Funcionárias denunciam assédio sexual de presidente da Caixa Econômica Federal
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Rafael Jasovich*
Ministério Público Federal investiga denúncias envolvendo Pedro Duarte Guimarães; Bolsonaro deve retirar gestor do cargo com temor de desgastar ainda mais o seu governo
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Duarte Guimarães, 51 anos, foi alvo de denúncias de assédio sexual por parte de funcionárias do banco estatal.
Um grupo de pelo menos cinco funcionárias denunciou distintas situações que passaram com Guimarães durante compromissos de trabalho. Dentre os casos de assédio, apontaram toques indevidos e “brincadeiras” desrespeitosas. O anonimato das mulheres foi respeitado.
Casos de assédio
Os relatos são diversos, desde convite para saunas, reuniões privadas no quarto dele e até convites para viagem considerando características físicas.
“Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar. Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”, declaram as vítimas.
As mulheres disseram ainda que Guimarães possuía um “conceito deturpado de meritocracia”, que acreditava ser possível garantir ascensão na carreira para as funcionárias que aceitassem as investidas. “Sempre tem perguntas do tipo: ‘Quero saber se você está comigo ou não, se eu posso contar com você’”, disse outra denunciante.
Em uma viagem que integrava a programação do Caixa Mais Brasil, Guimarães chegou a declarar que faria a denunciante sangrar. “Ele me falou: ‘Vou te rasgar. Vai sangrar¨
Já no caso de uma terceira, o assédio foi mais intenso. Após ser chamada para repassar a agenda do dia seguinte, Guimarães passou a mão nela. “Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso”, afirmou.
Em depoimento, a funcionária chorou: “nunca precisei disso na minha vida para ganhar cargo. Prefiro até não ter cargo, mas nunca precisei disso”. Após o caso, passou a evitar dividir qualquer espaço com o presidente da Caixa.
Todas as mulheres possuíam o receio de denunciar porque não confiavam nos canais oficiais de denúncia internas e temiam que impactasse nas próprias carreiras. “Noventa por cento das mulheres não vão falar porque ele tem poder”, disse uma funcionária.
“A gente tinha muito receio, porque a corda arrebenta sempre do lado mais fraco, porque em qualquer lugar em que vá essa denúncia ele pode ter um infiltrado. E isso afeta o resto de minha carreira, no aspecto profissional. Então, era melhor esperar passar”, disse outra funcionária da Caixa.
Após as denúncias repercutirem, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu no Palácio da Alvorada, nesta terça, a fim de decidir o que acontecerá com o presidente da Caixa. Ele pode sair após denúncias até mesmo para não desgastar ainda mais o governo em ano de eleições.