Moradores atingidos por obras de descaracterização do Pontal são eleitos delegados em conferência ambiental, em Itabira
Sérgio Abranches, escritor, jornalista e cientista social, abre evento climático
Foto: Carlos Cruz
2ª Conferência Municipal de Meio Ambiente e Clima aconteceu no Parque Natural Municipal do Intelecto
Moradores atingidos pelas obras de descaracterização da barragem do Pontal participaram da 2ª Conferência Municipal de Meio Ambiente e Clima, que aconteceu nessa segunda-feira (9), no Parque Natural Municipal do Intelecto, em Itabira, MG.
Entre os participantes estavam Marly Patrocínio e Giéser Coelho, representando os moradores do bairro Bela Vista, e o coordenador técnico de campo da Assessoria Técnica Independente da Fundação Israel Pinheiro (ATI/FIP), Lucas Mageste.
Marly Patrocínio e Giéser Coelho foram eleitos delegada e suplente, respectivamente, pela cota da sociedade civil.
A eleição é de grande importância, pois permitirá que eles levem à conferência estadual as graves violações de direitos que estão ocorrendo nas obras no Pontal, incluindo a remoção de moradores, em número ainda desconhecido.
“É importante que os moradores afetados pelas obras de descaracterização possam levar um panorama do que está acontecendo no território para outras esferas”, destacou Lucas Mageste.
Ele ressaltou a participação na conferência como resultado positivo do trabalho realizado com moradores dos bairros Bela Vista, Nova Vista, Nossa Senhora das Oliveiras e Praia.
Os grupos de discussão debateram estratégias e ações para minimizar os impactos das atividades humanas no clima, medidas para gestão de desastres climáticos, e o fortalecimento das políticas públicas e promoção de uma consciência ambiental mais ampla e participativa.
Presenças e ausência
A 2ª Conferência Municipal de Meio Ambiente e Clima foi organizada pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) com o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Reuniu autoridades municipais, órgãos governamentais, representantes de entidades da sociedade civil, institutos e ONGs.
A abertura do evento contou com a presença do prefeito Marco Antônio Lage (PSB) e do palestrante Sérgio Abranches, escritor, jornalista e cientista social, convidado especialmente para abrir o a conferência municipal.
“Eu vou dizer o que todo mundo sabe: não existe mineração sustentável”, declarou Sérgio Abranches, ao ser perguntado sobre a escassez hídrica em Itabira, causada pelas excessivas outorgas da Vale em detrimento do consumo na cidade.
“A mineração precisa ter consciência e agir diretamente para reduzir os impactos, assim como a sociedade civil precisa exigir medidas mitigadoras e uma regulação mais rígida para a atividade minerária”, defendeu Abranches. “Não podemos ver repetir os crimes das mineradoras em Mariana e Brumadinho”, alertou.
Marco Antônio Lage lamentou a ausência de representantes da mineradora Vale.
“É uma pena, temos muito a debater e resolver juntos, não como em uma guerra, mas com debate e transparência. Vivemos em uma cidade minerada há quase 100 anos, e ainda continuamos dependentes da atividade. É esse quadro que precisamos mudar”, registrou o prefeito nos anais da conferência municipal.
