Laços de sangue e crimes em Itabira do Matto Dentro – Aluno cega a professora e bancário desfalca banco em Santa Maria

Eduardo Kobra na Zona Portuária, Rio/RJ

Fotos: Reprodução/
Walker Tours/
Pesquisa: Cristina Silveira

1941 A primeira mulher entre jurados no Fórum

Matou para roubar – Manoel Venâncio, que matou em janeiro de 1940 o velho Antonio da Vargem, de que era, hospede, incendiando-lhe o cadáver, foi condenado a 12 anos e 6 meses. Pela primeira vez serviu uma moça entre os jurados na cidade de Itabira Manoel Venâncio matou Antonio da Vargem para roubar.

[A Noite (RJ), 1/10/1941. BN-Rio]

1941 Um tiro no peito

O pedreiro Joaquim Antunes suicidou-se, desfechando um tiro no peito. Ignoram-se os motivos do gesto do infeliz homem. Tudo indica, porém, tratar-se de um caso de perturbação mental.

[A Noite (RJ), 1/10/1941. BN-Rio]

1951 Procuradores da República: tradição em roubar

Subvenção a uma Santa Casa inexistente – O Tribunal de Contas acaba de receber uma denúncia do coletor federal de Santa Maria de Itabira, em Minas Gerais, que há no Orçamento da União subvenção consignada a uma Santa Casa daquele município, que de fato não existe. Sobre o assunto foi encaminhado um ofício ao Ministério da Educação, a fim de serem tomadas as providências que o caso exige.

 [Última Hora (RJ), 11/8/1951. BN-Rio]

Repercute novamente na Câmara o escândalo dos Gangsters da Caridade

Foi o seguinte o discurso pronunciado, ontem, na Câmara pelo deputado Muniz Falcão, sobre o problema da falsa caridade levantado por Última Hora, através de uma série de reportagens de Edmar Morel:

– Senhor presidente, submeti ao exame da Casa, projeto de resolução que tomou o número 43, propondo a criação de uma Comissão de Inquérito para investigar a aplicação das subvenções e auxílios orçamentários concedidos anos de 1946 a 1950.

Não existem as sociedades – Um depoimento muito mais grave acaba de chegar ao Tribunal de Contas da União, através do coletor federal de Santa Maria de Itabira, no estado de Minas Gerais, que apresentou denúncia a respeito de subvenções constantes nos orçamentos de 1948 a 1950, em favor do Hospital São Vicente de Paula de Santa Maria de da Santa Casa de Misericórdia, de Santa Maria de Itabira, da aludida cidade, agremiações, casas que são alí inteiramente desconhecidas.

[Última Hora (RJ), 14/9/1951. BN-Rio]

De 1951 aos nossos dias – a campanha da UH foi em junho de 1951 – foram suprimidos auxílios às sociedades caninas, como o Brasil Kennel Clube, que para fazer um desfile anual de cachorrinhos lulús e bases, amarradas com cordéis de crocodilo, recebia polpudas subvenções.

Uma senhora, por exemplo, na rua São Cristóvão, inaugurou um retrato de S. Jorge na sala de jantar e às terças-feiras realizava uma sessão espírita. Para Ogum conseguir baixar conseguiu 100 mil cruzeiros do ministério da Educação e Saúde.

A Santa Casa de Misericórdia de Santa Maria de Itabira e o Asilo das Indígenas Órfãs de Itambacuri, em Minas Gerais com 200 mil cruzeiros. As referidas organizações nunca existiram.

A praga dos procuradores – A lei de 13 de dezembro de 1951, desfechou um golpe de morte nos procuradores que trabalham à base de 10 a 20%. Dos 600 milhões de cruzeiros distribuídos em auxílios e subvenções às entidades de assistência social, na pior das hipóteses, 60 milhões de cruzeiros, anualmente, ficaram no bolso dos procuradores, enquanto a Campanha Nacional da Criança, dramaticamente, anuncia que morrem, anualmente no Brasil, antes de completar um ano de idade, cerca de 300.000 crianças.

[Última Hora (RJ), 30/11/1951. BN-Rio]

Eduardo Kobra, no Mural das Etnias, na Zona Portuária do Rio de Janeiro (Foto: Free Walker Tours)

1956 Ernesto Procópio, o honrado pai de família

Mulher diabólica instigou o roubo do bancário. Desfalque de um milhão: capturado em PetrópolisFoi capturado, ontem, o bancário Ernesto Procópio Duarte que, em fins do ano passado, na cidade mineira de Santa Maria de Itabira, deu um desfalque de cerca de um milhão de cruzeiros no Banco da Lavoura na agência daquela localidade.

O ladrão estava desaparecido tendo abandonado a família em Belo Horizonte, e fugido em companhia de sua amante Cecília Melo, a principal instigadora do roubo. Já, anteriormente, a mesma mulher levara um coletor federal de Sabará a praticar, também, um desfalque, no montante de 800 mil cruzeiros.

O bancário Ernesto estava em Petrópolis há mais de três meses, estabelecido – com nome suposto de João Alves – num armarinho na rua Pinto Amando. A mulher continua desaparecida.

O delegado Paulo Bretas determinou ao investigador Humberto o cumprimento do mandado de prisão expedido pela justiça mineira, tendo este policial, após a captura, recambiado o bancário para Belo Horizonte, onde ficará recolhido. Acredita-se que a investigada Cecília esteja homiziada em qualquer ponto de Petrópolis.

