Jovens saindo às ruas e praças, como tem ocorrido em Itabira, podem voltar para casa contaminando idosos e pessoas com comorbidades, alerta médica infectologista

“Com a pandemia ainda avançando pelo interior do estado de Minas Gerais, e sem uma vacina cientificamente eficaz para imunizar a população, é imprescindível manter medidas preventivas, como o isolamento social e o uso de máscara sempre que estiver com outras pessoas por perto, principalmente idosos”, insiste a médica infectologista Andrea Cabral, do Hospital Municipal Carlos Chagas.

A médica Andrea Cabral pede ao jovem para se cuidar e ajudar a preservar a saúde dos idosos e de pessoas com comorbidades (Fotos: Carlos Cruz)

“O vírus é transmitido pelo ar por gotículas. E pode permanecer nas superfícies lisas, daí a necessidade de manter os ambientes sempre limpos”, é outra recomendação que ela faz, citando os cuidados necessários para não transmitir a doença em casa e nos locais de trabalho.

A preocupação é, sobretudo, com o grande número de jovens infectados na cidade, que, sem comorbidades, correm menos risco de sofrerem um agravamento da doença.

Entretanto, como a maioria pode estar infectada sem apresentar sintomas, mesmo sem saber, esses jovens acabam contribuindo para propagar em massa a doença, com as aglomerações festivas e recreativas.

Em Itabira, entre os mais de 2,2 mil casos confirmados, 88% são jovens e adultos com idade entre 20 e 59 anos – e 91,8% não possuem outras doenças associadas (comorbidades). Muitos sequer tiveram os sintomas da doença.

Portanto, mesmo que a maioria dos infectados não faça parte dos grupos de risco – e para eles a gripe pode ser mesmo só um pequeno resfriado, isso não significa que estão livres para transitar por todos os lugares como se a vida já tenha voltado para a desejada “normalidade”.

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde/PMI

Cuidados especiais

“O que a ciência diz é que os idosos têm mais risco por terem comorbidades e menos defesas. Temos que ter muito cuidado com os nossos idosos”, insiste a médica do HMCC.

Segundo Andrea Cabral, estudos científicos desenvolvidos na Inglaterra demonstram que o uso de máscara diminui o risco de contaminação de 2,3 para 1.

“Cuidar para não contrair o vírus é também preservar a saúde das pessoas próximas que a gente ama e quer bem, parentes e amigos mais idosos, e os que têm outras doenças”, defende a médica, recomendando mais altruísmo às pessoas neste momento de pandemia.

A recomendação é também para que não se converse em casa com os idosos sem o uso de máscara, assim como lavar as mãos e trocar de roupa sempre que voltar para casa.

“São premissas básicas que todos devem seguir até que surja uma vacina cientificamente eficaz e todos estejam imunizados”, insiste a médica infectologista.

“Devemos continuar com o isolamento social e sempre que possível permanecer em casa, preservando a nossa saúde e a de todas as pessoas que estão próximas.”

Indicadores

A taxa de isolamento social na cidade está muito baixa, com 36% na média dos últimos sete dias, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado nesta semana pela Secretaria Municipal de Saúde.

Para reduzir a propagação do vírus – e permanecer na onda verde – o aceitável é ter uma média acima de 50%. Outro indicador importante a ser avaliado é o ritmo de transmissão (RT) do vírus.

A média desse ritmo na última semana ficou em 1,07, oscilando nos sete dias entre 0.71 e 1.49. Ainda não acende o sinal vermelho, mas já indica que o risco de maior propagação é real – e está acontecendo.

“RT acima de 1.2 já começa a complicar. Se passar de 2, significa que uma pessoa infectada transmite a doença para mais duas pessoas. Aí já acende o sinal vermelho”, adverte Rosana Linhares, secretária municipal de Saúde.

“Se as pessoas descuidarem e acharem que a pandemia passou, podem colocar a perder todo o esforço e sacrifícios que têm sido feito pela grande maioria da população”, acrescenta.

“Devemos prosseguir com todos os cuidados, com os procedimentos conservadores. Só assim chegaremos ao fim da pandemia com a vacina sem muita gente afetada e com pequeno número de óbitos pela Covid-19”, é o que espera a secretária municipal de Saúde.

 

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