da defesa da pátria e da família, a manifestação em São Paulo pediu o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por supostamente atentar contra a liberdade de expressão ao mandar suspender a atuação no país do X (antigo Twitter), por reiterado descumprimento de ordens judiciais por parte da empresa do bilionário Elon Musk.

Em reação à decisão do ministro, a plataforma digital fechou o escritório do X no Brasil, com Musk recusando a indicar um representante legal no país, o que fere a legislação nacional. Segundo Alexandre de Moraes, a plataforma incentiva discursos extremistas de tão agrado e gaudio dos conservadores, misturando “liberdade de expressão com liberdade de agressão.”

É assim que Elon Musk mistura os seus interesses comerciais com política sob o manto da liberdade de expressão, assim como fazem muitas igrejas quando misturam o público e o privado, sob o manto da religião, em nome de Deus, da família e da pátria, em defesa do Estado e da propriedade privada, como fazia a TFP, de triste lembrança.

 

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