Mais filmes imperdíveis que concorrem ao Oscar: Belfast e O Beco do Pesadelo

Foto: Divulgação

Daniel Cruz*

Voltamos a escrever sobre filmes indicados ao Oscar. Está chegando a hora.

Dessa vez, os dois filmes mais frescos no Brasil. Analisaremos O Beco do Pesadelo (estreou há menos de uma semana no Star+) e o Belfast (lançado nos cinemas em 10 de março). Dois filmes que chamaram muita atenção nessa corrida de campanha para a estatueta dourada.

Belfast

Sinopse:

Na Irlanda do Norte dos anos 60, um menino de 9 anos experimenta o amor, a alegria e a perda. Em meio a conflitos políticos e sociais, o garoto tenta encontrar um lugar seguro para sonhar enquanto sua família busca uma vida melhor.

Análise:

Bom, se você leu a sinopse já entendeu tudo que o filme tem a apresentar. Realmente o diretor não aprofunda em nenhum desses subtopicos. Poderia abordar melhor os conflitos entre protestantes e católicos. Poderia abordar melhor os conflitos familiares. Poderia abordar melhor os sonhos de infância. E por aí vai…

Mas, analisar um filme não é dizer o que o filme poderia ser. É ver o que o filme te entrega e como te entrega.

Então, ao invés de dar porrada como vejo muitos críticos fazendo com Belfast eu me propus a fazer diferente. Fiz alguns questionamentos e tento aqui dizer o que gostei do filme.

Por que os principais críticos no Brasil não ficaram tão felizes com o filme?

Houve um baita atraso para o filme (lançado em 2021) chegar no Brasil. E durante esse atraso, recebíamos as reportagens de quem viu na previa ou no lançamento lá no exterior e logo depois de sair da sala de cinema escreviam impactados.

Então, criamos um “hype” ou uma expectativa de que seria o filme vencedor. Ainda acho que pode ser, já que parte dos votantes se recusam a dar o Oscar para um filme da Netflix (como Ataque dos cães) ou oriental (como Drive my car).

Por que os críticos no exterior elogiaram tanto?

É um filme intimista, sensível, que aborda a autobiografia do diretor e, principalmente, é um filme que faz elogios a magia do cinema.

Em meio às sombras da guerra civil as cores surgem na arte. A música embala de forma leve mesmo momentos pesados. E, a crítica conhece a história dessa guerra civil. Boa parte dela é de pessoas da grã-Bretanha que cresceram estudando o conflito ou de pessoas mais velhas que leram nos jornais.

Ok, e aí, o filme é bom?

Muito! Vale super a pena assistir! A inocência da criança que está mais preocupada com o primeiro amor do que com a guerra na sua rua. Os avós que são adoráveis e dão um sabor gostoso ao filme.

A mãe (atriz principal da série Outlander) que entrega uma atuação perfeita e o pai que apesar de um certo distanciamento se mostra preocupado.

O filme no fim das contas não é sobre guerra, é sobre infância. Pode não ser inovador, inclusive tem clichês à beça, mas é gostoso de assistir.

Visualmente estonteante a fotografia e deliciosa no uso dos sons. Eu adorei, apesar de reconhecer que há uma superficialidade nas abordagens.

O Beco do Pesadelo

Sinopse: 

O ambicioso vigarista Stanton Carlisle, que tem um talento para manipular pessoas, se une a uma clarividente e seu marido mentalista para enganar um perigoso magnata com a ajuda de uma misteriosa psiquiatra, que pode ser sua maior oponente.

Análise:

Bradley Cooper, Toni Collette, William Defoe, Cate Blanchet dirigidos por Guilhermo Del Toro, já poderia parar aqui e você saberia que precisa assistir esse filmaço.

Até agora foi o que mais gostei (não vi Licorice pizza ou Drive my car ainda), mas não é filme pra ganhar Oscar. É apenas meu gosto.

Eu adoro analisar as camadas por trás de objetos que nos são apresentados (como o bebê que tentou matar a mãe e está ali no pote, o relógio do pai, o uísque, o selvagem). Aqui há dezenas de camadas. Críticas e ácidas por sinal.

Del Toro não tenta mostrar o misticismo com o mínimo de possibilidade de ser real, trata tudo como charlatanismo e isso pode ofender muitas pessoas. Cenas fortes e que vão ficar na sua cabeça.

Um desenvolvimento muito bem feito do personagem que caminha de um passado sombrio, até um aprendizado e glória que o levam a uma vida sombria para no final o último fio solto se amarrar.

É simplesmente magnifico. Não tentem absorver tudo de uma vez, esse filme você precisa digerir devagar. Filme longo e cheio de detalhes, seu celular vai ter que esperar.

Depois que assistir pare e reflita, acho que ao menos um pouco sobre si mesmo será desvendado neste filme de suspense. Super recomendo.

*Daniel Cruz Fonseca é advogado, mestre em Direito nas relações econômicas e sociais, e poeta, autor dos livros “Nuvens Reais” e “Alma Riscada”.

 

 

 

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