Hoje é Dia de Jazz – a celebração mundial do gênero que moldou a música moderna

Fotos: Divulgação/
Unesco

Jazzistas de todo o mundo partipam das celebrações do Dia Internacional do Jazz nesta quarta-feira na cidade de Abu Dhabi 

Nesta quarta-feira (30) é celebrado o Dia Internacional do Jazz, instituído em 2011 por influência do pianista americano Herbie Hancock, que naquele ano assumiu o cargo de Embaixador da Unesco para o Diálogo Intercultural.

Segundo o Instituto Hancock de Jazz, desde então, essa forma de arte tem sido reconhecida mundialmente por promover a paz, o diálogo entre culturas e o respeito aos direitos humanos e à dignidade humana.

Para Hancock, “o jazz é uma linguagem de unidade e um farol de esperança que continua a inspirar novas gerações de artistas de todos os cantos do mundo”.

Além de ser um gênero sofisticado, apreciado por colecionadores de discos de vinil e amantes de toca-discos, o jazz tem sido, desde seu surgimento, um símbolo de criatividade, resistência e inovação.

As origens do jazz e seus maiores ícones

O jazz nasceu no início do século XX em Nova Orleans, nos Estados Unidos, resultado da fusão entre tradições afro-americanas, ragtime, blues e influências europeias.

Entre os pioneiros do gênero, destacam-se Buddy Bolden, frequentemente citado como um dos primeiros improvisadores do jazz, e Louis Armstrong, cujo trompete e voz rouca ajudaram a definir o estilo.

Ao longo das décadas, o jazz se reinventou com novos subgêneros, do bebop de Charlie Parker e Dizzy Gillespie ao cool jazz de Miles Davis, que revolucionou o som com álbuns como Kind of Blue (1959) e Bitches Brew (1970).

Outros mestres do gênero incluem John Coltrane, com sua abordagem espiritual e inovadora no saxofone, Thelonious Monk, cujo piano dissonante criou composições icônicas como Round Midnight, e as vozes marcantes de Ella Fitzgerald e Billie Holiday, eternizadas por interpretações emotivas e técnicas brilhantes.

O jazz e suas influências na música brasileira

Nos anos 1950 e 1960, a influência do jazz chegou ao Brasil, transformando profundamente a música nacional.

Um dos frutos dessa fusão foi a bossa nova, criada por João Gilberto, Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, que incorporaram harmonias jazzísticas à cadência do samba, resultando em clássicos como Garota de Ipanema e Chega de Saudade.

Além da bossa nova, surgiu o samba-jazz, um estilo que misturava improvisação e sofisticação instrumental ao ritmo brasileiro. Jorge Ben Jor, por exemplo, levou essa fusão para suas composições, criando um som inovador que influenciou gerações.

Outros nomes como Sérgio Mendes, Eumir Deodato e Raul de Souza ajudaram a expandir o jazz brasileiro pelo mundo, colaborando com artistas internacionais e adaptando as sonoridades estadunidenses à identidade nacional.

Entre os músicos que consolidaram essa ponte entre o jazz e a música brasileira, destacam-se Airto Moreira e Flora Purim. O percussionista e a cantora foram fundamentais na difusão do jazz fusion e do jazz brasileiro no exterior, colaborando com grandes nomes como Miles Davis e Chick Corea.

Flora Purim, com sua voz marcante e técnica refinada, tornou-se uma das principais intérpretes do gênero, enquanto Airto Moreira revolucionou a percussão no jazz, misturando ritmos brasileiros com improvisação livre. Juntos, ajudaram a levar a sonoridade brasileira para o cenário internacional, influenciando gerações de músicos e consolidando o Brasil como um dos polos do jazz mundial.

Outro nome essencial nesse cruzamento entre jazz e música brasileira é Hermeto Pascoal. Multi-instrumentista e compositor inovador, Hermeto colaborou com grandes nomes do jazz, incluindo Miles Davis, que incorporou composições suas no álbum Live-Evil (1971). Sua música é marcada pela experimentação e pela fusão de elementos do jazz, da música erudita e dos ritmos brasileiros, criando uma sonoridade única e sofisticada.

Naná Vasconcelos, por sua vez, foi um dos percussionistas mais respeitados do mundo, levando a percussão brasileira para o jazz internacional. Com sua abordagem inovadora, Naná colaborou com artistas como Pat Metheny e Egberto Gismonti, além de integrar projetos que exploravam a fusão entre jazz e música brasileira. Sua habilidade em criar atmosferas sonoras únicas fez dele um dos músicos mais influentes no cenário do jazz mundial.

Outro nome fundamental dessa fusão entre jazz e música brasileira foi Moacir Santos, multi-instrumentista e compositor inovador. Seu álbum Coisas, lançado em 1965, misturou elementos de jazz, música erudita e ritmos afro-brasileiros, criando uma sonoridade única e sofisticada.

Santos influenciou gerações de músicos e ajudou a consolidar a presença do jazz na música brasileira, abrindo caminho para novas experimentações e fusões sonoras.

O impacto e a celebração global do jazz

Reprodução/Unesco

Hoje, o jazz é celebrado em mais de 190 países, com concertos, workshops e eventos especiais organizados pela Unesco e pelo Instituto Hancock de Jazz.

A cada ano, um país é escolhido como Global Host, e neste ano, a cidade de Abu Dhabi será o epicentro das comemorações, reunindo músicos de diversas partes do mundo.

Seja nos clubes de Nova Orleans, nos festivais europeus ou nas ruas do Rio de Janeiro, o jazz continua vivo e vibrante, conectando gerações e transcendendo fronteiras.

Com sua capacidade infinita de renovação e improvisação, ele segue sendo um dos maiores patrimônios culturais da humanidade.

Assista e acompanhe as celebrações do Dia Internacional do Jazz na cidade de Abu Dhavi aqui

 

 

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *