Moradores do Bela Vista continuam aguardando solução definitiva para saneamento no Pontal
Não foi ainda dessa vez, na última reunião do Codema deste ano, realizada na quinta-feira (7/12), que a líder comunitária Maria Aparecida Alves Coelho, vice-presidente da Associação dos Moradores do Bairro Bela Vista, recebeu a boa notícia de que, finalmente, o problema da falta de saneamento que afeta os moradores do bairro Bela Vista, vizinhos da barragem do Pontal, será definitivamente resolvido.
“É um problema que enfrentamos há mais de 30 anos. A Vale joga a culpa na rede de esgoto do Saae que passa em seu terreno, que por sua vez culpa a mineradora. E todos culpam alguns moradores que lançam o esgoto de suas residências na rede de drenagem”, conta a líder comunitária. Há também construções clandestinas no local, com invasões na área da Vale.
“É um jogo de empurra sem fim”, diz ela, que se mantém cética diante da promessa de que o problema será resolvido de acordo com um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) acertado entre a Prefeitura, Vale e Saae com o Ministério Público. “Outros acordos já foram feitos, mas infelizmente não foram cumpridos”, acentua.
De acordo com a líder comunitária o problema persiste e se agrava. É que neste período chuvoso é comum o rejeito de minério ser carreado e entupir a caixa de esgoto do Saae instalada na área da Vale, na barragem do Pontal, provocando retorno do efluente para muitas residências. Além disso, por falta de uma drenagem pluvial na rua Joaquim Valadares, a água da chuva fica empossada e acaba também invadindo residências.
Para o secretário municipal de Obras, Ronaldo Lott Pires, que esteve na reunião do Codema para explicar as providências que estão sendo tomadas, várias medidas paliativas já estão sendo implementadas para amenizar os impactos na vida dos moradores. Outras serão executadas nos meses de janeiro e fevereiro.
Entre as medidas estão a construção de uma “boca de lobo” para drenar a água empossada na rua Joaquim Valadares pela Prefeitura. E o Saae irá fazer limpeza periódica do sistema de drenagem e das redes de esgoto que são entupidas por rejeito de minério.
“O rejeito que entope a caixa de esgoto e o sistema de drenagem não vem da barragem”, assegura Ronaldo Lott,. Ele diz que são partículas em suspensão que acumulam nos telhados das residências – e que no período de chuvas descem pelas calhas e são carreadas para esses locais dentro da área da Vale. Com isso, explica, o sistema de drenagem não funciona adequadamente. “A saída, nesse caso, é fazer uma limpeza a cada três meses”, sugere como paliativo.
Lagoa do Coqueirinho
O secretário, entretanto, diz que a solução definitiva para o problema é fazer o esgotamento da lagoa do Coqueirinho, que fica em terreno da Vale, na barragem do Pontal. Para ele, o problema foi agravado depois que a mineradora construiu um dique na região, o que provocou um movimento muito grande de terra, deixando a drenagem acima de algumas residências.
“Já foi acordado com a Vale o esgotamento da lagoa Coqueirinho, que é um entrave para resolver em definitivo o problema. O projeto deve ser apresentado no início do ano, com a água sendo lançada em uma galeria do Saae existente na proximidade”, informa Ronaldo Lott.
Esse compromisso, segundo ele, consta do termo de ajustamento de conduta apresentado ao Ministério Público. “No TAC estão relacionadas as medidas de curto, médio e longo prazo, com as respectivas responsabilidades da Vale, Saae e Prefeitura.”
Ainda para amenizar o problema, o secretário informa que até que se faça o esgotamento dessa lagoa, a Vale se comprometeu a instalar uma bomba d’água para funcionar 24 horas por dia, mantendo assim o nível da água em um metro abaixo do trecho à montante do bairro Nova Vista.
A Vale também fez a limpeza e ampliou o leito do córrego que passa no local, aumentando a sua vazão, para que a água não extrapole o seu leito e invada as residências vizinhas.
A assessoria de imprensa da mineradora confirma que a questão está sendo tratada com o Saae e a Secretaria Municipal de Obras. “A empresa tem realizado todas as tarefas que assumiu. Os detalhamentos devem ser apresentados à comunidade em reunião futura do Codema”.
Ceticismo
Ainda duvidando da eficácia das medidas anunciadas, a líder comunitária Maria Aparecida diz que continua querendo ver para crer. “Sou como São Tomé”. Não é para menos. Afinal, ela tem todo o direito de desconfiar das medidas, uma vez que são mais de 30 anos que com os seus vizinhos aguardam pela equação do problema.
Na hipótese de não haver solução definitiva, ela sugere que Prefeitura desaproprie ou que a Vale compre as residências mais próximas da barragem – e que são as mais afetadas. “O que não dá é para essa situação continuar. Além dos incômodos que provoca, coloca em risco a saúde e a segurança dos moradores.”
E a secretária de meio ambiente de Itabira que sai insanamente cortando árvores pela cidade nunca se pronuncia?