Como contraste às veias abertas pela mineração, Itabira ganha galeria de arte a céu aberto
Mural da EEMZA foi pintado por artistas itabiranos
Foto: Yuri Oliveira
Para até mesmo servir de contraponto à feiura que fizeram da Serra do Esmeril toda carcomida pela mineraçao, que já levou a hematita do Cauê para a Alemanha, Canadá, para o Japão “triturada em 163 vagões de minério e destruição” pela “gulosa”, Itabira ganha novos pontos culturais turísticos com a Mostra de Arte Pública (MAPA).
Trata-se de uma bonita e colorida galeria de arte, mais uma atração turística que se junta para agregar com os Caminhos Drummondianos, um museu de território a céu aberto com poemas de Drummond que fazem referências a lugares e pessoas da terra natal.
Embora tenha dimensão maior, essa não foi a primeira galeria de arte a céu aberto em Itabira. Muito antes, em novembro de 1980, artistas plásticos da cidade (Magda, Cordeiro, Gemaria, Rosemary, Pedro “Russo” e Solange Betônico) “pintaram o sete” no primeiro aniversário do jornal O Cometa, em um muro (que infelizmente não existe mais) na rua Trajano Procópio, na pracinha do Pará.
“Que a ideia, de murais nas ruas, seja estendida a outros locais, dando uma nova fisionamia de beleza e arte a esta Itabira tão feinha”, foi o apelo que fez o jornal na cobertura da festa de aniversário.
Muito tempo depois, para ser exato, 43 anos após essa sugestão, a propsota de uma galeria de arte espalhada pela cidade ganha dimensão maior com a primeira mostra de arte urbana, realizada com apoio cultural da Prefeitura de Itabira.
A galeria MAPA contou com participação de artistas de grande expressão nos cenários nacional e internacional: Kobra, Mag Magrela, Millo, Zéh Palito, Bolinho e Bracher. São obras de arte que ficam permanente para o itabirano e visitantes apreciarem em uma galeria de arte urbana aberta, distribuida em diferentes pontos da cidade.
Instalações
As pinturas e instalações públicas estão localizadas em diversos pontos da cidade. A obra de Kobra faz referência ao ilustre itabirano Carlos Drummond de Andrade e foi desenvolvida em uma empena de 32 metros de altura no Hotel IT – Avenida Duque de Caxias, 1220, Centro.
A de Mag Magrela está localizada na avenida Carlos Drummond de Andrade, 50, Centro. A arte de Millo está na avenida João Pinheiro, 475, Centro e Zéh Palito deixou a sua marca na Travessa da Saúde, 2, Centro.
Artistas itabiranos selecionados pela convocatória exclusiva estão no muro da Escola Estadual Mestre Zeca Amâncio (Eemza), na rua irmãos De Caux. São eles: Annosca, Confuso, Gus Pucci e Lolly & Lourena.
A galeria conta ainda com obras dos artistas Drin Cortes e Thiago Alvim que estão presentes no Hotel Itabira, no centro histórico e na avenida João Pinheiro, respectivamente.
Já Raquel Bolinho e Carlos Bracher criaram instalações públicas, ambas também em homenagem ao poeta itabirano. Bolinho fez uma escultura inédita de 3,5 metros de altura de um Bolinho representando Drummond menino e está instalada na praça da EEMZA, onde ficará exposta permanentemente.
No Centro Cultural, Carlos Bracher ilustrou o pico Cauê antes e depois da sua destruição, uma instalação de grande dimensão em uma instalação site specific criada para a fachada da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, no centro de Itabira. A obra do Bracher fica em exibição no local por um mês.
O festival contou com programação ampla e gratuita. Além das pinturas e instalações públicas, foram realizadas oficinas de grafitti com Bolinho e Mag Magrela – cada uma das oficinas gerou mais um mural, pintado coletivamente pelos participantes, em territórios descentralizados da cidade.
Contou ainda com um diálogo pelo projeto “Sempre Um Papo” com o muralista Kobra, além intervenções urbanas e oficina de Tagtool (desenho com luz), ambas com o VJ Suave, intervenções poéticas pela cidade, sarau de poesia e uma festa de encerramento com sete horas de programação que contou com dois DJ’s, Batalha de Freestyle e quatro shows, entre eles Mac Julia e Lamparina.
De acordo com a organização do festival, cerca de 60 profissionais foram contratadas de forma direta, sendo que 50% profissionais naturais ou residentes de Itabira. Foram envolvidos cerca de 70 fornecedoresenvolvidos, sendo mais de 60% de Itabira, segundo os organizadores.
“Essa construção coletiva de arte urbana é a confirmação da vocação de Itabira como um ambiente cultural e turístico e um marco para uma cidade que busca uma nova reinvenção. Estamos muito satisfeitos com todo o legado do MAPA e já pensando o evento do ano que vem”, avalia e compromete o prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage.
O festival MAPA Itabira foi realizado pela Prefeitura de Itabira e Associação Cultural Casinha, com produção e curadoria da Pública Agência de Arte e parceria do Consulado da Itália em Belo Horizonte.
Os murais
*Confidências do Itabirano
Kobra
It Hotel Itabira – Av. Duque de Caxias, 1220 – Esplanada da Estação
32m de altura x 7,50m de largura
240m² de área de pintura
*A Fuga da Terra
Mag Magrela
Itaurb – Av. Carlos Drummond de Andrade, 50 – Centro
10,40 de altura x 8,78m de largura
92m² de área de pintura
*S/título
Millo
Av. João Pinheiro, 475 – Centro
aproximadamente 17m de altura x 21m de largura
aproximadamente 373m² de área de pintura
*Black Love/Amor Preto
Zéh Palito
Praça da Saúde, 2 – Centro
7m altura x 11m de largura
77m²
*DiVersos
Annosca, Confuso, Gus Pucci, Lolly e Lourena | Artistas convocatória
EEMZA – R. Irmãos D’Caux, 100 – Centro
2,75m de altura x 29,77m de largura
81,86m² de área de pintura
*Coração itabirano
Drin Cortes
Hotel Itabira – R. Tiradentes, 113 – Centro
Drin 3m de altura x 1m de largura
3m²
*S/ título
Thiago Alvim
Av. João Pinheiro, 634. Centro
4m de altura x 8m de largura
32m²
Instagram: @mapa.festival
Site: mapafestival.com.br
Tudo muito lindo!
Maravilhoso. O Kobra deve ter ficado encantado.
É preciso colorir a cidade que a mineradora VALE, suja e destrói.