Itabira paga um dos menores salários da região aos professores municipais, mas negociações são iniciadas com a Prefeitura para reverter esse quadro

Fotos: Ascom/PMI

O que mais se ouve dos políticos é que educação é prioridade, que somente por meio de um ensino básico de qualidade, obrigação primordial do município, é possível transformar a realidade e criar uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna.

Mas não bastam discursos, reformar e construir novas escolas. É preciso, sobretudo, investir em recursos humanos, o que passa primeiramente por uma justa remuneração dos profissionais que atuam na área.

No país, como quase nada é consuetudinário, foi preciso estabelecer na Constituição de 1988,  criticada por grupos conservadores, que querem revogá-la para impedir o avanço do Estado de Bem-Estar Social, que o deputado Ulisses Guimarães (1916/92) tanto defendeu, para que fosse definido o percentual mínimo de 25% do orçamento dos entes federativos para melhorar a qualidade do ensino no país  .

Entretanto, mesmo passado tantos anos, a melhoria da qualidade do ensino ainda está para acontecer. Não se traduziu até então na valorização do corpo docente e dos demais profissionais que tornam a educação um instrumento de fomento da cidadania, da formação do cidadão que não se subjuga ao Estado autoritário e a todas as formas de opressão, sabedor de seus direitos e deveres, que não se cala diante das injustiças.

Injustiças essas que passam pela baixa remuneração e pelo aviltamento das condições de trabalho nas escolas, mesmo que os prédios estejam reformados por fora, mas sem condições de ministrar aulas de qualidade por educadores desvalorizados.

Arrocho salarial

A Prefeitura de Itabira, por exemplo e historicamente, dispõe de um dos maiores orçamentos do estado de Minas Gerais, mas não se prima pela valorização do profissional de ensino.

Entra governo, sai governo e a conversa se repete com o mantra de que só a educação muda a realidade, mas pouco se faz para mudar esse quadro. Não é de hoje que o município remunera muito mal os seus profissionais do magistério e os demais profissionais da educação.

Itabira paga um dos menores salários da região aos profissionais da educação, mesmo estando entre os municípios mais aquinhoados em arrecadação de impostos e royalties do minério, que não pode ser usado para pagar salários, exceto para a educação.

Os profissionais do ensino básico no município, assim como os do Estado, não reivindicam ganho real, mas que se pague pelo menos o piso salarial da categoria, que é obrigação posta em lei, além de outros direitos que também foram historicamente negados por sucessivos governos municipais.

Negociações

Representantes do governo municipal reuniram com sindicato para dar início às negociações de um novo piso salarial para o magistério e demais profissionais da educacao básica em ItabiraPois foi para dar início às negociações com a categoria que, nessa terça-feira (22), dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Municipais de Itabira (Sintsepmi), que também congrega também a categoria, reuniram-se com representantes do governo municipal para uma primeira rodada de discussão e negociação da pauta específica, que começa pela exigência do piso salarial.

Mas não deve ficar só nisso. Reconhecer essa absurda defasagem salarial é o primeiro passo, mas é preciso avançar para se criar uma base educacional que melhore o índice de desenvolvimento do ensino básico (Ideb), que caiu nos últimos anos em Itabira em relação a outros municípios mineiros.

“Vamos melhorar a nossa posição no Ideb, que caiu nos últimos anos, investindo na melhoria da qualidade do ensino municipal, já que nas escolas estaduais o indicador está um pouco melhor”, prometeu o prefeito Marco Antônio Lage (PSB), em discurso na posse da secretária de Educação, Laura Souza.

Um novo encontro entre representantes do governo  está agendado para esta quarta-feira (23), dessa vez com participação de uma comissão de professores, que é para ampliar a representação da categoria.

Pois se querem mesmo investir na educação, que comece valorizando o trabalho dessa imprescindível categoria, com justa remuneração não só para o magistério, mas também para todos os profissionais do ensino básico no município.

 

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