Nada de cachoeira e aglomerações, jovens itabiranos. A Covid-19 já não escolhe mais idade

Mesmo com a abertura de novos leitos exclusivos para pacientes com Covid-19 nos hospitais de Itabira, os indicadores ainda não são favoráveis à reabertura da economia.

O principal desses indicadores, as taxas de ocupação de leitos, tanto para tratamento intensivo como nas enfermarias, estão em 100% – e até acima disso nas UTIs.

Tanto é assim que Itabira, assim como a maioria dos municípios mineiros, permanece na onda roxa, a mais restritiva do programa Minas Consciente, que foi estendida, por decreto do governador Romeu Zema (Novo), até 11 de abril, segundo domingo do mês

Em sua live na quarta-feira (31), o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) até comemorou a queda na taxa de transmissão (RT) do vírus no município.

Segundo ele, a RT era de 1,27 no dia 8 de março, quando Itabira e demais municípios do Médio Piracicaba se anteciparam à onda roxa.

Caiu para 1,20 duas semanas depois e agora está em 1,16, mas tendo oscilado entre 0,82 e 1,70, a mais alta taxa alcançada, nos dias 23 a 29 de abril.

A queda da média da RT, na última semana, é sinal evidente que as medidas restritivas estão dando os primeiros resultados. Mas ainda está longe do ideal, que é ficar em menos de 1,0.

Com 1,16, para cada grupo de 100 pessoas infectadas, se não houver isolamento domiciliar de quem está infectado, outras 116 pessoas podem contrair o vírus em uma semana.

Mas para cair a RT é preciso aumentar ainda mais a taxa de isolamento social. Está em 40% em Itabira, quando o ideal é que permanecesse acima de 50% ou até mais alta.

Ocupação

Pacientes em estado grave, filiados ao Pasa/AMS, são transferidos para outros hospitais particulares

Em decorrência, mesmo com a abertura de novos leitos, a taxa de ocupação nas UTIs e de enfermarias nos hospitais da cidade está acima de 100%, com pacientes graves aguardando vagas no Pronto-Socorro Municipal.

Isso enquanto pacientes em estado grave com mais recursos são transferidos para outros grandes centros. Nos últimos dias não tem sido raro ver helicópteros aterrissar no campo de futebol, ao lado do Hospital Nossa Senhora das Dores.

Fazem a remoção de pacientes graves assistidos por planos de saúde, sobretudo do Pasa/AMS, para hospitais particulares onde ainda existem vagas de UTIs.

Segundo o boletim epidemiológico dessa quarta-feira, são 29 pacientes hospitalizados em Itabira e mais 17 em outras cidades.

“Vamos seguir na onda roxa até que esse quadro mude. Todos os hospitais estão colapsados. Tem gente de Itabira sendo transferido para o Rio e até para Salvador em busca de vagas nas UTIs”, contou o prefeito em sua live.

“Se as pessoas não ficarem em casa, o vírus vai continuar circulando e infectando mais gente”, roga o prefeito, que vê a cada dia mais jovens sendo contaminados e com o quadro de saúde agravado pela Covid-19.

Registros

Já são 193 óbitos em Itabira, sendo que nos últimos três dias morreram dez itabiranos por complicações decorrentes da doença.

O último boletim epidemiológico registra duas mortes de não idosos, sendo uma mulher de 51 anos com comorbidades e um rapaz de 44 anos sem doenças anteriores.

Sinal de que o vírus já não escolhe idade, principalmente com as novas variantes, mais infectantes e agressivas, com destaque para a P.1 vinda de Manaus.

Daí que o apelo insistente é para que fique em casa nos próximos dias. E nada de aglomerar para celebrar a Páscoa, ou mesmo em festas pagãs.

E nada de banhos e mergulhos em rios e cachoeiras no feriado da Semana Santa, que deve ser celebrada virtualmente.

Sem turismo

De nada adianta viajar para outras localidades, pois as barreiras sanitárias estarão por toda parte na Semana Santa.

Serra dos Alves, Ipoema, Itambé do Mato Dentro não querem receber turistas enquanto perdurar a onda roxa – e as restrições devem permanecer mesmo se houver “evolução” para a vermelha após o dia 11 de abril.

Outras cidades mineiras também pedem para o turista ficar em casa. Hotéis e pousadas estão proibidos de receber turistas. Somente os hóspedes que já estavam instalados poderão permanecer.

Avanço

Isso porque, se crise sanitária se agravou em março, as projeções apontam para um mês de abril ainda pior. A velocidade da propagação do vírus já se mostra mais virulenta em Minas Gerais.

Só neste 1º de abril morreram o dobro de pessoas em 24 horas, se comparado com a média diária registrada no mês passado.

Segundo dados do boletim diário da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em 24 foram registradas 396 mortes, exatamente o dobro da média diária de março, com 198 óbitos a cada 24 horas.

Os óbitos acumulados no estado saltaram de 24.332 para 24.728, sendo que o mês de março havia fechado com 6.130 mortes, à frente de fevereiro com 3.505 e janeiro com 2.262.

Infectados

Entre os infectados, muitos assintomáticos, a maioria é de homens jovens (Fonte: SMS/PMI)

Em Itabira, a situação segue preocupante, para não dizer aterrorizante para muitas famílias que assistem, impotentes, seus entes queridos internados em UTIs e nas enfermarias, quando não aguardam vagas no Pronto-Socorro Municipal.

Embora o número de óbitos seja predominantemente de pessoas com mais de 60 anos, o mesmo não ocorre em relação aos infectados.

De um total de 13.782 infectados em Itabira, a predominância está na faixa etária entre 20 e 59 anos. E são mais homens (8.049) do que mulheres (5.733). Elas, principalmente com a pandemia, são mais cuidadosas com a saúde.

Foram 320 novos casos de Covid-19 só nesta semana em relação à anterior. A maioria dos infectados não apresenta sintomas da doença.

É o que faz aumentar a velocidade da propagação, por essas pessoas, principalmente jovens, não ficarem em isolamento domiciliar.

Nessas condições, podem infectar quem está próximo, tanto em casa como no trabalho e nas ruas. Que venham logo vacinas suficientes para imunizar a todos, idosos e jovens.

E que cheguem mais profissionais de saúde a Itabira, dentre eles os estudantes do último ano de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas, de Belo Horizonte.

Segundo informa o prefeito, virão para atender pacientes com os primeiros sintomas de Covid-19 nos postos de saúde, aliviando a pressão por internações nos hospitais e no Pronto-Socorro Municipal.

No destaque, cachoeira do Funil, em Itambé do Mato Dentro, está fechada para turistas desde o início da pandemia, em março do ano passado (Foto: Carlos Cruz)

 

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