[Última Hora (RJ), 6/4/1956. BN-Rio]

1956 O Cruzeiro cai no Itambé

Incidente de aviação – Conhecem-se novos detalhes em torno do acidente de aviação, ocorrido em Itabira. Um bimotor do serviço aerofotogramétrico da Cruzeiro do sufixo PP-CCF, que procedia do Rio com destino a Caravelas, ao sobrevoar a localidade de Itambé, em Itabira, sofreu uma pane nos motores que pararam.

O comandante foi obrigado a uma aterrisagem forçada numa praia, tendo o aparelho sofrido avarias. São eles o comandante Henrique Figueiredo e sua esposa, Cléia Figueiredo e dois filhos do casal, o fotografo e a esposa deste. As vítimas foram internadas no hospital de Itabira.

[O Norte (PB), 13/10/1956. BN-Rio]

 Eduardo Kobra, no Mural das Etnias, na Zona Portuária do Rio de Janeiro (Foto: Free Walker Tours

1958 Antenor, o herói de Ipoema

Assassinado o popular – Belo Horizonte, 29 (Meridional) Reforços policiais de Itabira se deslocaram para o distrito de Ipoema, a fim de prestar serviços às autoridades que se acham empenhadas em restabelecer a ordem na vila.

Um soldado, segundo comunicação recebida pela Secretaria de Segurança, atirou contra um popular que comemorava a vitória do seu candidato Daniel de Grisolia nas últimas eleições.

A vítima soltava foguetes quando foi assassinado. O crime provocou revolta no povo de Ipoema, tornando-se necessária a intervensão da força policial sediada em Itabira, a fim de evitar maiores consequencias.

[Diário de Pernambuco, 30/10/1958. Hemeroteca BN-Rio]

Nota da redação – O motivo do crime foi o ódio incontrolado dos perdedores das eleições municipais de 1958. O atirador hospedou-se em frente a casa do que estava marcado para morrer, o seu Bolivar Duarte, eleitor e cabo eleitoral do prefeito eleito, Daniel Jardim de Grisolia.

No lugar onde é hoje a praça Augusto Guerra, em frente a igreja Nossa Senhora da Conceição, era o grande Largo, o centro da vida na vilazinha qualquer de casas entre bananeiras, mulhers entre laranjeiras pomar cantar… Devagar as janelas olham.

Do outro lado da rua, Antenor, funcionário de seu Bolivar, viu a mira na janela e num movimento rápido empurrou para fora da mira o seu Bolivar, levando o tiro em seu lugar. Antenor caiu sem vida no chão da terra. Eta vida besta! (Relembrado por Maria Cristina e Regina Maria, duas de Ipoema)

1965 – Educação: aluno cegou a professora

A professora Maria Leandro Porto, de 23 anos, da cidade de Itabira, ficou cega da vista esquerda, perfurada na sala de aula pela ponta de lápis de um aluno rebelde. Agora está nesta capital, tentando obter aposentadoria junto à Secretaria de Educação.

Na Assembleia Legislativa, onde foi solicitar a atenção dos deputados para o seu caso, contou que quando dava uma aula na quarta série do Grupo Escolar Coronel José Batista, foi agredida por um aluno de 14 anos, filho de um motorista do estado.

Segundo garantiu, o menino, indisciplinado e rebelde, estava desenhando sem prestar a menor atenção à aula. Advertido por duas vezes, reagiu de forma violenta, enfiando o lápis na vista da professora e esmurrou-a.

Sangrando muito, Maria Leandro Porto foi levada para o consultório de médico Eduardo Costa, que lhe prestou os primeiros socorros. Com o passar dos dias, como não apresentasse melhoras, veio a esta capital, onde se verificou que ficara cega.

Embora tenha perdoado o aluno “pois ele não é mau, apenas um pouco rebelde”, reivindica uma indenização do Estado pelas despesas que já fez com o seu tratamento, e aposentadoria integral por ter sido acidentada em serviço.

[Luta Democrática, 6/10/1965. BN-Rio]

1968 Banzé no Estádio Israel Pinheiro

Domingo último no Estádio Israel Pinheiro em Itabira, o juiz carioca José Mário Vinhas, vinculado ao futebol mineiro, foi agredido no termino do encontro, em companhia dos seus auxiliares. A polícia local, que parecia concordar com as restrições à atuação do trio, não tomou nenhuma providência para defender as autoridades do jogo.

[Diário de Pernambuco, 24/5/1968. BN-Rio]

1968 Fuzilou a noiva e estourou os miolos

Inconformado com o fato de sua noiva Rosarinha Fernandes da Silva (estudante, 18 anos), ter decidido terminar o noivado, alegando incompatibilidade de gênio, o jovem José Alcindo de Oliveira (solteiro, 19 anos), foi esperá-la nas proximidades da residência no bairro Itambé, no município de Itabira, em Minas Gerais e ao ter certeza do rompimento, sacou de um revolver, desfechando-lhe um tiro no peito.

Rosarinda caiu numa poça de sangue. Logo depois, José Alcindo encostou o cano da arma no ouvido direito e pressionou o gatilho, estourando os miolos, morrendo instantemente.

Em estado desesperador, Rosarinda foi conduzida pelo auto MG 2-95-65, dirigido por José Carmo Coelho, para o Pronto Socorro de Belo Horizonte, onde se encontra internada. Declarou o detetive Geraldo Elias, que os protagonistas da tragédia pertencem a tradicionais famílias de Itabira.

[Luta Democrática (RJ), 8/8/1968. BN-Rio]

 

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1 Comentário

  1. época difícil aquela, não podia votar em outro que tomava tiro
    agora toma cana
    e a professora, coitada, perdeu a visão de um olho, embora tenha perdoado o aluno
    e o trio de árbitros de futebol foi sempre um problema e os itabiranos costumavam resolver essas questões após as partidas em boas solapadas nos tais

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