Laços de sangue e de crime em Itabira do Matto Dentro – O massacre de ciganos em Alfié
Imagem: Portal Sonhos BR3 Pesquisa: Crtistina Silveira
1886 Telegramas. Do chefe de polícia de Minas. Acabo de receber o seguinte telegrama do subdelegado de Itabira: Ciganos conseguiram escapar da casa onde se achavam, no mesmo dia do conflito. Foi morto um, ficando nove feridos, alguns deles mortalmente. Deixaram bagagens, as mulheres andam perto. Escolta no encalço. [Gazeta de Notícias, 16/12/1886. BN-Rio]
Entrincheirados. Nosso correspondente de Itabira diz-nos que os ciganos estavam entrincheirados num sobrado de Alfié. O povo do lugar e o de Dionísio, povoação mais próxima, vigiava, constantemente armado a casa. Houve diversos tiroteios e constava que tinham sido mortos dois ciganos e dois soldados.
Notícias posteriores diziam que tinha havido 10 mortes. O delegado de Itabira partiu para Alfié, acompanhado do escrivão e de muitas pessoas. De Ouro Preto seguiram 10 soldados da cavalaria.
[Gazeta de Notícias, 19/12/1886. BN-Rio]
A resistência. Em razão de precatória expedida pelo juiz Municipal do termo do Rio Branco e visada pelo dr. chefe de Polícia da província, foi tentada com Alfié, termo de Itabira, a 14, a prisão dos ciganos João da Costa Gama, Vital José de Sant’Anna e Roberto Gama, criminosos naquele termo. Esses resistiram à ordem, travando-se conflito deles com a força, do que resultou em um morto e nove feridos, alguns mortalmente, da parte dos ciganos.
Logo que o dr. chefe de Polícia teve conhecimento do fato, a 12 fez seguir para Alfié uma força de 10 praças de linha, comandada pelo alferes João Paulo de Oliveira Carvalho, e determinou ao delegado de Polícia do Serro que fizesse seguir para o mesmo ponto, e em auxílio da mesma diligência, o destacamento dessa cidade, guarnecendo a respectiva polícia com paisanos, que devia contratar.
Por comunicação do subdelegado de polícia de Itabira, teve o dr. chefe de Polícia conhecimento de que os ciganos conseguiram escapar da casa onde haviam acastelado, deixando bagagens e as mulheres. Eram, porém, perseguidos pela força, em cuja diligência se acha o delegado de Polícia, do termo, cidadão Melchiades da Costa Lage.
[Diário de Pernambuco, 24/12/1886. BN-Rio]
Notícias Telegráficas. Itabira de Matto Dentro, 28 – Foram presos sete dos ciganos amotinados, graças à energia do alferes João Paulo e cadete Tassara, com oposição do subdelegado. Oito deles conseguiram fugir.
[Jornal de Recife (PE), 6/1/1887. BN-Rio]
Feitosa x Madeiras. Comunicam de Alfié que no dia 11 passado já os Feitosa estavam preparados para resistirem à força pública reforçada pelos ciganos da Serra da Onça e Sapé. Entrincheiram-se em um sobrado de Paula Moreira, onde permaneceram até o dia 20, quando chegou a força e comandada pelo alferes João Paulo, que os desalojou e prendeu-lhe 7 companheiros.
O grupo que acompanhava a força fez diabruras: e roubou, como por encanto esporas de prata, dentadura de ouro, papeis importantes, etc. etc.
Os presos seguiram para a cadeia de Itabira, onde aquartelou a força expedicionária. A opinião pública manifestou-se contrária ao procedimento do alferes, que em companhia dos guardas Madureira, Barbosa e Joaquim G. de oliveira, praticou barbaridades contra o grupo Feitosa, deixando em paz a malta capitaneada por Madeira e Joaquim Gomes. Fala-se em uma luta travada entre os Feitosas e os Madureiras nas cabeceiras do Rio Doce e na qual morreram alguns homens.
[Diário de Pernambuco, 26/1/1887. BN-Rio]
Cigano Mendonça. Na freguesia do Sapé, o cigano Mendonça por questões de ciúmes, disparou tiros, um em um escravo, matando-o instantaneamente, e depois dois em sua mulher, cujo corpo crivou também de facadas, ficando este em misero estado.
Segundo constou ao município, da cidade de S. João Nepomuceno, esse cigano é o mesmo que, tendo sido preso em Itabira, onde é criminoso, fazia escolta que o conduzia a Ouro Preto.
[Diário de Pernambuco (PE), 15/5/1887. BN-Rio]