Itabira caminha para se tornar uma Cidade Inteligente, seguindo tendência global que ganha força no Brasil

Fotos: Carlos Cruz

O que Itabira, que já foi do Mato Dentro, mas que perdeu o sobrenome em nome da “modernidade”, tem a ver com o Brooklyn, bairro de Nova Iorque, Estados Unidos, que se transformou em um importante centro cultural e de entretenimento?

Ou com outras cidades e bairros brasileiros que foram revitalizados, a exemplo da Vila Leopoldina, em São Paulo (SP), que se transformou em um charmoso bairro da capital paulista com muitas atrações culturais, recreativas e comerciais?

Resposta: são bairros e Cidades Inteligentes, que Itabira também pode vir a ser com o projeto Itabira Sustentável, estruturados de tal forma a oferecer mais conforto, mobilidade, segurança e oportunidades de lazer e de trabalho, além de equipados com instrumentos urbanos que melhoram a qualidade de vida de seus moradores, facilitada por instrumentos urbanos modernos e informatizados.

Esse conceito de Cidade Inteligente já é uma tendência global na qual Itabira pode perfeitamente desenvolver, para deixar de ser uma aldeia, como um dia disse que seria o ex-presidente da CVRD Jorio Dauster (1999-2001) se não fosse a Vale, para se transformar em uma cidade sincronizada com as conquistas necessárias ao bem-estar moderno, equipada com eficientes meios de comunicação, mobilidade e sociabilidade.

Em uma cidade inteligente, a área urbana dispõe de avançados equipamentos de tecnologia, como coleta e disponibilidade de dados que facilitam a vida, com sustentabilidade e eficiência das operações na cidade, a começar pelos meios de transportes coletivos urbanos, energia renovável, comunicação.

É um conceito que surge com esse “admirável mundo novo” da internet. Com ele sendo implementado, a vida na Cidade Inteligente melhora bastante para os habitantes, quando há, por exemplo, dados disponibilizados sobre os serviços públicos em tempo real.

É também inteligente quando o serviço de coleta de resíduos não é mais feito pelo arcaico sistema de coleta domiciliar, passando a ser por contêineres basculháveis, assim como quando a cidade investe em uma central de resíduos, aplicando-se os princípios da reciclagem, com reaproveitamento do que é possível preliminarmente.

Algumas dessas mudanças já estão sendo implementadas em Itabira, com planejamento urbano de curto, médio e longo prazo, conforme ações básicas e estruturantes contidas no projeto Itabira Sustentável, uma parceria da Prefeitura com a mineradora Vale, lançado em 30 de novembro do ano passado, mas que muito ainda tem por avançar para transformar ações e projetos em realidade.

Revitalizações

Em uma Cidade Inteligente é inconcebível ter esse emaranhado de fiação elétrica e telefônica exposta, poluindo o centro histórico de Itabira

Como parte dessa transformação urbana, a revitalização do centro histórico de Itabira é fundamental e prioridade. Trata-se de um local com grande potencial turístico e comercial, hoje subaproveitado.

E que pode sair da letargia que tomou conta desse precioso espaço itabirano, do que ainda restou da destruição do passado – e até mesmo recentemente – de seu patrimônio histórico e arquitetônico. Para isso é preciso urgentemente retirar o emaranhado de fiação elétrica e telefônica exposta a poluir o visual do centro histórico, que precisa ter uma ocupação mais nobre para atrair turistas pela Cidadezinha Qualquer que o poeta tanto exaltou.

No bairro novaiorquino do Brooklyn, por exemplo, uma antiga área industrial desativada (e Itabira terá no futuro minas desativadas, que precisarão ter uso futuro inteligente e sustentável), atualmente comporta uma variedade de estabelecimentos comerciais, culturais e residenciais, um lugar bom para morar e visitar.

Transformação semelhante aconteceu também na Vila Leopoldina, em São Paulo, com revitalização modernizante. Com a área industrial revitalizada, a vila transformou antigas fábricas em lofts residências,  além de dispor de escritórios modernos, serviços, bares, restaurantes, espaços de cultura, o que tem atraído inúmeros investidores e turistas.

Em Itabira, além das futuras cavas exauridas da mineração que devem passar, assim se espera, por transformações inteligentes, e que não sejam competições motorizadas promovidas pela Red Bull, como sugere um yupizinho da Vale que cuida de uma diretoria de Uso Futuro, outros espaços urbanos podem também passar por mudanças estruturais revitalizantes.

É o que de certa forma já vem ocorrendo na avenida Mauro Ribeiro, uma antiga pera ferroviária que foi desativada, por força de uma condicionante ambiental da Vale, transformando-se em um novo centro comercial de Itabira, mas que muito ainda há por evoluir com novas e modernas ocupações.

Avenida Mauro Ribeiro: uma antiga pera ferroviária se transforma em um moderno centro comercial que tem tudo para ser melhor equipado no futuro próximo

Itabira Sustentável

“Esse conceito de Cidade Inteligente está contido no projeto Itabira Sustentável, que será desenvolvido em várias áreas, com investimentos em infraestrura, saneamento, educação, turismo, cultura”, diz o engenheiro José Maciel Duarte Paiva, que coordena o projeto, antes como secretário e assessor especial do prefeito Marco Antônio Lage (PSB), hoje como voluntário.

“Com esse conceito de Cidade Inteligente, o projeto prevê a total reformulação do transporte coletivo público urbano, com conectividade por meio de aplicativos, horários certos e itinerários bem definidos e que podem ser acompanhados em tempo real, beneficiando os moradores que fazem uso desse serviço público fundamental”, ele adianta.

