Neste Dia da Dignidade Menstrual, “aumente o diálogo com filhas e filhos”
Foto: Pexels.com/ Divulgação/UNA Itabira
É o que orienta psicóloga e professora universitária para quebrar tabus
O Dia da Dignidade Menstrual é lembrado em 28 de maio em diversos países. É curioso que uma manifestação biológica totalmente natural e saudável precise de uma data que faça referência a ela.
Mas é necessário. E, por quê? São muitos fatores. O primeiro deles é que ainda há milhões de pessoas que menstruam e que não têm acesso a itens básicos de higiene menstrual.
O segundo fator, e tão grave quanto o anterior, é formado pelos tabus. E é neste ponto que cabe a atuação de pais, mães e responsáveis, conforme orienta a psicóloga e mestre em Educação Isabella D’Avila, que também é professora da unidade curricular (UC) Análise e Intervenção em Psicologia Social, na Faculdade Una Itabira, integrante do Ecossistema Ânima, no leste de Minas Gerais.
A professora enumera três dicas sobre como ensinar as crianças a naturalizarem esse momento:
1 – Busque conhecimento sobre o ciclo menstrual para auxiliar a superação da crença de que o período é somente o sangramento. E entenda: homens transgêneros podem menstruar, e também, pessoas não-binárias (que não se sentem pertencentes exclusivamente a um dos dois gêneros).
2 – Evite comportamentos que buscam “esconder” a menstruação ou os absorventes, como se fosse algo proibido, feio ou nojento.
3 – Aumente o diálogo com filhas – e também com os filhos – de forma natural, sem amedrontar ou supervalorizar esse momento.
E encarar a situação com humor pode ser um caminho para esta naturalização? Muitas vezes, até as próprias mulheres agem com essa postura sobre o período. A professora da Una Itabira explica que isso é muito relativo.
Isso porque, pessoas que menstruam possuem estilos diferentes de lidar com piadas – o que, para algumas, podem ser “inapropriadas”.
Isso pode influenciar negativamente a depender de como essas pessoas enxergam esse período para si e para outras.
“O importante é que haja o diálogo e a troca sobre o tema de forma natural, e assim, com o tempo, possamos respeitar o ciclo menstrual como parte da vida”, acrescenta Isabella D’Avila.
Situação comum em qualquer ambiente: você vê uma pessoa que menstrua com a roupa manchada de sangue de menstruação, mas, ela ainda não percebeu? Como você age? “Nada como fazer uma abordagem gentil e cuidadosa em situações como essa”, afirma a professora da Una Itabira.
“Estar com a roupa manchada de qualquer coisa ou, até mesmo, uma sujeirinha no dente, merece um toque sincero e sem julgamentos, não é mesmo? O diálogo, respeito e acolhimento sempre serão as melhores apostas”, ensina.
Absorvendo novos costumes
Cada dia mais, a dignidade menstrual tem sido considerada uma questão de saúde pública e de responsabilidade coletiva.
Isso vale para o ambiente familiar, de trabalho, escolas, entre amigos e até em meio a calamidades públicas como tem acontecido no Rio Grande do Sul.
Para esses e outros casos, o Brasil já conta com um Projeto de Lei (PL) para doação de absorventes, que foi lançado no início de maio deste ano.
O PL nº 1.621/2024, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), prevê que mulheres que se encontram em situação de calamidade pública, ou eventos climáticos extremos possam ser inseridas como beneficiárias no Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual.
O programa, lançado em novembro de 2022, garante a distribuição gratuita de absorventes para mulheres que não têm acesso ao item.
A psicóloga e professora da Una Itabira acredita que ações como essas são positivas para a naturalização do momento da menstruação. “Para além da naturalização, essa iniciativa também sensibiliza para situações de vulnerabilidade nesse quesito”, indica.
Dignidade menstrual para o Sul
Neste momento, as doações de absorventes estão entre os principais pedidos para as vítimas gaúchas. Mais informações oficiais em: https://sosenchentes.rs.gov.br/doacoes-em-geral
Além do site oficial do estado, os Correios também estão aceitando doações para levar aos desabrigados. E os absorventes estão na lista de prioridades na categoria de “Itens de higiene pessoal (escova de dente, creme dental, sabonete, absorventes, papel higiênico e fraldas infantis e geriátricas)”.
Para quem quiser fazer a doação, basta levar o item a uma agência de sua cidade para a coleta. De acordo com o site da instituição o ideal é que os itens sejam entregues embalados em sacos transparentes de maneira segura, para facilitar a triagem.
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O curioso é saber que as mulheres presas no campo de concentração do ginásio da Polícia Federal em Brasília não tiveram direito a esta dignidade.
Enfim, vindo de Brasília nestes tempos, tudo termina mesmo em narrativas…