Nada muda com a saída de Salles e entrada de Joaquim Leite no Meio Ambiente: quem manda é Bolsonaro
Rafael Jasovich*
O novo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, atuou por mais de 23 anos como conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB). Nomeado para o ministério no lugar de Ricardo Salles, que pediu demissão, Leite estava desde setembro do ano passado no comando da secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais.
Além de formular políticas para a preservação do bioma amazônico, a estrutura que Leite comandava é responsável por organizar o sistema de pagamentos ambientais, implantado pelo governo Bolsonaro para remunerar proprietários de terra que preservam suas áreas.
A atuação dele até aqui foi muito pautada no pagamento dos serviços ambientais. Ele veio para viabilizar uma pauta que una o agronegócio à área ambiental.
A saída de Salles já era aguardada na pasta devido à situação jurídica do ex-ministro, alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto favorecimento a madeireiros.
O nome de Leite, no entanto, não era cotado para assumir a pasta. Foi uma surpresa. As pessoas estão estupefatas, porque ele não é uma pessoa do mundo político. Mas é muito ligado ao ex-ministro.
O currículo registrado no site do ministério informa que Leite não tem formação específica na área ambiental. O novo ministro é graduado em administração pela Universidade de Marília (Unimar) e tem mestrado em MBA Executivo pelo Insper, também em São Paulo.
Profissionalmente, ele foi consultor de manejo florestal, diretor de uma incorporadora e teve uma fazenda de café. Está no governo Bolsonaro desde julho de 2019.
Fica claro para qualquer observador que nada muda, pela ligação estreita com Salles e seu currículo mostram isso.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional.
No destaque, o novo ministro Joaquim Álvaro Pereira Leite (Reprodução/Linkedin).