A informática é o grande instrumento para que processem essas urgentes ações. “A segurança na Cidade Inteligente é reforçada preventivamente, com câmeras que já estão sendo instaladas na cidade, com as transformações das ruas e avenidas em espaços inteligentes, democratizando o acesso à internet”, complementa José Maciel.

José Maciel Paiva, coordenador voluntário do projeto Itabira Sustentável (Foto: Reprodução)

Outras transformações previstas no projeto Itabira Sustentável, para o curto, médio e longo prazo, incluem os programas de Requalificação Urbanística do Centro Histórico, além da revisão do Plano Diretor.

A última atualização desse plano aconteceu em 2016 – e deve ser periódica para se adequar às mudanças urbanísticas, econômicas, sociais e ambientais.

Para a diversificação econômica, que está emperrada em Itabira por falta de água e também por falta de espaços disponíveis no Distrito Industrial I, ocupado predominantemente por empresas prestadoras de serviços à Vale, quase uma extensão do canteiro de serviços da mineradora, a proposta contida no Itabira Sustentável é implantar um novo condomínio industrial.

O local para a instalação desse novo distrito industrial ainda não está definido, mas tem grande chance de ser na antiga Fazenda Palestina, próxima da barragem de Santana com toda a sua disponibilidade hídrica.

Hortos florestais, parques, jardins, plantas medicinais

Para uma cidade ainda minerada que, segundo o IBGE, é uma das menos arborizadas do país, a proposta é ampliar o mosaico de áreas verdes urbanas, com plantio de espécies arbóreas nativas em áreas verdes/institucionais na maioria dos bairros, com a implantação de hortos florestais.

Há ainda muitos outros programas de melhoria e modernização contidas no projeto Itabira Sustentável, como é o caso do projeto piloto de urbanismo tático, uma abordagem inovadora de intervenção urbana.

Consiste de uma série de intervenções na cidade, com novas configurações do espaço urbano, ainda em caráter experimental para testar a aceitação e funcionalidade.

É o caso, por exemplo, dos contêineres instalados experimentalmente no bairro Campestre, utilizados na coleta coletiva de resíduos urbanos, em substituição ao arcaico e desumano serviço de coleta domiciliar, um trabalho perigoso e insalubre ainda existente em Itabira.

Conteineres instalaldos no bairro Campestre, uma experiência piloto para substituir a coleta domiciliar, arcaica, insalubre e perigosa para quem trabalha nesse serviço

São propostas para melhorar a convivência urbana, com mais segurança viária, acessibilidade universal em calçadas e vias urbanas, que incluem a implantação de ciclovias, melhoria já em curso do sistema de transporte coletivo, com eletrificação de parte da frota urbana.

São propostas que podem parecer utópicas, mas que, como bem disse Eduardo Galeano, são as utopias que fazem caminhar e seguir em frente, como é o projeto de um Geo-Museu, proposta de uso futuro para as instalações indústrias e áreas desativadas da mineração em Itabira.

Importante incorporar também nessa proposta de construção de uma Cidade Inteligente, com espaços coletivos realmente a serviço do público, acessíveis a todos com funcionalidade e acessibilidade, o que está contido no Plano Regional de Fechamento Integrado das Minas de Itabira (PRFIMI), de 2013.

Esse PRFIMI foi elaborado pela Tüv Süd Bureau de Projetos e Consultoria, com o qual a mineradora Vale cumpriu a obrigação legal de apresentar esse plano à agência reguladora da mineração.

Nesse plano consta a proposta do Ecoparque Cauê, cujo “driver indutor” deve ser a produção de insumos terapêuticos para hospitais e indústria farmacêutica, com cultivo de plantas medicinais nas pilhas de estéril dispostas nas cavas exauridas – e também no platô da pilha Convap.

O documento foi apresentado ao antigo Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), e possivelmente também ao mercado, exceto para Itabira que é sempre a última a saber. Faz referência à política já em curso de tornar o município polo macrorregional em saúde, com a diversificação e fortalecimento do setor de atendimento médico-hospitalar-farmacêutico. Inclui, ainda, a construção de um novo hospital na cidade.

“Procurou-se privilegiar, nesse ecoparque industrial, ênfase em áreas das ciências médicas que apresentem um alto potencial de retorno monetário, favorecendo, portanto, a reanimação da economia da cidade de Itabira após o encerramento das atividades de mineração”, frisa o documento que Vila de Utopia compartilha para conhecimento geral aqui:

https://viladeutopia.com.br/wp-content/uploads/2022/01/Fechamento-Itabira-OS_16_RC-SP-046-13_R1_Vol_I-II-4.pdf

Trata-se de um projeto que, se for para valer e não de ficção, servindo apenas para cumprir formalmente uma obrigação legal, tem tudo a ver com o conceito de Cidade Inteligente, tornando-se uma compensação histórica e necessária por toda a riqueza mineral já extraída e por extrair do subsolo de Itabira, que muito contribuiu para a Vale se tornar uma das maiores empresas de mineração do mundo.

Serviço

Para saber mais sobre o projeto Itabira Sustentável, após as eleições acesse o site http://sustentável.itabira.mg.gov.br (no momento em manutenção e fora do ar para cumprir exigência legal)

Uma complilação do projeto pode ser também acessado aqui:

Itabira Sustentável

 

 

 

 

 

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