Justiça condena grupo por ofensas ao neurocientista Miguel Nicolelis: vitória simbólica contra ataques à ciência
Miguel Nicolelis, professor da Universidade Duke e referência internacional em neurociência
Foto: Divulgação
A Justiça do Rio de Janeiro condenou, em primeira instância, quatro manifestantes que hostilizaram o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis durante uma palestra no Museu do Amanhã, em 2016. Nove anos após o episódio, os réus foram sentenciados ao pagamento de R$ 20 mil por danos morais, em uma decisão que reforça os limites entre crítica legítima e violência simbólica.
Nicolelis foi surpreendido por gritos e acusações infundadas de “assassino de animais” e “ladrão de dinheiro público” enquanto apresentava pesquisas científicas envolvendo experimentos com animais e testes clínicos.
No evento em questão, ele compartilhava avanços científicos desenvolvidos em um centro no Rio Grande do Norte, envolvendo pesquisas com potencial transformador na medicina.
A interrupção agressiva em um ambiente acadêmico, amplificada posteriormente por postagens nas redes sociais, levou à abertura de ação judicial. As provas incluíram registros digitais dos próprios manifestantes, posteriormente apagados, mas preservados por capturas de tela.
Para os advogados que representam Nicolelis, do escritório Rubens Naves Santos Jr., a condenação simboliza um passo importante na defesa da honra e do espaço civilizado de diálogo.
“A Constituição protege tanto a liberdade de expressão quanto a dignidade humana. Quando o discurso passa a atacar pessoas e não ideias, deixa de ser liberdade”, afirmou o advogado Wagner Pozzer.
Ataques à ciência em tempos de pandemia
Além de sua produção acadêmica e tecnológica, como os dispositivos que conectam cérebro e máquina, Nicolelis desempenhou papel de destaque no enfrentamento à pandemia da Covid-19, atuando como divulgador científico e voz ativa contra a desinformação.
Por essa atuação, tornou-se alvo frequente de negacionistas e grupos anticiência, enfrentando campanhas de difamação enquanto buscava levar esclarecimento à sociedade.
Professor emérito da Universidade Duke, nos Estados Unidos, Nicolelis é uma das maiores referências mundiais em neurociência, conhecido por projetos pioneiros no uso de interfaces cérebro-máquina.
