Mata sem intelecto é insegura e no abandono atrai poucos visitantes
Mauro Andrade Moura
Para um passeio domingueiro, uma dica é fazer uma caminhada pela manhã na Mata do Intelecto. Fica perto do centro, de fácil acesso, ainda dá para respirar um ar puro por lá.
A trilha está bem demarcada, sendo a maior parte com trechos em bloquetes de concreto. Apesar de ser um passeio agradável, o visitante mais atento irá deparar com algumas situações esdrúxulas, para dizer o mínimo, encontradas por lá, principalmente por se tratar de uma área de preservação permanente do meio ambiente.
Passo a relacionar algumas dessas situações a seguir. Já mais ao alto do parque temos um calçamento todo em concreto, um estorvo dentro de uma área ambiental. O concreto sela o chão e não permite que a água penetre no solo.
O visitante mais atento irá observar a bizarrice que são algumas pequenas pontes feitas também em concreto. Tudo isso destoa da natureza do lugar, uma intervenção indevida e de péssimo gosto.
Lixeiras há, mas são poucas por sinal. Mesmo assim, algumas pessoas que caminham por lá têm a capacidade de jogar papéis, sacos e sacolas pela mata.
Além da falta de consciência e de educação ambiental, o parque sofre as consequências de uma manutenção precária por parte de quem administra o parque. O que se observa é que chefe de meio ambiente e desenvolvimento urbano, que gosta de dar ordens, não ordena o recolhimento do lixo nas lixeiras. E muito menos promove uma campanha de cuidados com a Mata do Intelecto.
Ora, se a prefeitura gasta tanto com publicidade para defender o governo e achincalhar com os adversários políticos, por que não promove uma campanha educativa sobre a importância do parque e os cuidados que os visitantes devem ter para a sua segurança e também para preservar o meio ambiente?
Ainda na questão da consciência ambiental, percebe-se ainda a falta que faz a presença de guardas parque. O seu papel, se a função existisse, não seria só de vigilância, mas também o de informar os visitantes sobre os aspectos da fauna e flora.
Informaria, por exemplo, sobre quais são as espécies predominantes, assim como ajudaria a manter os devidos cuidados com a vegetação, que é praticamente a última restante do bioma Mata Atlântica na área urbana da cidade. Por meio de visitas guiadas, guardas parques bem treinados podem transferir conhecimentos sobre a natureza aos visitantes.
Sede administrativa
O pior a ser observado encontra-se bem no centro do parque, onde funciona a sede administrativa da extinta Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que virou um apêndice da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano.
Trata-se de um projeto arquitetônico falho, ineficaz e de visão limitada aos paradigmas do século XXI e da necessidade da preservação da natureza em si. Devia servir como exemplo de prédio sustentável, que promovesse um menor consumo de energia elétrica e de água tratada e potável.
Mas nada disso ocorre por lá, por miopia de quem projetou o prédio, e também, principalmente, de quem financiou o projeto, resultado de uma das condicionantes da Licencia de Operação Corretiva (LOC) que a Vale deu como cumpridas, mas que ficaram pela metade, com a conivência e complacência dos políticos locais e dos órgãos ambientais.
A sede administrativa não possui uma única placa de captação de luz solar para geração de energia elétrica. Todo o fornecimento de energia vem da rede da distribuidora. Além disso, os postes também não têm placas de captação da luz solar para a própria iluminação dos caminhos.
Com grande área de cobertura, o telhado da sede do parque não possui uma única calha d´água para a devida coleta e aproveitamento da água de chuva. Pode ser que o conceito construtivo para este parque ambiental é o de que toda a água que cai do céu deva escorrer naturalmente pelo canal construído. Mesmo assim continuam gastando energia elétrica para o bombeamento da água que consomem por lá.
Não bastasse tudo isto e mais um pouco, a vegetação ali é limitada. Não representa bem uma Mata Atlântica, verificando-se a introdução de algumas espécies exóticas, principalmente capim braquiária e eucaliptos. Flores naturais quase não há, com exceção de algumas poucas bromélias.
A exemplo do falho projeto arquitetônico da sede, podemos perceber que praticamente não existiu um projeto paisagístico. E, se houve, mostra ser mais ineficiente ainda que o arquitetônico.
