“Itabira precisa de dois remédios: reparação e investimentos para romper com a dependência da mineração”, disse André Viana no lançamento do projeto Rio Tanque
Fotos: Carlos Cruz
Na solenidade de lançamento da pedra fundamental do projeto de captação de água do Rio Tanque, realizado nessa quinta-feira (20), no Centro de Educação Ambiental (CEA) da Vale, o presidente do Sindicato Metabase de Itabira e da Região, André Viana Madeira, trouxe reflexões importantes sobre o futuro do município.
Ele destacou que Itabira enfrenta um momento crucial e necessita de soluções estruturais urgentes, que ele classificou como “dois remédios”: reparação, que em parte vem com a água, cujo projeto de captação no rio Tanque está em andamento, além de investimentos robustos que possibilitem a diversificação econômica do município.
O evento foi marcado por celebrações, mas também por cobranças incisivas por parte do sindicalista. Viana ressaltou que a execução do projeto Rio Tanque, um investimento de R$ 1,17 bilhão financiado pela Vale, é aguardada há mais de 20 anos.
Daí que ele pediu agilidade nas obras, cuja conclusão está prevista para dezembro de 2027, conforme informações da Vale, a fim de viabilizar o abastecimento hídrico em Itabira e criar condições propícias para a instalação de novas indústrias no município.
Segundo o sindicalista, o projeto Rio Tanque é parte do cumprimento das condicionantes de água estabelecidas pela Licença de Operação Corretiva (LOC), emitida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em maio de 2000.
Esse compromisso, até então não cumprido pela mineradora, foi reafirmado por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2020 entre a Vale e o Ministério Público de Minas Gerais, sob a condução da promotora Giuliana Talamoni Fonoff.
Investimentos estruturais e sustentabilidade

André Viana enfatizou que a água deve ser apenas o começo de um processo mais amplo. Para isso, ele destacou a importância do programa Itabira Sustentável, que busca parcerias público-privadas para fomentar o desenvolvimento sustentável do município, envolvendo a Vale, a Prefeitura de Itabira e a sociedade civil.
Segundo ele, o projeto Rio Tanque tem potencial para impulsionar a diversificação econômica, estagnada ao longo dos anos devido à escassez de recursos hídricos.
“O Rio Tanque simboliza um rio literalmente salvando uma cidade, mas sua água precisa trazer também dignidade, empregos e novos investimentos. Itabira tem o direito à reparação histórica por tudo o que já contribuiu para a Vale, para o país e o mundo,” afirmou Viana.
Rodovia e reparação histórica
Como representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Vale, Viana também reivindicou o apoio da mineradora a outras obras fundamentais, como a duplicação da rodovia estadual que liga Itabira à BR-381-262.
Ele defendeu que essa iniciativa é estratégica tanto para o município quanto para a própria mineradora, considerando os impactos econômicos e sociais, uma reivindicação antiga que vai beneficiar toda a região.
“Itabira precisa de um compromisso genuíno por parte da Vale. Esse projeto não é uma benesse, é uma reparação histórica que precisa ser continuada,” reforçou o líder sindical, ao salientar o apoio que o município merece receber da companhia.
Itabira e a Segunda Guerra Mundial
Viana lembrou ainda a contribuição de Itabira para a história global. Foi quando ele destacou, em seu pronunciamento, que o minério de ferro extraído do subsolo da cidade foi essencial durante a Segunda Guerra Mundial, sendo utilizado na construção de armamentos que ajudaram os Aliados a derrotar o Eixo nazifascista.
“O navio que transportava o primeiro carregamento de minério para a Europa foi atacado pelos alemães. Itabira não apenas apoiou a economia nacional, mas também ajudou a salvar a democracia no mundo,” disse.
Viana encerrou seu discurso reafirmando a importância de reconhecer a cidade como peça-chave na história da Vale e na construção de um Brasil mais justo. “Itabira levou o nome da Vale para o mundo. Agora, é hora de a Vale retribuir com um compromisso verdadeiro para o futuro do município e sua gente”, cobrou.
Precisamos de mais árvores nativas na cidade e distritos. Recompor as matas ciliares é fundamental, nos rios, nos reservatórios de água, e também nas margens das estradas.