Itabira está em chamas com queimadas tornando o ar irrespirável no Dia Mundial do Meio Ambiente
Fotos: Reprodução
Nesta quarta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, Itabira está em chamas. A estiagem mal teve início e as queimadas já proliferam por todo o perímetro urbano, inclusive em áreas da Vale, tornando o ar da cidade do minério ainda mais irrespirável.
São queimadas em lotes vagos para limpeza do terreno, como também na beira das estradas, provocadas pelos contumazes incendiários, possivelmente os mesmos que provocam esse atentado contra a saúde da população e ao meio ambiente já muito degradado todos os anos.
É história que se repete como tragédia ambiental também na zona rural com a arcaica técnica da coivara, que consiste na queima do mato seco para preparar o terreno para plantio, empobrecendo o solo com a morte dos micro-organismos que nele vivem, tornando-o mais fértil.
Se continuar nesse ritmo, é bem provável que neste ano Itabira venha a bater recordes de ocorrências, pelo clima seco e solo ressecado com as chuvas escassas na região.
Assim acontecendo, pode-se esperar pelo pior, com ocorrência também de grandes incêndios florestais, a exemplo dos que ocorreram na Serra dos Doze/Pontal, parque estadual do Limoeiro, Serra dos Alves.
São tragédias anunciadas, sendo que as autoridades municipais pouco ou nada fazem para reverter esse triste quadro de degradação ambiental.
A Prefeitura divulgou banners pelos meios oficiais com campanhas contra as queimadas. É pouco, precisa massificar a campanha por todos os meios (outdoors, busdoors, rádios, jornais, revistas, portais de notícias) e também nas escolas como matéria transversais em todas as disciplinas.
E, sobretudo, colocar os fiscais do meio ambiente e das posturas municipais em ação, indiciando criminalmente os proprietários de lotes que fazem queimadas, com multas pesadas, na forma da lei. Se a lei for branda, é preciso alterá-la para que se torne mais eficaz e punitiva, verdadeiramente coercitiva.
Danos ao meio ambiente e à saúde humana
Além de agravar e prejudicar o solo e devastar o meio ambiente, as fuligens e as fumaças dos incêndios florestais e queimadas agravam as doenças respiratórias da população, que em Itabira, neste período, sofre também com o aumento da poeira vinda das minas da Vale.
“São substâncias tóxicas”, afirma a professora Ana Carolina Vasques Freitas, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), campus de Itabira, graduada em Física pela Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) e pós-doutora em Ciência da Atmosfera.
“Já temos o problema da poeira neste período do ano. Fica em suspensão juntamente com as partículas das queimadas, o que agrava a saúde da população com doenças respiratórias que podem ocasionar mais pressão sobre sistema de saúde da cidade”, constata a professora universitária.
“É preciso também que a população se conscientize para mudar a cultura de se fazer queimadas para limpeza de lotes ou para o preparo do roçado, uma técnica arcaica ainda comum na agricultura.”
Infertilidade
Conforme explica a professora da Unifei, as queimadas tornam o solo infértil, diferentemente do que imagina o senso comum.
“As queimadas empobrecem o solo, acabam com a fertilidade ao matar os micro-organismos que fazem a decomposição da matéria orgânica, a reciclagem de nutrientes. Elimina potássio, fósforo, nitrogênio. E o agricultor vai ter que investir em adubo para fazer a correção do solo, muitas vezes sem o sucesso desejado”, acentua.
Além disso, as queimadas reduzem a umidade do solo e acabam por retirar a sua proteção, que são as raízes que seguram a terra. “É o que provoca erosão e o assoreamento dos cursos d’água, que são também atingidos pelas cinzas das queimadas.”
O impacto ambiental é ainda maior quando o agricultor utiliza fertilizantes para corrigir o solo empobrecido pelas queimadas. É quando os resíduos seguem também para os cursos d’água, poluindo-os.
“Existem estudos mostrando que as cinzas das queimadas interferem na fotossíntese da planta ao depositar as fuligens nas folhas”, acrescenta a professora Ana Carolina.