Isso é bem demonstrado com a existência de quase nenhuma espécie de árvores frutíferas a servir de alimento para a fauna. Por conta disso, quase não se percebe a presença de animais e de aves dentro da Mata sem intelecto. Tudo isso por conta da visão estreita e do pouco caso dos administradores.
E por fim, para o futuro não muito distante, seria o caso de começar a substituir a frota de veículos da ex-Secretaria Municipal de Meio Ambiente, movida a combustível fóssil, por unidades com motores elétricos e híbridos, com células de hidrogênio. Em São Paulo, a prefeitura devolve a metade do IPVA pago para esse tipo de veículo, que está excluído do rodízio municipal de tráfego no centro da cidade.
O parque deve não só ser sustentável, mas também exemplo prático de gestão ambiental correta. Infelizmente, hoje e no passado, não é o que se observa por lá.
Pois é excelência, o discurso em cima da carroceria de caminhão é puro, digno. “Meus eleitores, vou tomar as medidas necessárias para que o Meio Ambiente não fique só no Meio, que fique TODO”.
E esse discurso quando traduzido na prática resulta isso ai que você acaba de nos brindar.
Pobre País, Pobre Estado, Pobre Municipio que tem tudo pra ser um ícone de gestão ambiental, de saúde, de educação e segurança, mas o que se vê é o DESCASO!
Fábio Carvalho
Prezado Fabinho.
Os nosso políticos aprendem logo a ser uns falastrões, indistintamente, e o resultado é tudo isto de mal que vemos pela nossa querida Itabira, nossa Minas Gerais e nosso perdido Brasil.
Grato,
Mauro
O Potencial Turístico de Itabira é invejável.
Como muito bem narrado neste texto, a MATA DO INTELECTO, está, realmente, completamente abandonada.
Não há um trabalho de manutenção preventiva e corretiva dos danos causados por vândalos e mesmo por deterioração natural por desgaste com o tempo.
Como complemento e extensão da MATA DO INTELECTO, temos a CONHA ACÚSTICA, o PICO DO AMOR, o MEMORIAL DRUMMOND abandonado e tudo em frangalhos.
O Mirante da Pousada dos Pinheiros, outro ponto ao desdém.
O Poço da Água Santa, uma fonte termal natural a ser explorada.
As Cachoeiras das Zonas Rurais.
A Usina Hidrelétrica São José, um Patrimônio Histórico.
QUANDO A CABEÇA NÃO FUNCIONA O CORPO PADECE.
Assim Itabira economicamente perde Milhões de Reais, e a oportunidade de ser alçada no cenário nacional como sendo uma Cidade Turística por excelência.
Tenho dito e parabenizo Mauro Moura pela reportagem muito oportuna,
José dos Reis Martins
Muito bem lembrado, Dr. José Reis, do abandono geral dos pontos icônicos de nossa querida Itabira.
Anda tudo, e há muito tempo, muito tempo abandonado, tudo relegado ao tempo e à mesmice de cada governo ou desgoverno que nos aflige a cada pleito eleitoral.
Como bem dizia meu Pai, são muitos nanicos mentais.
Grato,
Mauro
Tema oportuno e bacana p/ o pessoal local cair em cima dos bosta q´ñ cuidam do patrimônio.
Força, aí meu irmão, o Brasil só muda assim, dando porrada c/ a caneta na cabeça dos inúteis.
Pelo menos, por aqui, alguma coisa vai melhorando, mas sem nunca desviar atenção prq bosta, tbm ñ falta por aí na rédea solta…
Abr
Fica bem,
Veladimir
Ainda bem, Vla, que temos tinta na caneta a combater tanta mixórdia intelectual com que somos obrigados a conviver.
Quem sabe um dia desses a coisa aqui toma rumo e teremos melhoras nesse panorama tão obscuro.
Uma braça,
Mauro
Desde que começaram a desmatar pra erguer essa construção, achei uma grande incoerência. Depois de pronto, achei a incoerência maior.
Um trambolho de concreto e aço (fora essa cobertura horrorosa) pra ser sede do setor que cuida dos assuntos ambientais da cidade. Deveria ser demolida e a mata recomposta.
Tudo o que foi colocado sobre a “Mata do Intelecto ” é verdade. A Prefeitura assumiu o compromisso de cuidar e não o faz com eficiência. A coisa de um ou dois anos atrás aconteceu ali um incêndio . O risco no período seco em que estamos e grande. Deveria haver uma preocupação maior nesse sentido.