Incêndio no Pico do Amor é recorrente e criminoso. Suspeito é investigado, diz secretário
Foi preciso reunir brigadistas da Vale, que foram os primeiros a chegar, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros Militar para, depois de um longo combate, conseguirem debelar o incêndio provocado no início da noite dessa terça-feira (14), no pico do Amor.
Em pouco tempo o fogo atingiu, com grande velocidade de propagação, a floresta homogênea de eucalipto que todo sofre com esse sinistro. Fica na encosta do Parque Natural Municipal do Intelecto, próximo da Concha Acústica
No mesmo horário, outros focos de incêndio florestal atingiram a cidade, com destaque também para o ocorrido no bairro Praia, atingindo inclusive um condomínio na saída para Nova Era. Outros incêndios foram debelados no alto do bairro São Pedro e também na região do Pontal.
Com o clima seco, umidade relativa do ar extremamente baixa, variando entre 12% e 20% no dia de ontem, condições meteorológicas que repetem nesta quarta-feira (15), os carbonários entram em ação.
“A suspeita, que está sendo investigada, é que esses incêndios tenham sido provocados por um homem que foi visto em uma moto colocando fogo em vários pontos da cidade”, revela o secretário municipal de Meio Ambiente, Denes Lott.
Portanto, não há dúvida de que foi um incêndio criminoso, como todos que têm ocorridos na cidade. “O fogo foi bravo e se espalhou rapidinho”, conta o secretário, que esteve pessoalmente no local.
“Quem acionou a equipe de Meio Ambiente foi uma funcionária do Memorial Drummond. Só conseguimos debelar o incêndio no Pico do Amor após a chegada dos bombeiros militares, que atrasaram por estarem fora na hora da ocorrência, em atendimento em Santa Bárbara.”
Segundo Denes Lott, outros focos de incêndios ainda estão sendo combatidos ainda hoje pelos bombeiros na região do Laboriaux e Oliveira Castro, na saída de Itabira para Nova Era.
Costume arcaico
É assim que o ar em Itabira tem ficado carregado de fuligem, atingindo a população com fumaça tóxica das queimadas e incêndios florestais.
De acordo com a professora Ana Carolina Vasques Freitas, da Unifei, graduada em Física pela Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) e pós-doutora em Ciência da Atmosfera, é preciso acabar com essa cultura de usar o fogo para limpeza de lotes e preparo do roçado.
“É uma técnica arcaica ainda comum na agricultura”, critica a professora, que se preocupa também com a ação de vândalos que sentem prazer em colocar fogo na mata, com graves danos à flora e à fauna.
“As queimadas empobrecem o solo, acabam com a fertilidade ao matar os micro-organismos que fazem a decomposição da matéria orgânica, a reciclagem de nutrientes. Elimina potássio, fósforo, nitrogênio”, acentua a professora.
Além disso, diz, as queimadas e os incêndios florestais reduzem a umidade do solo e acabam por retirar a sua proteção, que são as raízes que seguram a terra. “Provocam erosão e o assoreamento dos cursos d’água, que são também atingidos pelas cinzas.”
Impactos na saúde
Toda essa situação acaba por colocar mais pressão sobre o sistema de saúde da cidade. E agrava ainda mais com o aumento da poeira da mineração nesta época do ano.
É que além de empobrecer o solo, a saúde da população é super impactada pelos incêndios florestais e queimadas. “Liberam vários poluentes tóxicos”, adverte a professora Ana Carolina.
“Causam irritação nos olhos, no nariz, na garganta, nos pulmões. Impactam o sistema respiratório e também o cardiovascular, além de agravar a saúde para quem tem asma, bronquite e outras doenças respiratórias.”
Portanto, a exposição à fumaça por longo prazo, como é o caso em Itabira, que sofre com queimadas recorrentes, pode inclusive causar mortes prematuras.
“O material mais fino penetra no sistema respiratório e a gente não vê. As partículas liberadas pelas queimadas contém dióxido de carbono, um gás de efeito estufa que impulsiona também as mudanças climáticas”, acrescenta.
“É esse material inalável, que a gente não vê, que penetra no sistema respiratório”, acrescenta a professora, referindo-se ao PM 2.5, que começou a ser medido em dezembro em Itabira pela rede automática de monitoramento da qualidade do ar da mineradora Vale.
“São vários gases que resultam de uma queima incompleta, como o monóxido de carbono, oxido nitroso, dióxido de nitrogênio”, relaciona a professora.
Já a fuligem das queimadas, um material particulado mais grosso, libera partículas que são visíveis – e que igualmente impactam a qualidade do ar e a saúde da população com a emissão de hidrocarbonetos e dioxinas.
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Há que denunciar esses incendiários e para isso existe a polícia ambiental e fazer pagar pelo crime que cometeram. Meu nariz vai agradecer e os narizes da família do incendiário também.
É um absurdo que ainda haja pessoas capazes de cometer um crime desse. Com tanta campanha para que se preserve o meio ambiente, a água tão escassa, seca total, o mundo chegando ao caos… Tomara que identifiquem logo esse marginal e que ele seja severamente punido.
Deveria instalar um hidratante próximo a colcha agustica, com o objetivo de controlar os focos de incêndio que todo ano acontece na mata do pico do amor.
Acho que deve ser instalado um hidratante próximo a colcha agustica no pico do amor.
Fica mais fácil combater os focos de incêndio.