Luzes da Cidade
Cristina Silveira, do Rio
Graphium, Pix, Xarpi. A ousadia na intervenção urbana, por obra e graça de grafiteiras e pichadores, é tema controverso. A quem diz ser vandalismo, ao que, o grafiteiro bate pronto no muro da escola, “ – Vândalo é o Governo!
Há governo que ataca, como fez o governador Todo Cinza de Sampa. Há governo que acolhe, como a prefeitura do Rio em 2013, ao criar o EixoRio, plataforma para fortalecer e realçar a cena urbana com pichadoras, grafiteiros e artistas.
Hoje, quase todas as favelas têm um Coletivo de Grafiteiras e Pichadores. Conectados entre si, elas e eles são a voz, o grito das ruas. No Complexo da Maré, território de violência abismal, está instalado o maior acervo iconográfico de grafite e pixação (dr. Camões, deixe o X em paz), eu diria ser um diário da vida como ela é na pressão da política do medo, aterrorizada pela polícia e o tráfico.
Mas a Resistência vence o Medo, como demonstram as minas AfroGrafiteiras, nas Rodas de Rimas grafando e rimando a contracultura (veja no Facebook Xarpi Rap Festival, Rede Nami, IF-Inferno Feminino, VR-Vício Rebelde).
A pichação e o grafite datam de a.C. Nem mesmo o terrível Vesúvio conseguiu apagar dos muros e paredes de Pompéia os grifos com frases sexistas, poesia, insultos, propaganda.
No Brasil, a história do grafite está datada a partir das pinturas rupestres, no Parque Nacional das Capivaras, no Piauí. E, no século 20 ganha o mundo com painéis gigantes – em Nova York, Berlim e até em Tóquio – como tudo deste país esquisito pela própria natureza.
O grafite e a pichação ou “xarpi carioca” se distingue dos demais, pelas curvas, as curvilíneas como a geografia da cidade que o Niemeyer imortalizou.
Entretanto, o grafiteiro legendário é o Profeta Gentileza (1917-1996), andarilho amoroso e messiânico. “Gentileza Gera Gentileza”, é a mais célebre mensagem do Profeta grafada mundo a fora.
Em 1999 o patrimônio histórico da prefeitura tombou e restaurou os 56 painéis nos pilares sequenciais (1,5 km)do Viaduto do Caju. Os painéis são pintados em verde, amarelo, azul e branco, grafado neles a filosofia de vida do Profeta.
Coisas assim: “O Capeta Capital que vende tudo e destrói tudo”, “Sou maluco para te amar e louco por te salvar”, “Meus filhos, não usem problemas, usemos a natureza. ”
Não foi possível fotografar um grafite-propaganda na avenida Brasil, muito bem-feitinho que diz assim: “Geração Jesus Cristo. Constituição, Não! Bíblia, Sim! ”Palamordedeus, replico eu.
Fiz uma seleção de fotos de Arte de Rua Carioca pra divertir a todas e todos que me leem nesta Utopia.
Muito interessante a recolha dos grafites.
Gostei dos dizeres e dos comentários complementares.
Besitos a ti Cristina.