Itabira faz parceria pedagógica-ambiental para engajar professores e alunos da rede municipal na defesa de seus rios e nascentes

Fotos: Carlos Cruz

A Prefeitura de Itabira acaba de assinar, nessa terça-feira (10), um acordo de cooperação com a Planetapontocom, uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip), para desenvolver um programa educacional nas escolas municipais em defesa de nossas nascentes e cursos d’água, com o apelo Cidades, salvem seus rios!

A parceria pedagógica-ambiental, segundo informa a assessoria de imprensa da Prefeitura, não acarreta ônus ao erário municipal, uma vez que integra a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), do Ministério da Educação, que define o conjunto de aprendizagens essenciais para ser desenvolvido na educação básica. E é patrocinada pela iniciativa privada.

Itabira vai ser piloto na implantação em Minas Gerais desse programa, implantado pioneiramente na cidade do Rio de Janeiro, em 2019. O sucesso foi tanto que em janeiro de 2021 foi oficialmente integrado à BNCC.

Nesse conjunto de aprendizagens essenciais está a defesa do meio ambiente, o entendimento do que são as mudanças climáticas, com as consequências desastrosas em todo o mundo. É nesse contexto que a proteção dos cursos d’água, imprescindíveis para a continuidade da vida na Terra, não poderia ficar de fora.

O rio Tanque nasce em Itabira e passa ainda limpo pela Serra dos Alves em direção à Senhora do Carmo (Foto: Carlos “Cabeça” Moura)

Proteção urgente e necessária

Com a implantação do programa, que aqui foi rebatizado de Esse rio é meu – Itabira, professores da rede municipal terão acesso à metodologia de ensino e aprendizagem prática, para que possam atuar com seus alunos na proteção e preservação de nascentes, córregos e rios existentes no entorno de suas escolas.

Para as escolas municipais urbanas de Itabira, a ênfase do programa será dada ao poço da Água Santa, com a sua água termal ainda preservada, assim como deve ser dada atenção ao córrego homônimo, que ainda está poluído, mesmo com os esforços do Saae para acabar com os esgotos domiciliares clandestinos que nele são lançados indevidamente.

Para saber mais, leia aqui:

Com caça e eliminação de parte do esgoto clandestino, poço da Água Santa já está despoluído, mas o córrego ainda não

A água do poço está limpa, mas o córrego da Água Santa ainda recebe esgoto clandestino, que precisa ser identificado e desativado

Poluição

Com Esse rio é meu – Itabira serão, inicialmente, envolvidos cerca de 10 mil estudantes da rede municipal, do ensino infantil ao fundamental, com participação de 950 professores.

Para alunos e professores da zona rural, nos distritos e povoados, a proposta deve ser a de debater e apresentar medidas para revigorar e proteger as nascentes dos rios de Peixe, Tanque e Jirau.

Atenção especial a esses rios deve ser dada também pelo executivo municipal. Os rios de Itabira estão definhando com o assoreamento de seus leitos, pela falta de mata ciliar em muitos trechos ocupados por pastagem, mas também pelo esgoto que ainda não é tratado, em sua maior parte.

O distrito de Ipoema dispõe de uma estação de tratamento, mas não dá conta de tratar todo o esgoto da sede, segundo disseram moradores em reunião da Câmara de Vereadores, em 22 de fevereiro do ano passado.

Leia aqui:

Ipoema não quer só asfalto para o Carmo, mas também tratamento de esgoto e coleta de lixo eficientes

O rio Tanque já chega poluído em Senhora do Carmo, distrito de Itabira, ainda sem tratamento de esgoto

Sem tratamento

A situação é ainda pior no distrito de Senhora do Carmo, que sequer ainda conta com uma estação de tratamento. Com isso, boa parte do esgoto domiciliar urbano acaba sendo lançado diretamente no rio Tanque, que definha. Só não é lançado “in natura” o esgoto das residências que contam com fossas sépticas.

O prefeito Marco Antônio Lage tem entre as suas metas de governo equacionar essas questões básicas de saneamento na cidade, distritos e povoados. Mas o tempo urge e “voa sem ser avião”.

No povoado Serra dos Alves a preocupação é com a ocupação desordenada, muitas vezes em área de proteção permanente. A Prefeitura precisa enfrentar com urgência essa demanda, coercitivamente e na forma da lei, e com investimentos, sob pena de poluir ainda mais o rio Tanque.

Informe-se mais aqui:

Fossas sépticas já não são suficientes em Serra dos Alves, que demanda sistema coletivo de tratamento de esgoto para proteger nascentes do rio Tanque

E aqui:

Sem tratamento coletivo de esgoto e crescimento desordenado ameaçam nascentes do rio Tanque em Serra dos Alves

Afinal, é desse rio que a cidade de Itabira vai suprir a sua população com água potável nas próximas décadas, já a partir de 2024, com a inauguração de um novo sistema de abastecimento, é o que também promete o prefeito.

Portanto, mais do que nunca é preciso proteger o rio Tanque, principal manancial de Itabira, sem se esquecer do também poluídos rios do Peixe e Jirau, uma vez que a cidade de Itabira trata pouco mais de 40% do esgoto domiciliar que gera.

Saiba mais aqui:

Itabira trata pouco mais de 40% do esgoto produzido na cidade, informa presidente do Saae

Ações práticas

Silvana Gontijo., da Planetapontocom, Marco Antônio Lage e Laura Souza, secretária de Educação, na assinatura de convênio de cooperação (Foto: Ascom/PMI)

Debater esses problemas nas escolas municipais é primordial, o que deve ser multidisciplinar, como propõe o programa, envolvendo questões de Matemática, Geografia, História.

E terá envolvimento, por óbvio, das secretarias Municipais do Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano, e Econômico, além do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e da Empresa Itabirana de Desenvolvimento Urbano (Itaurb).

“Com o programa vamos levar conhecimento aos estudantes das escolas públicas, mostrando o grande potencial dos rios que nascem e cortam o nosso município”, disse o prefeito na assinatura do convênio, com a promessa de implementar ações práticas para proteger todas as nascentes desses importantes afluentes dos rios Santo Antônio e Piracicaba, da bacia hidrográfica do rio Doce, que nascem em terras itabiranas.

“Esperamos que Itabira seja um polo de compartilhamento de conhecimento e sirva de exemplo para outros municípios de Minas”, é a expectativa que tem a idealizadora do programa e presidente da Planetapontocom, Silvana Gontijo.

A previsão é de o programa ter duração de dois anos letivos. Que traga bons frutos.

O rio de Peixe é o mais poluído de Itabira por receber mais da metade do esgoto da cidade sem tratamento, pelo assoreamento de seu leito e ausência de mata ciliar

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