Itabira compartilha experiência de território minerado na conferência ambiental internacional em Belém (PA)

Fotos: Divulgação/
Ascom/PMI

Prefeito Marco Antônio Lage representou o município e a Amig-Brasil em painel sobre adaptação climática antirracista, destacando os desafios de cidades mineradas e o papel dos quilombos na construção de um futuro sustentável

Na manhã desta segunda-feira (17), o prefeito de Itabira e presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig-Brasil), Marco Antônio Lage (PSB), participou do painel “Adaptação Climática Antirracista e Justiça Climática nas Cidades”, na COP30, realizada em Belém (PA).

O painel foi promovido pelo Ministério da Igualdade Racial e foi mediado pelo itabirano Clédisson Geraldo dos Santos Júnior, Secretário de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial.

Reuniu representantes da gestão pública, da sociedade civil e do ativismo climático para discutir os impactos da crise ambiental sobre comunidades vulneráveis, especialmente aquelas historicamente afetadas por desigualdades raciais e sociais.

Lage apresentou Itabira como um “microcosmo do Brasil minerado”, destacando como a atividade extrativa moldou não apenas o território, mas também as desigualdades sociais e urbanas.

“Já estamos falando de como o ser humano vai se adaptar a um novo ambiente, um novo planeta, já devorado pelo sistema”, afirmou, questionando se o capitalismo será capaz de rever seus modelos produtivos em nome da preservação da “terra-mãe”.

Painel contou com participação de Karina Penha (Amazônia de Pé), Clédisson Geraldo dos Santos Júnior (mediador), Junior Aleixo (ActionAid Brasil) e Thaynah Gomes (Geledés – Instituto da Mulher Negra)
Quilombos, memória e reparação histórica

O prefeito também abordou a importância da titulação dos territórios quilombolas como parte de uma política de reparação histórica.

Segundo ele, proteger essas comunidades é garantir que o desenvolvimento respeite a memória e a dignidade dos povos que ajudaram a construir Itabira. “Integrar patrimônio, cultura e natureza é um ato de valorização da vida coletiva”, disse.

A sua presença no painel, e em outras atividades na COP30, reforça a atuação da Amig-Brasil sob sua liderança, que tem buscado ampliar o debate sobre justiça fiscal e ambiental nos municípios minerados.

Em abril, Lage lançou uma campanha nacional contra a sonegação bilionária de tributos por parte de grandes mineradoras, durante a 59ª Assembleia Geral da AMIG na Câmara dos Deputados.

Transição justa e parcerias internacionais

Além de participar do painel sobre justiça climática, o prefeito Marco Antônio Lage tem se reunido com instituições nacionais e internacionais durante a COP30, em busca de parcerias para projetos voltados à inovação, sustentabilidade e inclusão social.

Sua presença no evento é estratégica para fortalecer a agenda da transição justa, que é especialmente urgente em Itabira, que precisa urgentemente se tornar independente da mineração, por meio do desenvolvimento de alternativas econômicas e sociais.

Com uma população majoritariamente negra e marcada por desigualdades estruturais, Itabira enfrenta desafios complexos e persistentes.

A cidade necessita diversificar sua base produtiva, mas também garantir a preservação ambiental e a defesa dos interesses dos territórios minerados, que frequentemente ficam à margem das decisões sobre política mineral e compensações socioambientais.

“Estamos investindo em políticas públicas orientadas pela justiça climática, reconhecendo que os mais vulneráveis são também os mais expostos aos riscos ambientais”, afirmou Lage.

Amig-Brasil: articulação política e defesa dos territórios minerados

Desde que assumiu a presidência da Amig-Brasil, em janeiro deste ano, Marco Antônio Lage tem reposicionado a entidade como uma voz ativa na defesa dos interesses dos territórios impactados pela mineração, para que tenham voz ativa nas decisões sobre política mineral, tributação e sustentabilidade.

A nova fase da Amig é marcada por uma atuação mais incisiva em Brasília, com articulações junto ao Congresso Nacional, ministérios e órgãos reguladores, buscando garantir que os municípios minerados tenham protagonismo nas decisões sobre política mineral, justiça fiscal e sustentabilidade.

A participação de Lage na COP30 reforça essa estratégia de visibilidade e atuação política em espaços nacionais e internacionais.

Ao levar à conferência temas como racismo ambiental, exaustão mineral, reparação histórica e adaptação climática, o presidente da AMIG insere os desafios dos municípios minerados na agenda global, destacando a urgência de uma transição justa que contemple os direitos das populações locais e a preservação dos territórios.

Mais do que denunciar os passivos socioambientais deixados pela mineração, a Amig tem defendido a construção de um novo pacto federativo que assegure maior autonomia, recursos e instrumentos de planejamento para que essas cidades possam diversificar suas economias, proteger seus patrimônios naturais, históricos e culturais, além de garantir qualidade de vida para as futuras gerações.

Ao colocar os municípios minerados no centro do debate climático, a entidade reafirma seu compromisso com um modelo de desenvolvimento que não repita os erros do passado – e que reconheça o papel histórico dessas cidades na geração de riqueza para o país, muitas vezes à custa de profundas desigualdades sociais e degradação ambiental.

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