Mortes e mais mortes o tempo todo, mas Bantan vira jacaré
Por Cristina Silveira
Primeiramente a todas, todos e todis: como vocês estão?
Caso de família no Boteco Dois Irmãos, em combate na Guerra Roxa contra o Vírus da Maldade
Era sábado (13), de repente, lembrei-me de que não sabia se o Darcy “Bantan” Pedro da Silveira – o coroa, oitent’anos – estava vacinado. Liguei para Cássia Trindade, sobrinha e guardiã de sua fortuna numa caixinha de papel.
A Cássia, informa que ele vacinaria na segunda (15/3) e decidiu providenciar a logística desde logo. E ligou pra Pastelaria Dois Irmãos. O Geraldo, um dos dois irmãos, disse que Darcy já estava vacinado “por engano”.
É que ele havia levado o Darcy ao posto de vacinação no dia 12 de março, antes da data agendada. Desenganou! Mas deu tudo certo. O coroa foi vacinado, porque a vacina estava lá, na geladeira do SUS, esperando por ele.
Ninguém larga a mão de ninguém mesmo em tempo de pandemia
Não é de estranhar o cuidado do Geraldo e do Sálvio com o Bantan. A Pastelaria Dois Irmãos é a esquina permanente, o território livre do Darcy.
E, é tratado com dignidade pelos dois irmãos. Por isso, na Pastelaria Dois Irmãos, gozo do privilégio de beber um guaraná champanhe e pendurar na conta do Ti Darcy.
O Darcy é filho da mãe de meu pai. É uma pessoa especial para nós, sobrinhas (os). Ele preencheu a nossa memória com alegria, com movimentos novidadeiros e de bom exemplo.
Na família, ninguém tem a dizer mal dele, seja desonestidade com o dinheiro, falta de ética, desrespeito, ou, de que não tenha sido solidário com todas e todos.
Cá em mim, ele é um grande exemplo entre os sisudos Fonseca da Silveira. É o cara! Escolheu a possibilidade de liberdade, não temeu as rudezas da vida.
Rebelde, despiu-se da camisa social, da calça de preguinhas, do automóvel, de ser um “respeitável.” E se deu bem! O que importa de verdade, é que ti Darcy virou jacaré. Saúdo e louvo!
Quem tem medo de virar Jacaré?
Assisti o pronunciamento do prefeito Marco Antonio Lage orientando sobre a Onda Roxa.
O prefeito fala, presta contas, ouvi algumas vozes da Rua. Se apresenta como a autoridade máxima da Prefeitura.
Falou bem, foi incisivo, embora se possa sugerir mais dureza no discurso de combate na guerra titânica contra o Covid-19.
O prefeito não deve se intimidar com a sanha monetarista de hedonistas, eles não sabem o que fazem.
A sociedade brasileira precisa aprender a respeitar o líder político eleito. Itabira deve dar graças de ter um prefeito que não é negacionista.
Transmite confiança quando se alinha à Frente Nacional dos Prefeitos e Governadores, para a compra de vacinas. A união faz a força e a maior força é a do povo unido pra não ser vencido por imbecis.
Um brucutu na linha do prefeito
Durante o pronunciamento do prefeito, houve uma gritante e destoante participação de um internauta que enviou uma contra mensagem à fala do prefeito, ao lembrar à audiência do “tratamento preventivo”.
O que é isso senão um passo dado para minar o esforço do prefeito? Toma visão, em política aceita-se largamente a traição, mas repudia-se o traidor.
O genocida faminto
A pulsão de morte. A explosão da dor.
Quem mandou matar Marielle e Anderson?
Genocídio. O Gabinete do ódio no Planalto.
Genocídio. Manaus, o pulmão do mundo, sem oxigênio.
Genocídio. A tragédia da volta forçada às aulas.
Genocídio. A precarização criminosa do SUS.
Genocídio. Longas filas na porta dos hospitais. UTIs com 100% de ocupação em todos os estados.
Genocídio. A panela vazia na casa do pobre.
Genocídio. A máquina de matar preto-pobre, todo dia sobe o morro da favela.
Genocídio. A seringa do Zé Gotinha, símbolo do Plano Nacional de Imunização, virou “arminha”.
O genocida, ri, anda de jet sky, debocha do medo da gente.
O genocida é sexista. É vulgar. É sabotador.
O genocida não é cristão. É cloroquiner. É covarde.
