Maria Alice é homenageada na Conferência de Meio Ambiente e critica os que ainda não acreditam nas mudanças climáticas
Foto: Carlos Cruz
A professora e geógrafa Maria Alice de Oliveira Lage foi homenageada na 2ª Conferência Municipal de Meio Ambiente e Clima, realizada pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema), com apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, nessa segunda-feira (9), no Parque do Intelecto.
Em depoimento gravado em vídeo, Maria Alice destacou que as questões ambientais do passado se repetem e se agravam no presente com a crise climática.
“Neste momento em que acontece a 2ª Conferência Municipal de Meio Ambiente e Clima, preparatória para a 5ª Conferência Nacional, é importante a união do poder público com a sociedade civil, juntamente com o Ministério Público, para resolver as nossas pendências ambientais que estão se multiplicando. Ninguém pode se ausentar nessa hora”, conclamou a ambientalista.
Histórico no Codema
Maria Alice foi a primeira presidente do Codema, ocupando o cargo de 1985 a 1997. Apesar de ser um órgão consultivo, o Codema teve um papel importante na cobrança pela mitigação dos impactos da mineração em Itabira.
Na década de 1980, enfrentou inúmeros embates com a mineradora Vale, que realizou o corte raso da vegetação remanescente da Mata Atlântica na Serra do Esmeril para a abertura das Minas do Meio.
Além da degradação paisagística, a emissão de poeira com partículas de minério despejada sobre a cidade aumentou significativamente. “A gente não agia sozinha, tinha toda uma equipe lutando pelo meio ambiente na cidade”, relembrou.
Visão ambiental
Para Maria Alice, cuidar do meio ambiente não é apenas plantar árvores e jardins floridos, mas também envolve o saneamento básico, condição primária para melhorar as condições de vida da população.
Ela reconhece que, em muitos aspectos, a questão ambiental melhorou em Itabira devido à maior conscientização das pessoas. “Mas infelizmente, os grandes poluidores ainda estão na retaguarda, sem contar as pessoas e políticos que não acreditam na emergência climática”, lamentou.
Desafios no Codema
Maria Alice relembrou que foi bem aceita pelos governantes da época, tendo à frente o ex-prefeito José Maurício Silva (1983-88), que foi quem criou o Codema.
Segundo ela, as reuniões do Codema recebiam uma grande acolhida da comunidade, eram abertas e francas. “Discutíamos questões básicas como invasão de áreas verdes, lixo, poluição da cidade e outras necessidades, sempre envolvendo a comunidade”, disse.
Ela enfatizou que todo o trabalho era voluntário e que a educação ambiental, promovida pela prefeitura e também pela própria Vale, por força de condicionante da Licença de Operação Corretiva (LOC) do Distrito Ferrífero de Itabira, foi crucial para despertar a conscientização ambiental em Itabira.
Problemas Enfrentados
Maria Alice recordou problemas sérios enfrentados pelo Codema, como a poluição do córrego da Pureza por efluentes da indústria têxtil instalada em Itabira no início do distrito industrial.
Ela relatou também a persistente luta pela preservação das poucas áreas verdes remanescentes na cidade. “Graças à atuação conjunta com promotores, algumas áreas foram preservadas, como a Mata do Intelecto, que posteriormente se transformou no parque, uma área verde que ameniza o calor e recebe visitantes.”
Como geógrafa e professora, Maria Alice trabalhou para conscientizar os estudantes sobre questões ambientais, criando uma afinidade com outras pessoas que compartilhavam o mesmo sentimento de necessidade de uma maior atenção para a cidade minerada e poluída pela atividade monoextrativista exportadora, como ainda ocorre nos dias atuais.
Maria Alice enfatizou a importância de continuar pensando na cidade sob a perspectiva ambiental, lembrando que muitas questões pendentes ainda precisam ser resolvidas, como a falta de áreas verdes na cidade para amenizar as ondas de calor.
Saudações a Maria Alice, grandeza de Itabira.