Michelle Bolsonaro aprende com o vice-prefeito de Itabira e vê demônios por toda parte
Foto: Reprodução/ TV Globo
Jair Bolsonaro e a primeira dama Michelle em campanha pela reeleição em culto na igreja Batista, da Lagoinha, em Belo Horizonte, na manhã deste domingo (7)
Dizem que foi com Edir Macedo, chefe da igreja Universal do Reino de Deus, denominação neopentecostal fundada em 1977, que a primeira-dama do país Michelle Bolsonaro aprendeu a ver e a exorcizar demônios, investindo contra as religiões de matriz africana, como a umbanda.
Em 1977, Macedo lançou livro promovendo ofensas a essas religiões, tratando-as como seitas demoníacas. Michelle, como uma autêntica fundamentalista neopentecostal, segue os seus passos – e do pastor vice-prefeito Marco Antônio Gomes (PL), que afirmou, em áudio compartilhado na rede de relacionamento de pastores itabiranos, que a Prefeitura de Itabira está cheia de demônios que precisam ser exorcizados.
Foi quando ele se manifestou contrário ao projeto do prefeito Marco Antônio Lage (PSB) que propõe instituir o Conselho Municipal LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e mais).
“Na Prefeitura de Itabira não dá para enumerar o número de demônios. E eu sou atingido não só no meio pastoral, mas também na igreja, em casa, no trabalho”, disse ele.
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Marco Antônio Gomes, vice-prefeito de Itabira, vê demônios por toda parte
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Depois disso, na certa por temor aos demônios, sabe-se lá de onde eles vêm e por onde andam, que os vereadores itabiranos deixaram de pautar a matéria, que permanece esquecida nos escaninhos da Câmara, que é para não dar chance de o “coisa ruim” começar a reinar também nas dependências do legislativo itabirano, com tantos projetos sérios para deliberar, como distribuição de honras ao mérito, diplomas de cidadania honorária.
Sendo assim, melhor não se preocupar com políticas públicas em defesa dos direitos desse segmento social que sofre com violências por questões de gênero e orientação sexual no município.
Se o vice-prefeito conseguiu exorcizar os demônios infiltrados na prefeitura de Itabira, não se sabe. O que se sabe agora é que Michelle Bolsonaro está seguindo os seus passos e ela também vê demônios no Palácio do Planalto que estão a perturbar a vida de seu marido, o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição em nome de Deus e sabe-se lá de quem mais, com os seus apoios inconfessáveis.
“Aquele lugar (o Palácio do Planalto) foi um lugar consagrado a demônios, na cozinha consagrada ao demônio, e hoje é consagrado a Deus”, disse ela, em campanha pela reeleição do marido, em culto no domingo (7), na igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte. É o apelo ao medo, às trevas para manter a ignorância neopentecostal que ainda reina entre parte dos evangélicos.
Dando a continuidade à investida contra os demônios, nessa terça-feira (9), Michelle Bolsonaro compartilhou um vídeo postado pela vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos), bolsonarista de São Paulo, dizendo que o ex-presidente Lula (PT), principal adversário na corrida presidencial a infernizar a vida de seu marido, teria participado de um ritual de umbanda, na Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador.
Trata-se, na verdade, de um ritual da Irmandade da Boa Morte, considerada o mais legítimo sincretismo entre o catolicismo e o candomblé, que o ex-presidente respeita, ao contrário de Bolsonaro e de sua Michelle.
Pois foi assim, com o seu costumeiro maniqueísmo, que a primeira-dama palaciana relacionou o ritual às trevas, afirmando: “Isso pode, né! Já eu falar de Deus, não”. Logo depois, ela apagou a postagem.
Mas já era tarde, o preconceito religioso já havia sido disseminado, cumprindo-se o seu objetivo de propagar o medo medieval entre os cristãos neopentecostais, que representam cerca de 20% do eleitorado brasileiro.
A primeira-dama dissemina assim o temor ao “coisa ruim”, que seria encarnado no candidato petista e entre os seus correligionários esquerdistas.
Desse modo, demônios se transformam nos novos factoides da campanha bolsonarista, e que estariam presentes nos cultos de matriz africana, mesmo sabendo que intolerância religiosa – e a homofobia, como no caso do ex-prefeito de Itabira, é crime.
Mas eles não se importam. Inventar demônios, quer seja na Prefeitura e ou dizendo que eles residiam no Palácio do Planalto, levados pelos antecessores de seu marido, faz parte da liturgia obscurantista medieval ainda presente na política brasileira – e em Itabira.
Vade retro nas urnas de 2 de outubro.
Assim como o demônio instalado na cabeça do tal vice de Itabira, a Milcheque esta é fazendo arruaça eleitoral. Conheço pessoas de varias religiões e somente os imbecis evangelicos exaltam o demônio. O discurso é pessimo, vazio, sem contar que expressa mal, como qualquer analfa politico. São os lixos sociais…. que embarque na canoa do demônio que eles tanto divilgam. Que ardam na fogueira danta do cramunhao…
É impressionante (e chega a ser até engraçado) perceber que os vazios emocionais que muitas pessoas tentam preencher nessas igrejas são, na verdade, preenchidos pelo medo e não pelo amor. Ou seja, o demônio as domina e não Deus. Outra contradição é o julgamento (considerado pecado por eles mesmos) que fazem do outro. O “amar ao próximo como a ti mesmo” não se aplica se você for livre para escolher sua orientação espiritual, sexual, política… a mesma Bíblia lida com filtros manipuladores diferentes. Se Deus é amor, por que tanto ódio?