Itabira realiza, em dezembro, a 2ª Conferência Municipal de Meio Ambiente, preparatória para a 5ª Conferência Nacional com o tema Emergência Climática
A cidade sofreu com as queimadas e poeira de minério na estiagem deste ano, assim como tem enfrentado ondas de calor severas
Fotos: Carlos Cruz
Com o aquecimento global, o Brasil e o mundo já vivem a emergência climática, que é traduzida em eventos extremos e desastrosos, com sucessivas ondas de calor, enchentes como se viu no Rio Grande do Sul e em Petrópolis, secas severas na Amazônia e no Pantanal, além de outras situações extremas que infelizmente virão.
Trata-se de uma realidade global que está exigir mudanças radicais nas cidades – e também no campo – com adoção de medidas mitigatórias urgentes e de adaptação, que passam pelo plantio de mais árvores, redução de asfalto no perímetro urbano privilegiando o calçamento, construção de sistema de drenagem urbana, praticamente inexistente em Itabira, além de promover a educação ambiental sobre a importância de práticas sustentáveis.
Pois é para discutir e propor medidas emergênciais, como também de médio e longo prazo, que Itabira vai realizar a 2ª Conferência Municipal de Meio Ambiente e Clima, com o tema Emergência Climática, no dia 9 de dezembro, no horário de 8h às 17h, no auditório do Centro de Educação Ambiental, no Parque Municipal Natural do Intelecto, no bairro Campestre.
O evento é preparatório para 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), que acontece entre 6 e 9 de maio de 2025, com cinco eixos de discussão. Entretanto, na conferência em Itabira somente serão debatidos três temas: Mitigação, Adaptação e preparação para desastres (as barragens de rejeitos de minério devem ser tema central nesse eixo) e Governança.
Conforme salientou o gerente de Meio Ambiente, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Diego Pimenta, na reunião dessa sexta-feira (8) do Conselho Municipal de Meio Ambiente, os conselheiros do órgão ambiental municipal são delegados natos, com direito a propor e votar, tantos os titulares como também os suplentes.
Mas para isso é preciso que os conselheiros confirmem antecipadamente a participação, assim como devem fazer todas as demais pessoas interessadas em debater o tema na conferência municipal.
Para participar é necessário realizar inscrição a partir desta sexta-feira (8), pelo link: https://brasilparticipativo.presidencia.gov.br/processes/cnma/f/130/meetings/571
Mudanças urbanísticas
De acordo com o gerente de Meio Ambiente, a conferência municipal é uma etapa fundamental na construção de novas políticas públicas que sejam eficazes para o enfrentamento das mudanças climáticas no município.
“Esse evento não apenas nos oferece uma oportunidade de debater soluções sustentáveis, mas também fortalece o compromisso de toda a sociedade – incluindo o poder público, as empresas e a sociedade civil – na busca por um futuro sustentável e resiliente”, explica Diego Pimenta.
Será, portanto, uma oportunidade para a sociedade itabirana discutir mudanças e conceitos urbanísticos, como por exemplo, o excesso de pavimentação asfáltica na cidade em detrimento de calçadas, inclusive com a cobertura asfáltica de ruas que antes eram calçadas, com Itabira seguindo, até aqui, na contramão das tendências inovadoras para o enfrentamento da emergências climática em todo o mundo.
Outra pauta importante para mitigar as ondas de calor consiste na urgente instalação de hortos florestais na maioria dos bairros, ocupando áreas verdes/institucionais, que é para a cidade deixar de ser uma das menos arborizadas do país, segundo registra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Os hortos florestais contribuem para mitigar não só o calor, mas também retendo parte da poeira da mineração. Desempenham ainda o sequestro de carbono, quando as árvores absorvem o dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera, por meio da fotossíntese, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
É assim, com o debate local e com a apresentação de propostas de medidas mitigadoras no âmbito do município, que todos podem contribuir e cobrar medidas saneadoras e reparadoras.
Mais do que nunca, em tempos de emergência climática, é preciso mudar conceitos urbanísticos ultrapassados, como é essa ideia absurda de que asfalto é progresso, o que acontece em Itabira desde a década de 1960, quando o ex-prefeito Daniel Grisolia “vendeu” para a Vale as pedras de hematita do centro histórico para cobrir as ruas e avenidas com o “chão preto” – e que ainda permanece em tempos atuais.
É preciso também desencadear campanhas educativas para acabar com essa ojeriza de parte da população em relação ao plantio de árvores na cidade, quando muitos moradores agem na calada da noite, e mesmo à luz do dia, para extirpá-las de frente das residências, como se viu muitas vezes, historicamente, em Itabira.
Sobre a Conferência
Nas conferências municipais podem participar todo cidadão maior de 16 anos, ocasião em que serão escolhidos os delegados para representarem os municípios na conferência nacional.
Na etapa municipal, podem ser apresentadas duas propostas para cada eixo de discussão. Como serão três eixos em debate na conferência municipal, Itabira pode apresentar até seis propostas para discussão em âmbito estadual para depois seguirem, se aprovadas, para a conferência nacional.
Para isso, as propostas aprovadas na conferência municipal são encaminhadas à Comissão Organizadora Estadual, podendo ser incluídas no Caderno de Propostas, que por sua vez serão debatidas nas conferências estaduais.
Ainda segundo Diego Pimenta, participar das conferências municipais do meio ambiente traz inúmeros benefícios para as cidades brasileiras, como o acesso ao conhecimento e inovação, que todas as cidades brasileiras precisam adotar para enfrentar as emergências climáticas.
Itabira, cidade minerada há mais de 80 anos, não pode ficar na contramão dessas mudanças que são imprescindíveis para reverter esse quadro de rápido aquecimento global, dando a sua contribuição no âmbito do município.