“Itabira não será esvaziada, não será uma cidade fantasma, temos essa dívida com o município”, disse Eliezer Batista, em 1980

No destaque, Lula com Eliezer Batista. À esquerda, o ex-presidente Roger Agnelli (1959/2016)

Foto; Acervo pessoal/
Reprodução/Trip
Vale 80 anos

Enquanto o anúncio dos projetos e investimentos para transformar Itabira em um “case de sucesso” da Vale não ocorre, ainda sem que se saiba de fato o que constará nesse “pacote de bondades” que o prefeito Marco Antônio Lage acredita que virá agora, juntamente com as “celebrações” pelos 80 anos de fundação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), completados nesta quarta-feira (1), leia a íntegra do discurso de Eliezer Batista, de 1980, que a Vila de Utopia transcreve, resgatado do acervo do Sindicato Metabase, repassado à reportagem pelo seu presidente André Viana.

“Itabira não será esvaziada. Não deixaremos que ela seja abandonada, transformada em uma cidade fantasma, um simples registro para a História. A nossa administração na CVRD está empenhada firmemente em restituir a Itabira a riqueza dela extraída e impedir que se repita o que ocorreu com inúmeras outras cidades ao fim do ciclo do ouro”, prometeu Eliezer Batista em nome da Vale, ainda sem que se cumpra.

Confira.

Discurso do presidente Eliezer Batista da Silva, da CVRD, pronunciado pelo doutor João José Batista Filho, em seu nome, no dia 27/04/1980, durante a inauguração do conjunto habitacional Juca Batista, em Itabira, MG.

Hoje é para mim, um dia particularmente feliz. E vários são os motivos que tenho para me sentir assim. Em primeiro lugar é sempre reconfortante voltar a Itabira e rever velhos e novos companheiros.

E em segundo lugar constatar mais uma vez o carinho que a gente dessa Terra sempre teve por mim e minha família, agora manifesto através de homenagem prestada à memória do meu pai, Juca Batista.

Por temperamento, sempre fui arredio a homenagens e discursar nunca foi uma das minhas vocações irresistíveis. Mas não poderia, de maneira alguma, perder essa oportunidade de reencontrá-los e aqui.

E ante uma plateia de operários e técnicos da Companhia Vale do Rio Doce, reafirmar nossos ideais de procurar cada vez mais o engrandecimento de nossa empresa, mas sem nos esquecer jamais de dar a Itabira a contrapartida de que ela sempre se fez merecedora por parte da CVRD, empresa responsável pela exploração das riquezas contidas no coração de sua Terra.

Itabira, sede histórica da CVRD, não desaparecerá dos anais da Companhia, como também não será relegada a ponto de referência ou índice técnico no desenvolvimento da empresa, assim como, ao esforço de seu trabalhador, o Brasil não dedicará apenas um registro em sua História.

A vida das jazidas que ajudaram a financiar os custos de transformação de um país continental será prolongada com a entrada em operação do projeto Carajás, a repartir com o Cauê e Piçarrão, o ônus desse financiamento. É o meu compromisso com a terra de meu pai, nascido no então distrito itabirano de São José da Lagoa.

Eliezer Batista com o ex-presidente Jânio Quadros (Foto: acervo pessoal/ReproduçãoTrip)

Itabira não será esvaziada. Não deixaremos que ela seja abandonada, transformada em uma cidade fantasma, um simples registro para a História. A nossa administração na CVRD está empenhada firmemente em restituir a Itabira a riqueza dela extraída e impedir que se repita o que ocorreu com inúmeras outras cidades ao fim do ciclo do ouro.

Para isso podemos relembrar aqui o compromisso público que assumimos ao final do ano passado, por ocasião da assinatura do convênio com a Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais para a construção do Centro Industrial Sócio-Integrado de Itabira – o novo polo – o que foi feito na presença ilustre do governador do estado.

Podemos então afirmar que aquele era “o primeiro passo na devolução do que a empresa retirou de Itabira”.

Tudo o que foi dito então, pode ser reforçado por novos projetos – já em andamento, como a construção de uma destilaria de álcool, o reforço de nossa participação acionária na Fermag, ajudando na sua expansão e na criação de novos empregos e outras iniciativas que venham ao encontro da preocupação dos itabiranos em converter sua economia hoje sentada na mineração numa economia industrial diversificada.

Estamos também participando dos esforços da comunidade no setor educacional com o suporte financeiro da Fundação Itabirana de Ensino para a construção do Centro Técnico Interescolar.

Eliezer Batista da Silva, em 27 de abril de 1980.

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1 Comentário

  1. Muito bom o resgate do discurso do “engenheiro do brasil”. Você recupera documentos do arco da velha. Mas a mineradora criminosa (marianabrumadinho), tá nem aí para questões de civilidade…. perdemos que começou em 1942.

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