Márcio Passos, secretário de Governo, põe mais lenha na fogueira da crise entre governo e vereadores itabiranos, que teriam “sacos sem fundo”
O presidente da Câmara, vereador Weverton “Vetão” Andrade (PSB) até tenta pacificar e estender uma bandeira branca entre o governo municipal e os dez vereadores que votaram contra o pedido de empréstimo de R$ 70,1 milhões para obras diversas de infraestrutura e saneamento básico. Mas ele admite que a entrevista do secretário de Governo, Márcio Passos, ao site De Fato, nessa segunda-feria (14), tornou a missão mais difícil.
“Ele (o secretário) pode retratar”, é o que pede o presidente da Câmara, depois de o articulador político do prefeito Marco Antônio Lage (PSB) ter dito na entrevista que os vereadores, sem citar nomes, são políticos fisiológicos com sacos sem fundo para pedir benesses em troca de apoio ao governo.
É o que , segundo o secretário, ocorria nas legislaturas passadas – e que teria acabado na atual gestão municipal.
Com a declaração, admite Vetão, ficou difícil voltar, pelo menos neste ano, com o projeto do empréstimo, rejeitado na terça-feira passada. Mas política é como nuvens, muda de feição a todo instante, é o que muitos dizem, sabe-se lá em troca de quê. Ou sabe-se.
“Sobre a declaração de Márcio Passos, eu não acredito que seja a posição do governo municipal. A matéria (do pedido de empréstimo) foi reprovada e regimentalmente pode voltar à pauta (ainda neste ano) se a maioria dos vereadores assim desejar. Mas pelos discursos de hoje na Câmara, vejo dificuldade para isso acontecer”, avaliou o presidente da Câmara em entrevista após a sessão legislativa desta terça-feira (15).
Língua de Trapo
Na entrevista, Márcio Passos sustentou que a reprovação do empréstimos ocorreu por não ter o prefeito feito negociatas com os vereadores.
Trata-se de uma grave denúncia que tanto o prefeito como o seu secretário de Governo têm a obrigação de apresentar em público, inclusive revelando o teor dessas negociatas, nomeando quais vereadores propuseram essas barganhas políticas em troca de apoio.
É o caso de até mesmo o Ministério Público de Minas Gerais abrir procedimento investigativo para apurar que tipo de negociatas são essas – e de que forma deram prejuízo ao erário e ao serviço público no município.
Isso porque, no caso de nomeações indevidas, cabides de emprego que seriam ocupados por indicados de vereadores para cargos de livre nomeação do prefeito, o resultado dos serviços executados por essas pessoas pode afetar o bom funcionamento da máquina administrativa.
Sem limites
Ainda na entrevista, perguntado se houve alguma proposta de negociata para a aprovação do empréstimo, o secretário esquivou-se, mas botou mais lenha na fogueira. “Tem vereador que não tem limite. É um saco sem fundo”, emendou.
“Isso (a rejeição do empréstimo) não passa de pressão para o prefeito ceder. Ou o prefeito cede e vai ficar todo mundo sorrindo para ele, ou ele convence os vereadores de que é preciso ter maturidade”, declarou o inábil assessor político.
Ou será que de inábil ele nada tem, decidindo abrir o jogo e contar os bastidores dessa fisiológica relação entre legislativo e executivo itabirano que, como ele disse, teria sido prática comum no passado? E que agora tudo mudou?
Experiência nessa área Márcio Passos tem e sabe muito bem como funcionam os bastidores da política itabirana. Ele ocupou o mesmo cargo de secretário de Governo com o prefeito Li Guerra (1993-96) – e foi um dos responsáveis pela não eleição de seu sucessor, o ex-vereador Leopoldo de Castro.
Na sessão dessa terça-feira (15), pouco mais de meia dúzia de manifestantes prós e contrários ao empréstimo se encontraram em frente à Câmara. Deviam se unir para exigir a pronta apuração das graves denúncias apresentadas pelo secretário de Governo contra os vereadores.
