Independência ou morte?
Rafael Jasovich*
A pergunta encontra eco na canção A Cara do Brasil, de Vicente Barreto e Celso Viáfora
O Brasil é o que tem talher de prata
Ou aquele que só come com a mão?
Ou será que o Brasil é o que não come
O Brasil gordo na contradição?
(…)
O Brasil é uma foto do Betinho
Ou um vídeo da Favela Naval?
São os trens da alegria de Brasília
Ou os trens de subúrbio da Central?
(…)
O Brasil encharcado, palafita?
Seco açude sangrado, chapadão?
Ou será que é uma Avenida Paulista?
Qual a cara da cara da nação?
A gente é torto igual Garrincha e Aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se virar sozinho
Decerto então nada vai dar
A independência formal do Brasil é controversa. Em primeiro lugar, não foi um processo pacífico. Tampouco foi um processo revolucionário. A independência serviu aos interesses de nações europeias.
E hoje voltamos a ser essencialmente agroexportadores, uma economia de commodities. Falar em independência é complexo, então é mais fácil dizer que o Brasil não é um país plenamente soberano. E nunca foi. É triste dizer isso, mas é a verdade.
Para ser soberano – e até mesmo independente, pois independência é basicamente exercício pleno de soberania –, é preciso que exista um sentimento nacional alicerçado em condições de vida dignas para todas e todos, estabelecendo uma sólida e comprometida comunidade nacional.
E para tanto, no século 21, é preciso de Educação, Ciência e Tecnologia na busca por inovações – essa deve ser a marca da industrialização. É preciso, portanto, uma economia a serviço das pessoas brasileiras.
E nossa história é das brasileiras e dos brasileiros a serviço do capital estrangeiro e de seus sócios minoritários e provincianos, os perdulários empresários brasileiros, forjados na nefasta lógica da casa grande & senzala.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, ativista da Anistia Internacional.