O genocida mente e mente. Mitomaníaco. O Brasil não está quebrado. O Brasil tem 300 bilhões de dólares em reservas cambias. O Brasil tem ciência. Manguinhos e Butantã, juntos tem capacidade de produzir 2 milhões de vacinas/dia.
O Brasil é um uma ameaça global, risco para a saúde mundial.
Crueldade. O povo em festa. Jogo sujo!
Vacina Santos Dumont, uma utopia de Nicolelis para o povo brasileiro
Só um país insensível não presta atenção, não acata as recomendações postas pelo cientista brasileiro Miguel Nicolelis, no combate do coronavírus. O que é isso em nós, de rejeitar e desmerecer as coisas boas, as grandezas nacionais?
Os avisos públicos do doutor Nicolelis são de estarrecer as células cinzentas, anunciam 3 mil mortes por dia, colapso dos hospitais, dos cemitérios e sequelas crônicas, porque “o vírus ataca o corpo inteiro”.
“Um genocida em cada fotograma da vida”, Sílvio Tendler
O cineasta Sílvio Tendler, trabalhador incansável, inquieto, cria “o cinema possível” com a “estética do isolamento”.
finalizando três novos filmes a favor do estado de bem-estar social: Saúde de cura, uma biografia do SUS em parceria com o médico sanitarista, Sérgio Arouca; A bolsa ou a vida, sobre a voracidade do mercado; e um terceiro, conta a história do sindicalismo.
“O Brasil virou uma câmara de gás a céu aberto”
O Tendler não para por aí. Em 72 horas fez voar mundo a fora a carta aberta à humanidade, com o manifesto Vida Acima de Tudo, assinado por 113 mil brasileiras (os) e pelos amigos do Brasil lá de fora.
O manifesto, Vida Acima de Tudo, denuncia o massacre contra a humanidade, o genocídio brasileiro. E logo depois veio o anúncio da inocência do ex-presidente Lula da Silva. A fala do Lula sacudiu o mundo, a voz rouca reverberou em cada um de nós, um alento para a resistência.
Sílvio Tendler, criou o selo Estados Gerais da Cultura, disponível no Yutube, iniciativa em conjunto com companheiros rumo a utopia.
“O nosso lema: com arte, ciência e paciência mudaremos o mundo. É um projeto de um outro mundo. Nós propomos que no lugar de Escola Superior de Guerra, tenhamos a Escola Superior de Paz. Em vez de Forças Armadas a gente propõe a existência de Forças Amadas, que defendam os interesses do povo. Propomos, em vez de medir o desenvolvimento nacional pelo Produto Interno Bruto pelo Índice de Qualidade do Povo,– água encanada, esgoto, casas confortáveis e airadas, escola, saúde, cultura de qualidade. É isso que vai definir o desenvolvimento de um país, se per capita são mil dólares, um ganha 18 milhões de reais numa operação e o outro está lutando por 250 reais. Isso não mede nada, isso é uma mentira”.
O valoroso brasileiro Leonel Brizola, quando governava o Rio, reclamava: está há um mês entre nós e até agora não me deu uma única ideia. Inspirada em Brizola vou dar ideia ao prefeito de Itabira: convoque os estudantes das universidades para acompanhar, registrar, filmar o tempo pandêmico em Itabira. Um documentário importante sobre essa doença terrível que veio pra ficar.
Ainda podemos lembrar trecho do discurso do itabirano Daniel de Carvalho, deputado federal pelo PRM nas eleições de 1934, ao convocar o eleitorado a “Derreter as cadeias do cativeiro com o fogo de seu civismo”.
Viu, o Lula voltou! Use máscara. Lave as mãos. Fique em casa!
Estou bem. E você, Cristina?
Cristina, seus textos são muito bem escritos: consisos, estruturados, fruto de pesquisas e reflexões. Enobrecem o ‘Vila de Utopia’. Parabéns!
Putz! um elogio do Nandin é muita coisa… o grande fotógrafo que ofereceu mocidade de Itabira belezas raras enquadradas na paisagem destruída pela mineração. É imagem fixa na minha memória Rejeito ao Luar….. Beijoca Nandin
Olá Moisés, eu estou bem também. Beijoca, querido!
Boa notícia, o amigo Darcy Silveira vacinado e pelo nosso SUS.
Deu certo. Corre l risco de amanhecer o dia e eu morta, sozinha na cama. Mortinha, aí que peninha de mim…