Hidrogênio: virtudes sem purificação

O hidrogênio tem três vezes mais energia do que a gasolina e não libera gases poluentes (Imagem: peterschreiber.media)

Veladimir Romano*

A consciência energética sobe na temperatura dos governantes europeus procurando alternativas ao petróleo sem querer perder corridas que mais tarde possam comprometer qualquer itinerário das economias. Entretanto, para castigo calculista, petróleo, fraturamento hidráulico e gás estão aparecendo em boa e grande quantidade um pouco por todos os lados do planeta.

A mais recente descoberta de petróleo e gás nas Filipinas, Mianmar, Azerbaijão, São Tomé e Príncipe, norte da Síria ou na zona marítima da ilha do Chipre, a exemplo, são novas dores de cabeça aos movimentos ambientalistas. Conquanto aos governos, eles topam lucros garantidos e rápidos com novos acordos entre Israel, Grécia, e Chipre, favorecendo suas empresas. E assim garantem energia na hora sem (re)converter suas economias.

Entretanto, da produção petrolífera com sucesso como a Escócia e Noruega, têm-se fortes indícios de mudança estratégica sobre o futuro energético sem hesitação, ainda que sejam grandes produtores criando seus planos rapidamente colocados na prática. E olham ao futuro das energias limpas.

A Escócia anunciou para finais de 2022 uma reforma energética atualizando sistemas onde o hidrogênio (H2) terá toda a prioridade. Será o primeiro país do mundo organizando energia a 100% com base hidrogênica. No entanto, Noruega também efetiva igual transformação até 2030. No país nórdico veículos já entraram numa era elétrica com mais de 54% no mercado, o mais alto de um país carregado de gás e petróleo.

Voltando ao bombástico anúncio dos governantes escoceses, até 2030 a grande maioria das habitações do país estará abastecida de hidrogénio na percentagem máxima.

No meio de tanto entusiasmo, algumas perguntas legítimas terão de ser colocadas: com tanta exigência pela frente, riqueza natural ao pé da porta, que vão fazer estas nações com a produção petrolífera? Terá assim o hidrogênio tantas virtudes favorecendo ou ajudando equilíbrios climáticos?

Estará o processo capitalista numa variação, compreendendo alterações, estudando quedas ou mesmo analisando o esgotamento do seu sistema? Ficaram as multinacionais atrasadas em relação às exigências ecológicas e cuidados?

Não é de acreditar que o sistema capitalista venha perder terreno. É de crer que já estejam criando o próximo grande movimento dominante sobre as próximas fontes energéticas.

Pelos estudos das Nações Unidas, especialistas afirmam: da extração do gás de xisto com danos para a saúde causados no efeito do metano (CH4), passaram em custos hospitalares mundiais de 13 para 29 bilhões de dólares ano, enquanto cada arrecadação desta indústria petroleira alcançou quase 70 bilhões de dólares em lucros anuais.

Se desconhece ao presente a totalidade mundial dos poços abertos, no entanto, só nos Estados Unidos, o registro avisa que está chegando nos dois mil poços explorados.

Anos depois da busca dos entendimentos políticos aos interesses financeiros, continua faltando segurança, eficácia, descarbonização, prática e, agora, o salto para opções que não sendo novidade, pelo menos, estão trazendo maior otimismo.

Na opção energética, inevitável que seja o hidrogênio alternativa e futuro… não poluente ela é, mais leve, descarta CO2, se renova sem produzir aromas tóxicos podendo eternamente servir pela maior abundância do que qualquer outro meio energético ao nível planetário, tendo cada nação possibilidade de criar suas próprias redes de abastecimento.

Bem entendido, aplicando outros níveis econômicos, bom seria esse combustível capaz de liquidar a pobreza na sua maior dimensão, fosse algum alívio sobre o lado mais pesado quando economia se cruze algum dia com bem-estar e segurança das populações majoritariamente discriminadas.

Resumidamente, existindo na plenitude universal em mais de 90% dos átomos; na Terra, o hidrogênio está numa união física e química com a água ou ainda nos hidrocarbonetos.

Chamado de “combustível eterno”, certamente com muitos atributos mas sem chegar na purificação, promoções andam sendo anunciadas, acumulando entusiasmo que não deixa de chocalhar contra aqueles detentores da hegemonia que não vão desejar perder.

Transferência ou modificação energética, em princípio, deveria estabilizar um mundo com melhores padrões, justiça, higiene ambiental e evolução paritária, sendo a energia para todos a custos civilizados em vez de falsas promessas da irresponsabilidade organizada.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano

 

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