Lula inaugura radioterapia em Itabira e garante tratamento de ponta pelo SUS para pacientes da região

Fotos: Carlos Cruz

Presidente entrega acelerador linear, anuncia novos repasses ao HNSD e reforça apoio à saúde pública enquanto pacientes celebram o fim das viagens para Belo Horizonte

Em um dia histórico para Itabira e região, a inauguração do centro de radioterapia do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), nesta quinta-feira (11), marcou um divisor de águas na oferta de tratamento oncológico no Médio Piracicaba.

O evento, realizado no campo do Ivipa, ao lado do hospital, reuniu mais de três mil pessoas e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, do prefeito Marco Antônio Lage e de autoridades estaduais e federais.

A cerimônia ocorreu simultaneamente também em Goiânia (GO), São Luís (MA), Marília (SP) e Colatina (ES), cidades que, assim como Itabira, receberam aceleradores lineares de última geração adquiridos pelo programa Agora Tem Especialistas, do Ministério da Saúde.

O acelerador linear instalado em Itabira é o mesmo utilizado em hospitais privados de referência internacional. O equipamento permite tratamentos mais rápidos, precisos e seguros, com capacidade para atender até 600 pacientes por ano.

Com o novo equipamento instalado no HNSD, pacientes de Itabira e região deixam de viajar para Belo Horizonte, encerrando uma rotina que por anos gerou desgaste físico e custos adicionais para quem precisava de radioterapia.

Equipamento de ponta

Lula destacou que o padrão tecnológico do equipamento instalado no HNSD é o mesmo disponível nos melhores centros oncológicos do mundo.

“Se o presidente dos Estados Unidos precisar fazer radioterapia, ele vai usar uma máquina igual a essa. Se o Papa precisar, vai usar uma máquina igual a essa. E se eu precisar, vou usar a mesma máquina que vocês vão usar aqui”, afirmou. “Isso significa que o povo tem direito ao que há de melhor, e o SUS garante esse direito.”

Ao se dirigir à paciente Elenita Barbosa, Lula lembrou sua própria experiência com o câncer, diagnosticado na garganta em 2012. Ele contou que perdeu todos os cabelos durante o tratamento. “Eu levantava de manhã e o travesseiro estava cheio de cabelo. Ia tomar banho, passava a mão na cabeça e caía mais. Um dia resolvi raspar tudo”, disse.

Lula relatou ainda a conversa que teve com a ex-presidente Dilma Rousseff, que também enfrentou um câncer. “A Dilma me disse: ‘Lula, o meu cabelo voltou. O seu também vai voltar’. E voltou mesmo, não tanto quanto o dela, mas voltou”, afirmou.

“Eu sei o que é ter esperança”, disse Lula ao se dirigir à paciente Elenita Barbosa, beijando-a na testa. Antes, ela havia relatado que descobriu a doença por meio da Carreta da Mamografia, unidade móvel do Ministério da Saúde que esteve em Itabira anos atrás e possibilitou o diagnóstico precoce de centenas de mulheres.

Expansão e universalização

A entrega desses equipamentos integra a maior expansão de radioterapia da história do SUS, com 22 unidades instaladas apenas em 2024 e previsão de mais 121 até 2026, com investimento superior a R$ 67,5 milhões nesta etapa. Segundo o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, essa é a primeira vez que o país avança de forma simultânea na implantação de aceleradores lineares em todas as regiões.

“Com essas entregas, praticamente todos os estados brasileiros passam a ter centros de radioterapia. Falta apenas Roraima, e já estamos com o projeto em fase final para resolver isso”, afirmou o ministro.

Segundo ele, o estado ainda precisa concluir adequações estruturais no hospital que receberá o equipamento, mas o Ministério da Saúde já aprovou o projeto e aguarda apenas a etapa final de obras para autorizar a instalação.

Ele explicou que a ausência desse equipamento em Roraima se deve a entraves estruturais e à necessidade de adequações técnicas no hospital responsável, mas garantiu que a situação será equacionada nos próximos meses. “O objetivo é que nenhum brasileiro precise sair do seu estado para fazer radioterapia. Isso significa acesso, significa vida.”

Tecnologia de ponta e impacto regional

Padilha lembrou que Itabira havia sido contemplada com um acelerador linear ainda em 2012, quando ele ocupava o Ministério da Saúde, na gestão de Dilma Rousseff, mas o projeto foi interrompido por gestões posteriores.

“Houve tentativas claras de tirar esse equipamento de Itabira. Tentaram levar para outra cidade. Tentaram desmontar o projeto”, afirmou. “A retomada só foi possível porque o presidente Lula voltou e recolocou o SUS no centro das prioridades.”

Padilha anunciou ainda novos repasses ao HNSD para ampliar a capacidade de atendimento. E confirmou que o governo federal financiará transporte e diárias para pacientes oncológicos. “Nenhuma família vai pagar do próprio bolso para buscar tratamento”, prometeu.

Paciente relata a rotina desgastante de viagem para tratamento

A paciente Elenita Barbosa, 52 anos, representou os usuários de Itabira do SUS ao relatar sua experiência.

Diagnosticada com câncer de mama, ela contou que descobriu a doença graças à carreta de mamografia, do Ministério da Saúde, que passou pela cidade anos atrás.

“Eu não tinha medo da quimioterapia. Eu tinha medo era da estrada”, disse, referindo-se à BR‑381. “Acordar de madrugada, pegar ônibus, chegar cansada, voltar sem forças… isso dói mais que a doença.”

Elenita afirmou que a possibilidade de realizar a radioterapia em Itabira muda completamente sua rotina. “Hoje eu estou muito feliz de poder fazer meu tratamento na minha cidade. Isso significa dignidade.”

Marco Antônio Lage lembra drama familiar

O prefeito Marco Antônio Lage também citou sua vivência pessoal com a doença ao recordar o tratamento de câncer de seu pai, Harcy Lage, há duas décadas. “Eu acompanhei meu pai em viagens longas e cansativas até Belo Horizonte. Era sair de madrugada, enfrentar a estrada, voltar exausto. Vi o desgaste, a angústia, o medo. Hoje, outras famílias não vão mais passar por isso”, afirmou.

Lage destacou que a radioterapia em Itabira atende a uma demanda histórica da região. “Esse serviço vai atender 27 municípios e cerca de meio milhão de pessoas. É o maior investimento da União na saúde de Itabira em toda a nossa história”, disse.

Ele também ressaltou que a instalação do acelerador linear fortalece o papel regional do HNSD. “Itabira passa a oferecer um tratamento que antes só era possível nas capitais. Isso muda a vida das pessoas e reorganiza toda a rede de atenção oncológica.”

Após o seu pronunciamento, o prefeito presenteou Lula com uma camisa do Valério, tradicional clube de Itabira, com o número 13 nas costas, em referência ao partido do presidente. O gesto arrancou risos do público e simbolizou, segundo Lage, o reconhecimento da cidade pelo investimento federal que viabilizou o novo serviço médico-hospitalar em Itabira.

A entrega do equipamento encerra uma espera de mais de dez anos e inaugura uma nova fase para a saúde pública regional. Com tecnologia de ponta, repasses garantidos, apoio federal e uma rede de atendimento estruturada, Itabira reforça sua posição como referência no tratamento oncológico, reduzindo desigualdades históricas no acesso à saúde.