Mesmo sem sofrer com tragédias que não são naturais, Itabira tem dez famílias desalojadas, informa a Defesa Civil

Foto: Carlos Cruz

Protegida pela serra do Esmeril, hoje descaracterizada paisagisticamente pela mineração, o que fez Itabira perder várias nascentes, e sem ter um rio mais caudaloso, historicamente a cidade não convive com tragédias em decorrência dos cursos d’água que transbordam, inundando o que foi ocupado indevidamente em suas margens.

Mas se não tem esse risco que atormenta e aterroriza muitas populações ribeirinhas, Itabira tem os canais que também limitam o livre espraiamento das águas do córrego da Penha e do rio de Peixe, que vem de antes da barragem homônima – e também de Itabiruçu, a segunda maior estrutura de contenção de rejeitos entre as existentes no entorno da cidade.

Em decorrência desse cerceamento, o canal do bairro Gabiroba, que recebe o rio de Peixe, tem transbordado nos dias de grandes tempestades, assustando moradores e quem passa por lá.  Sofre o rio também com assoreamentos, formando a terceira margem, outro agravo ao seu percurso natural.

O córrego da Penha, mesmo sendo menos caudaloso, passa por situação semelhante, transbordando em diversos pontos depois de não poder mais espraiar as suas águas como acontecia antigamente.

Ainda que seja assustador como todo transbordamento, os cursos d’água ainda existentes na cidade não têm causado tragédias humanas e ambientais como as tragicamente observadas em diversas regiões de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro.

Mesmo sendo decorrentes dos rios voadores vindos da Amazônia, que formam um corredor de umidade até o sul do Atlântico, a chamada Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), comum nesta época do ano, mesmo que dessa vez com mais força, essas tragédias não podem ser consideradas naturais, conforme já foi amplamente comprovado.

O risco maior em Itabira são os deslizamentos de encostas (foto: Ascom/PMI)

Balanço

Todo esse “nariz de cera” acima é para informar que, mesmo sem sofrer com tragédias causadas pelas ações antrópicas que cerceiam rios, córregos e riachos, impedindo o seu livre correr para o mar, a Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compedec) de Itabira fez 61 atendimentos na cidade de Itabira entre os dias 6 e 10 deste mês.

A maioria dos atendimentos foi por alagamentos, deslizamentos de encostas, queda de muros e vistorias em imóveis.

No balanço até aqui, dez famílias foram retiradas de suas residências por haver risco de desabamento.

Além dessas, três não aceitaram sair de suas casas, assumindo os riscos, informa a coordenadora do Compedec, Nilma Maria Macieira de Castro.

Segundo ela, os desabrigados estão sendo atendidos pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS): uma família permanece em alojamento, outra foi acolhida em casa de parentes, e cinco foram encaminhadas ao programa Aluguel Social.

“Isso corresponde a menos de dez por cento dos atendimentos realizados no período de chuvas intensas em janeiro”, é outro balanço que faz a coordenadora da Defesa Civil no município.

As equipes da Defesa Civil permanecem mobilizadas, fazendo vistorias preventivas, com o monitoramento dos bairros, principalmente naqueles que têm históricos de maiores riscos, pela topografia e ocupação desordenada em locais impróprios.

Conforme observa a coordenadora Nilma Castro, para a efetiva ação preventiva é de grande importância a participação da população. Ela pede que todos fiquem atentos para o surgimento de trincas nos imóveis, assim como para as modificações na área em seu entorno, desnível do solo ou má condução da água pluvial.

“Muitos proprietários direcionam a calha para o barranco ou diretamente para o muro. O certo é dispor de caixa coletora e direcionar a água pluvial para a rua”, é a orientação que que faz a coordenadora da Defesa Civil. “Como está chovendo muito e o solo já está saturado, a terra vai pesar e a tendência é desmoronar”, alerta.

Chuvas intensas

Estruturas urbanas em regiões íngremes são também vistoriadas (Foto: Ascom/PMI)

Segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), o dia mais chuvoso em Itabira foi a quarta-feira (9), quando se registrou 96,8 milímetros.

Isso significa que choveu torrencialmente na cidade, dando uma média de 96,8 litros de água da chuva caindo em um metro quadrado.

É chuva que não acaba mais, e assim deve permanecer sem o regular intervalo, até que São Pedro feche as torneiras em março com as chuvas de verão.

Serviço

Em caso de risco, os moradores devem sair do imóvel e acionar o Compdec (3839-2147) ou o Corpo de Bombeiros (38317467 e 38354520).

Para receber informações sobre condições climáticas e alertas da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), acesse pelo SMS o número 40199, informando o CEP da rua onde mora. A mensagem é gratuita.

 

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