Repercussões legislativas
“O prefeito tem o direito de questionar a não aprovação do empréstimo, assim como os vereadores de rejeitar. O que não podemos é perder o respeito pelas instituições”, disse o vereador Vetão, em mais uma crítica à entrevista de Márcio Passos.
Até mesmo vereadores que aprovaram o projeto de empréstimo repudiaram o que chamaram de insinuações que mancham ainda mais a já maculada imagem da Câmara Municipal de Itabira.
Foi o caso do vereador Júlio “do Combem” Rodrigues (PP), que disse ter votado favorável ao empréstimo por entender que quem não tem saneamento no local onde vive não quer esperar por mais de um ano para ter esse direito básico assegurado.
Mas o parlamentar repudiou o teor da entrevista do secretário de Governo e dos correligionários do prefeito que fazem campanha aberta contra os vereadores que votaram contra o empréstimo.
“Respeito a posição de quem votou contra. Não podemos nunca perder o respeito às ideias, mesmo que sejam diferentes das nossas”, refutou.
Posição semelhante manifestou o vice-líder do prefeito, vereador Bernardo Rosa (Avante). “A livre manifestação é permitida na democracia, mas ela não deve ser extremada ao ponto de atingir os vereadores para tirar a sua legitimidade”, sustentou, complementando:
“O sim tem valor, assim com o não, o respeito deve ser mútuo. Aqueles que votaram pelo sim não podem ser vistos como irresponsáveis e nem o contrário. Todo processo legislativo tem o seu trâmite. O que não se admite é que as discussões caminhem para a esfera pessoal”, pontuou.
Já os que votaram contrário ao empréstimo foram mais contundentes ao rechaçarem as declarações do secretário de Governo.
Foi o caso da vereadora Rosilene Félix (MDB), que lamentou a reação do governo à rejeição do projeto que autorizaria o prefeito fazer empréstimo com a Caixa Econômica Federal, por meio por meio do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa). “Ele (Márcio Passos) disse coisas pesadas contra esta Casa”, protestou.
O vereador Sidney “do Salão” Guimarães (PTB), que diz ser independente e que feito críticas recorrentes ao governo municipal, principalmente pelo atraso em liberar a “moeda social” para socorrer os hipossuficientes frente à pandemia, bateu ainda mais forte.
“Eu acredito que Márcio Passos tenha tido um lapso mental ao proferir esses comentários de forma infeliz sobre o posicionamento desta Casa. Eu nunca fiz barganha com o governo ou pedi algo em troca ao meu posicionamento quando votei favorável ao governo. Que ele apresente os nomes de quem está propondo barganhas”, cobrou, para em seguida emendar:
“Quem veio ganhar dinheiro em Itabira foi o secretário de Governo, que recebe R$ 12 mil de salário pago pelos itabiranos. Devemos votar uma moção de repúdio pela falta de respeito desse senhor à essa Casa”, propôs o vereador petebista.
“Faltou inteligência ao secretário de Governo, que tem a obrigação de promover o diálogo com os vereadores”, disse o vereador Heraldo Noronha (PTB), também lamentando o fato de o secretário promover mais cizânia entre os vereadores e o prefeito.
É o que pensa também o vereador Reinaldo Lacerda (PSDB), que critica também a reação do prefeito e seus correligionários pela rede social. “Pessoas que já foram candidatas a vereador, e que não tiveram votos, ganharam cargos na Prefeitura e agora ficam nos criticando. O prefeito precisa chamar a atenção desses assessores, para que respeitem esta Casa”, ele também protestou.
O vereador Luciano “Sobrinho” Gonçalves dos Reis (MDB) lembrou que os mesmos vereadores que votaram contra o empréstimo também rejeitaram o projeto do orçamento impositivo, que destinaria pequena parcela de verbas livres para investimento nas indicações dos parlamentares itabiranos. “Temos o direito de discordar, de achar que não é hora de o governo se endividar tendo recursos em caixa”, afirmou.
