Mineração: a usurpação permanente
Foto: Revista Motor, dez.-jan. 1951 Pesquisa: Cristina Silveira
1954 – A Companhia Vale do Rio Doce S/A.
A Companhia Vale do Rio Doce S/A., apresentou em 1953, resultados auspiciosos, demonstrando a segurança de sua direção e a inteligência com que foram geridos os seus negócios. Entre os trabalhos de maior vulto ali realizados, destacam-se como de grande repercussão na economia da vasta zona do Rio Doce, os melhoramentos introduzidos nos serviços de sua ferrovia, meio principal de que se serve todo um imenso núcleo das populações dos Estados de Minas Gerais e Espirito Santo.
Foram postas em trafego nove locomotivas diesel-elétricas e uma locomotiva hidráulica, aumenta, aumentando o índice dos transportes de mercadorias. Quanto aos passageiros, também não descurou, providenciando para que a E.F. Vitória a Minas, de sua propriedade, conte com carros metálicos moderníssimos, que trafegarão em breve. E a terminação do empedramento da linha completou o esforço do soerguimento da ferrovia.
As atividades principais da Companhia são as de extração, transporte e exportação do minério de ferro, das minas em Itabira. Também nessa parte, pode a Companhia apresentar resultados surpreendentes. Na assistência social, é grande o trabalho feito:
Conta a Companhia com um número superior a 6.600 empregados e atendeu aos seus servidores, destacando-se as seguintes realizações:
– Concessão, em junho, de uma gratificação correspondente a meio mês de vencimentos; e outra igual em dezembro;
– Renovação do Seguro de Vida Coletivo, para todo o pessoal;
– Manutenção do seguro contra acidente no trabalho;
– Natal do Filho do Ferroviário da EF Vitória a Minas e Natal do Filho do Operário das Minas;
– Prosseguimento do plano de proporcionar aos empregados moradia adequada;
– Contribuição de Cr$480.000,00 para a Sociedade Beneficente dos Funcionários da Vale do Rio Doce, uma organização que vem justificando as suas elevadas finalidades;
– Auxílio material e financeiro a organizações sociais e esportivas constituídas por servidores da Companhia;
– Manutenção da licença-prêmio de 3 meses aos funcionários que concluíram 10 anos de serviço;
– Promoções normais, de acordo com o que estabelece o Regulamento Interno da Companhia;
– Construção de 60 casas para empregados na Estrada e 40 para os das Minas, em Itabira;
– Construção em Governador Valadares, de um grande edifício destinado a servir de dormitório para os empregados da EF Vitória a Minas, em trânsito naquela cidade. Esse dormitório, que tem todos os requisitos de conforto e higiene, já possui, inicialmente, 120 leitos. Também foram instalados 14 dormitórios de madeira, para auxiliares noturnos, ao longo das linhas da Estrada;
– A Companhia ainda reestruturou o quadro geral dos seus funcionários, beneficiando todas as carreiras, pois abriu padrões novos em todos os setores. Com os benefícios permanentes concedidos, quanto ao salário-família, adicional “pro-tempore” e um abono já incorporados aos vencimentos, pode atender a todas as reivindicações do seu operariado.
Assim, no seu setor, conseguiu ela por em prática a proteção ao trabalhador, que é uma das normas da orientação governamental do eminente chefe da Nação. Embora todos esses benefícios importassem em um aumento de despesa de Cr$ 60.000,000,00, por ano, a Companhia julgou-se obrigada a atender às aspirações justas daqueles que tanto a auxiliam no desempenho das suas finalidades.
A prova mais significativa de que ela soube ouvir os reclamos merecedores de atendimento está na satisfação demonstrada à direção da mesma pelos representantes do operariado. [Revista da Semana, 5/6/1954. BN-Rio]
1954 – Minério de ferro, produtor de divisas
Minério de ferro, produtor de divisas, uma entrevista com o presidente da CVRD, Sá Lessa, durante o Fórum Econômico, promovido pela Televisão Record-SP em 1954.
Nos 12 anos de sua existência, a Companhia Vale do Rio Doce já rendeu para o país mais de 75 milhões de dólares. No ano de 1953 o minério de ferro ocupou o 1º. lugar em tonelagem na exportação e o 6º. Lugar em cruzeiros.
Minério exportado e valor em dólar: 1951 (12,620,312.58); 1952 (23,557,764.64); 1953 (23,645,300.55).
Esses dólares são entregues ao governo. Logo em seguida, são restituídos à Cia Vale do Rio Doce, em cruzeiros, os quais são integralmente aplicados em grandes benefícios que recaem sobre a vasta e bela região que se estende de Itabira, Minas Gerais, até Vitória, no Espirito Santo.
