Neidson quer impedir que tribuna da Câmara vire palanque contra o governo
O presidente do legislativo itabirano, vereador Neidson Freitas (PP), quer impedir que manobras de alguns vereadores transformem a tribuna do Grande Expediente das reuniões ordinárias da Câmara em palanque eleitoral para lideranças comunitárias e de outras entidades falarem mal do governo e dos próprios vereadores.
Segundo ele alega, o seu posicionamento tem por base o que dispõe o regimento interno do legislativo itabirano. “A tribuna não é o fórum adequado para os presidentes de associações comunitárias e de qualquer outra instituição apresentarem as suas reivindicações e queixas. O espaço mais adequado para isso são as reuniões das comissões temáticas, onde o debate flui mais democraticamente”, defende.
O vereador presidente tomou essa posição após a leitura de um requerimento do vereador oposicionista Reginaldo das Mercês Santos (PTB), solicitando espaço para que lideranças comunitárias se manifestem na reunião que a Câmara irá realizar no dia 24 de outubro, a partir de 14h, no distrito de Senhora do Carmo. “Será uma oportunidade para as lideranças apresentarem aos vereadores o que há de bom e de ruim ocorrendo no distrito”, justifica.
Concessão
Como “exceção e concessão democrática”, os vereadores aprovaram o requerimento do vereador Reginaldo Santos, permitindo que lideranças da Associação Comunitária do Distrito de Senhora do Carmo façam uso da tribuna na reunião legislativa do dia 24 deste mês.
“Podemos até mesmo, em caráter especial, abrir um debate com os moradores ao fim da reunião em Senhora do Carmo”, propõe o presidente da Câmara. Mas Neidson enfatiza: “Nas reuniões em Itabira, permanecem as restrições ao uso da tribuna previstas no regimento interno.”
Com o posicionamento contrário à manifestação de lideranças no plenário da Câmara nas reuniões em Itabira, o seu presidente quer evitar, sobretudo, que críticas ao governo municipal tenham maior repercussão, uma vez que as reuniões ordinárias são transmitidas ao vivo por duas emissoras de rádio da cidade.
Já nas reuniões das comissões temáticas, que ocorrem nas quintas-feiras, não há transmissão pelas emissoras de rádio. Com isso, o “debate” com as lideranças fica restrito entre os vereadores e as poucas pessoas presentes.
Desistência
A cobertura das reuniões da Câmara pelas emissoras de rádio tem tamanha relevância para os edis itabiranos ao ponto de o vereador Paulo Soares (PRB) desistir, na sessão de ontem (10/10), que não teve transmissão ao vivo, de fazer uso da tribuna como prometeu que faria em todas as reuniões. Isso até que as empreiteiras da Vale passem a contratar mão de obra itabirana ao invés de trazer trabalhadores de fora e que se acabe a “fila de vergonha” de desempregados na porta do Sine.
Por razões contratuais ainda não explicadas pela presidência da Câmara, está suspensa a transmissão ao vivo pelas emissoras de rádio. Em decorrência, os vereadores economizaram ontem nos discursos e a reunião seguiu célere, com poucos debates entre os vereadores.
Como é de seu costume, o vereador Paulo Soares saiu antes do fim da sessão legislativa. Levantou-se e despediu dos vereadores, um a um. Justificou dizendo que teria uma reunião com moradores do bairro Bela Vista, onde reside.
Com o seu gesto, Paulo Soares confirma o uso político da tribuna no Grande Expediente, o que em si não é problema, já que todos vereadores são agentes políticos. Porém, a prerrogativa de fazer campanha eleitoral antecipada e permanente na tribuna da Câmara passa a ser válida somente para os vereadores. Afinal, a casa é do povo, mas só os vereadores podem fazer uso.