Neidson cobra provas e nomes de vereadores que estão propondo negociatas com o governo
Mais incisivo foi o vereador Neidson Freitas (MDB), esse declaradamente oposicionista. “Entre os atributos de um líder deve estar o entendimento e o diálogo com esta Casa e o que temos visto é a inexperiência política do prefeito, que é uma pessoa bem-sucedida no mundo empresarial. Quando dez vereadores votam contra, isso deve ser entendido como a representatividade popular sendo cumprida”, definiu.
E o oposicionista emendou: “Ao ver pessoa subordinada dizer que a Câmara é um saco sem fundo, é importante que o prefeito exija que quem disse isso venha a público explicar que saco sem fundo é esse. Dizer quais são os vereadores que propõem fazer negociatas até para que a comissão de ética tome as providências”, cobrou o parlamentar oposicionista.
“Sou a favor do asfaltamento da estrada do Carmo a Ipoema, ninguém é contra. Mas temos uma cidade com dinheiro, como o próprio prefeito não se cansou de afirmar em sua campanha eleitoral”, disse ele, lembrando da afirmação de Marco Antônio Lage que dizia que Itabira é uma cidade rica que arrecada R$ 2 milhões por dia.
“Vou cobrar a realização dessas obras mas com recursos próprios”, prometeu Neidson Freitas, ao repudiar o que chamou de “achincalhamento” dos vereadores contrários ao projeto por parte do secretário Márcio Passos e de outros assessores do prefeito. “Sem maturidade política para saber que a Câmara é balizadora das decisões do governo, o prefeito vai ter novas reprovações nesta Casa”, advertiu.
Mesmo estando em campos opostos, o vereador Vetão concordou com Neidson. “Em nome de tudo que vivenciamos juntos, espero pela retratação do secretário ou que ele diga quem fez ou propôs fazer negociatas. Com tantas pautas importantes, estamos ainda discutindo essa rixa entre o legislativo e o executivo itabirano”, lamentou.
Isso já tá parecendo briguinha de criança. Só que muito perigosa e prejudicial a cidade . Muitas coisas em entrelinhas, muita coisa abstrata . Pode ser coisa de kamikaze querer por quem quer que seja no paredão. Talvez tenha alguém ou alguns boiando nesta história e acompanhando pato . Bom eles são brancos se entendam , mas que se entendam rápido porque o tempo que nos resta para sairmos deste possivel caus é pouco . Não seria inteligente e maduro e ao mesmo tempo mostrar uma altivez, se os edis fizerem uma nota a população repudiando o que for e em seguida registrar o seguinte . Nos vereadores estamos P da vida com as insinuações e desrespeito de uns e outros , mas pelo nossos eleitores e do povo Itabirano vamos aprovar o empréstimo para que o desenvolvimento que prometemos a todos possa acontecer porque o nosso compromisso é com a cidade e nenhuma picuinha ira nos fazer mudar aquilo que prometemos a aqueles que nos confiaram o voto . Tenho certeza certeza que o prefeito num tá nem aí pra méritos e sim que essa coisa acabe para que algo posso caminhar . O problema não são os vereadores em sua totalidade , mas me parece que tem gente ou gentes que não deseja que este governo consiga ligar os distritos com o asfalto prometido por vários antecessores e nada aconteceu . Poderá ser o fim da linha pra muitos que desejam seguir carreira política e que estão fazendo conchavos e atrapalhando este governo , se esta estrada sair , queiram ou não queiram .
Câmara de boca de mina
Márcio Passos na Prefeitura (Putz, que merde heim?)
Presidente do Metabase, bolsonarista
Vice-prefeito bolsonarista e propagandista do kit cloroquina
“Itabira, cidade de maldição”, série de fotos de Theodomiro Lopes Ferreira, do Diário de Minas, em 1971
Itabira é uma cidade párea, não tem solução…. Já Era!