Importâncias correspondentes em cruzeiros: 1951 (231.961.349,30); 1952 (445.465.662.70); 1953 (514.297.836,50)| [Revista da Semana (RJ), 23/8/1954. BN-Rio]
1955 – CVRD como importante fonte de divisas
A Companhia Vale do Rio Doce como importante fonte de divisas
A Companhia Vale do Rio Doce S/A., criada em 1942 em consequência dos Acordos de Washington, lutou, nos seus primeiros anos de existência, oriundos de dificuldades as mais variadas.
Recebendo como acervo as antigas e famosas minas de Itabira, ali encontrou um processo obsoleto de exploração do minério de ferro, incapaz de atender ao seu programa intensivo de exportação.
A Estrada de Ferro Vitória a Minas – único meio de transporte capaz de fazer chegar o minério de ferro até o porto de embarque – não oferecia a menor possibilidade de suportar um tráfego regular.
Com material rodante desgastado por muitos anos de uso, com um leito sem qualquer preparo e com trilhos velhos, além de um traçado defeituoso, a velha estrada ia seguindo o seu triste destino.
A móvel Companhia teve, então, que enfrentar o complexo e dispendioso problema de instalação moderna de suas minas e da remodelação completa da estrada de ferro. E enfrentou-o de forma corajosa, tenaz e inteligente. Ao fim de uma década, já podia apresentar um departamento de operações com todos os modernos recursos técnicos nas suas minas de Itabira, bem como uma estrada de ferro que está hoje incluída entre as melhores do país e uma das raríssimas que vivem em regime de saldo.
Consequentemente, a exportação do famoso minério de ferro de Itabira, que em 1942 foi de apenas 34.849 toneladas, com uma receita de 189 mil dólares, subiu, ao fim de 10 anos, para 1.507.013 toneladas, com uma receita de 23,5 milhões de dólares, resultados apresentados em seu relatório de 1952.
No ano de 1954, a exportação da Vale do Rio Doce alcançou a 1.562.190 toneladas, número recorde em sua existência. As exportações de minério de ferro de Itabira constituem poderosa fonte de receita para o Brasil, tendo proporcionado, nos últimos quatro anos, cerca de 80 milhões de dólares.
O minério de ferro que, saindo das riquíssimas minas de Itabira, demanda o porto especial construído em Vitória, transporta nos trens da E.F. Vitória a Minas, vai alimentar os fornos de aço das grandes usinas norte-americanas, canadense e europeias, conquistando cada dia novos mercados, em virtude das suas qualidades químicas excepcionais.
A CVRD já vendeu para exportação no corrente ano cerca de 2.300.000 toneladas e espera aumentar anualmente o montante de suas vendas, até alcançar uma tonelagem de acordo com sua capacidade e com os vultosos capitais que vem invertendo em suas instalações. [Revista da Semana (RJ), 14/5/1955. BN-Rio]
1957 – A mendicidade da Prefeitura de Itabira
Melhoramentos para Itabira, cidade do ferro. A Câmara Municipal de Itabira, secundada pelos representantes daquela cidade ao IV Congresso Nacional dos Municípios, apresentou à Companhia Vale do Rio Doce uma lista de melhoramentos reivindicados pelo povo itabirano, os quais pretendem sejam custeados pelo Fundo de Melhoramentos e Desenvolvimento da Zona do Rio Doce.
O projeto de Resolução da Câmara Municipal de Itabira relacionou os seguintes melhoramentos, como sendo os de mais prememcia para a cidade:
1 Reforma geral da rede de energia;
2 Reforma geral da pavimentação de ruas, praças e logradouros públicos;
3 Construção de Matadouro e Mercado Municipal.
Além desses serviços, deseja a população de Itabira que a Vale do Rio Doce coopere nos estudos e providências para organização de um sistema regular de transportes para a cidade. A diretoria da Companhia, sempre disposta a ir ao encontro dos justos anseios da população de Itabira, prontificou-se a estudar a concessão daqueles melhoramentos, já tendo mesmo determinado o início das providências para a confecção dos necessários projetos e orçamentos, que serão submetidos à autorização final das autoridades competentes.
A Companhia já está custeando o Serviço de Abastecimento e Tratamento D’água para Itabira e já solicitou o projeto e orçamento para um sistema de esgotos. A diretoria da Vale do Rio Doce, ao receber a delegação de Itabira ao IV Congresso Nacional de Municípios, registrou com prazer o clima de compreensão e simpatia existente entre as autoridades e órgãos representativos daquele Município e a direção da empresa. [Revista da Semana, RJ, 11/5/1957. BN-Rio]
1957 Hélio Fernandes apresenta, fatos e rumores
Grupos americanos estão interessados na Acesita e na Vale do Rio Doce. Se o governo resolver vender uma das duas (ou ambas) haverá muita agitação. Grupos militares extremadamente nacionalistas estão sendo trabalhados para torpedear a operação. [Revista da Semana (RJ), 11/5/1957. BN-Rio]
A mineradora só não termina com o trem de passageiros da EFVM porque no termo de concessão pública determina que o transporte é:
-primeiro de PASSAGEIROS; e
-somente depois vem para transportes de cargas.