Massacre da Usiminas faz 60 anos e André Viana participa de audiência em Ipatinga para lembrar os oito metalúrgicos assassinados, em 1963

Fotos: Divulgação

Nesta sexta-feira (6), o presidente do Sindicato Metabase de Itabira e Região, André Viana Madeira participou, em Ipatinga, no Vale do Aço, de um ato público realizado na praça da Bíblia, onde está instalado o monumento em alusão aos 60 anos do Massacre da Usiminas, e que resultou em oito mortes oficialmente reconhecidas, em 7 de outubro de 1963.

“A homenagem aos metalúrgicos mortos no massacre de Ipatinga acontece todos os anos nesta data, para que o episódio nunca seja esquecido”, diz o sindicalista, que participou do ato público, e também de uma audiência promovida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), como representante dos trabalhadores extrativistas de Minas Gerais.

Audiência pública

Ainda como parte das homenagens, a ALMG, realizou na Câmara Municipal de Ipatinga uma audiência pública convocada pela comissão temática do Trabalho, com as presenças da deputada Beatriz Cerqueira (PSOL), dos deputados Leleco Pimentel (PT) e Celinho Sintrocel (PC do B).

Uma participação especial foi a do ex-deputado federal e ex-ministro Nilmário Miranda (PT), hoje assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade, do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.

Convidado a falar como representante dos trabalhadores extrativistas de Minas Gerais, André Viana relembrou o arrocho salarial e as péssimas condições de vida dos metalúrgicos de Ipatinga, na década de 1960, e que levaram à greve.

Lamentou os assassinatos e condenou a impunidade, ressaltando a importância do ato público realizado todos os anos para que o massacre jamais seja esquecido.

André Viana, em Ipatinga, convocou entidades representantivas dos trabalhadores a unirem por uma luta nacional pela recuperação de direitos perdidos com as reformas da CLT e Previdenciária

Perda de direitos

André Viana lamentou de as lutas sociais dos trabalhadores brasilerios resultarem em muitos avanços na relação entre capital e trabalho, o país passou, recentemente, por grandes retrocessos com as reformas trabalhistas, revogando vários artigos da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), como também da Previdência Social, lesivas aos trabalhadores e aposentados.

“O que vimos nos últimos anos foi a precarização do trabalho, com a terceirização de atividades fins, flexibilização dos horários de trabalho, com destaque para o turno de 12/36, fim das horas itinerantes, com o fim da remuneração do empregado quando segue e retorna do trabalho”, relacionou André Viana, que relacionou também o fim das assistências nas homologações das demissões.

Para o sindicalista, é hora de os trabalhadores voltarem a mobilizar nacionalmente pela revogação dessas reformas, restabelecendo os direitos adquiridos com muitas lutas e massacres, como o ocorrido em Ipatinga, em 1963, antecedendo o golpe militar de 1964.

“É hora de união e mobilização em torno da CUT, das demais centrais sindicais, associações, agremiações e ONGs que lutam na defesa da classe trabalhadora”, convocou André Viana ao finalizar o seu pronunciamento na audiência pública, em Ipatinga.

Trabalhadoras e trabalhadores de Ipatinga participam da audiência pública da ALMG em Ipatinga: “massacre da Usiminas não pode ser esquecido.”

“Senta o pau”, foi a ordem dada pelo comando da PM para o massacre

O massacre de Ipatinga ocorreu em 7 de outubro de 1963, mas teve início na manhã do dia anterior, mesmo depois de os metalúrgicos aprovarem a proposta de reajuste salarial apresentada pela Usiminas.

Entretanto, a aprovação do reajuste salarial não foi unânime, tanto que à noite, na troca de turnos, ocorreram atritos na portaria da empresa, com os trabalhadores tendo que passar por “revistas” que consideraram abusivas.

Por volta das 2h do dia 7, a repressão da Polícia Militar teve início com forte aparato, no alojamento localizado no bairro Santa Mônica, quando ocorreram cerca de 300 prisões. Em decorrência, cerca de 5 mil metalúrgicos decidiram deflagrar greve pela libertação desses presos.

Além da libertação dos metalúrgicos presos, os grevistas protestavam também contra as péssimas condições de moradia, transportes, reivindicando também salários reajustados como meio de assegurar as condições de vida que vinham deteriorando com o arrocho salarial.

Tiro do caminhão

Com os metalúrgicos grevistas concentrados em frente à portaria da empresa, veio a ordem do comandante da PM mandando “sentar o pau” nos metalúrgicos. De cima de um caminhão um PM começou a atirar contra os grevistas, resultando em muitos feridos e oito mortos.

Isso oficialmente, uma vez que se acredita que o número de metalúrgicos assassinados no massacre de Ipatinga tenha sido maior, depois que chegaram à cidade mais de 30 caixões, conforme testemunhos de metalúrgicos que participaram da greve.

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