Estudo técnico aponta impactos das mudanças climáticas em DF, Goiás e Minas Gerais
A partir de modelagens brasileiras e internacionais, estudo apontou diferentes cenários impostos pelas mudanças climáticas até 2100, como tendência de elevação da temperatura, umidade relativa do ar mais baixa, menor quantidade de chuvas, entre outros.
De acordo com Chou Sin Chan, coordenadora técnica do estudo, a baixa umidade no Distrito Federal deve ser agravada nas próximas décadas. “A tendência é de redução da umidade relativa do ar dos atuais 35% a 55% para 20% a 45% no final do século.”
O documento é parte de projeto coordenado por Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações em Parceria com Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
ONU
A Secretaria do Meio Ambiente do Distrito Federal apresentou no início deste mês (6) em Brasília estudo técnico com projeções climáticas para o Distrito Federal, 29 municípios de Goiás e quatro de Minas Gerais. A análise foi apresentada a representantes da academia, de órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) e da sociedade civil.
A partir de modelagens brasileiras e internacionais, o estudo apontou diferentes cenários impostos pelas mudanças climáticas até 2100, como tendência de elevação da temperatura, umidade relativa do ar mais baixa, menor quantidade de chuva concentrada em períodos mais curtos, mais tempestades e estação seca mais prolongada. A pesquisa também considerou nove bacias hidrográficas inseridas na região.
Realizado pelo Centro de Gestão de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (CGPDI), com supervisão da SEMA-GDF, o estudo integra o projeto CITinova, coordenado nacionalmente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
“É uma das entregas muito importante do CITinova, que tem essa intenção de promover estudos e inovações que auxiliem gestores na tomada de decisões na perspectiva de cidades sustentáveis”, afirmou Alexandra Reschke, coordenadora técnica do projeto.
Acompanhado da atualização do inventário de emissões de gases de efeito estufa no DF, esse trabalho irá subsidiar a elaboração da estratégia de “Enfrentamento às Mudanças do Clima do Distrito Federal”, inserida nos Planos de Adaptação e de Mitigação, em desenvolvimento pela SEMA.
Presente no evento, o secretário do Meio Ambiente do Distrito Federal, Sarney Filho, destacou que o prognóstico vai possibilitar a adoção de políticas públicas voltadas para a mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças do clima.
Ao relembrar a crise no abastecimento de água enfrentado pelo DF em 2017, o secretário afirmou que a consequência mais grave será a insegurança hídrica. “Daí a importância de sabermos os cenários que nos esperam para buscar, desde já, soluções.”
Para Rodrigo Braga, da Coordenação Geral do Clima do MCTIC, o diagnóstico é um primeiro passo para que iniciativas sejam tomadas. Esse diagnóstico irá permitir que “gestores públicos, o setor privado e a sociedade civil tenham elementos para um planejamento de longo prazo”, complementou Nazaré Soares, coordenadora técnica do projeto no âmbito da SEMA-GDF.
As projeções climáticas auxiliarão também análises como o impacto das mudanças do clima nas bacias hidrográficas, nos usos múltiplos da água, na energia, nas atividades agropecuárias e no uso do solo, dando suporte à atuação do Governo do Distrito Federal.
De acordo com Chou Sin Chan, coordenadora técnica do estudo apresentado, a baixa umidade no DF deve ser agravada nas próximas décadas. “A tendência é de redução da umidade relativa do ar dos atuais 35% a 55% para 20% a 45% no final do século.”
Para a coordenadora geral da pesquisa, Iracema Cavalcanti, uma das recomendações possíveis a partir dos resultados é a necessidade do aumento da vegetação. “Nas imagens dos mapas vemos grandes extensões com cobertura de arbustos e gramíneas, e poucas árvores”, disse.
Em relação às chuvas, os índices de precipitação mostram, com confiabilidade média a alta, uma redução na precipitação anual acumulada, um aumento do número consecutivo de dias de estiagem e uma redução do número de dias consecutivos chuvosos, comparado ao período histórico, em todas as áreas pesquisadas.
Os índices de temperatura indicam, com alta confiabilidade, uma redução no número de noites frias, aumento no número de noites quentes, redução no número de dias frios e aumento dos dias quentes. No final do século, as temperaturas poderão subir 3 graus Celsius em relação ao período histórico, entre 2 e 5°C no cenário mais otimista e entre 6 e 8°C no pior cenário.
Metodologia
A pesquisa regionalizou os resultados de quatro modelos climáticos globais (MIROC5, HadGEM2-ES, CanESM2 e BESM) por meio do modelo Eta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Foram também utilizados dois cenários de emissão de gases de efeito estufa, propostos pelo IPCC no seu Quinto Relatório: RCP4.5 e RCP8.5, com análises para três períodos futuros: 2011 a 2040, 2041 a 2070 e, 2071 a 2099.
Como referência, foi utilizada a climatologia oficial do Brasil, considerando-se o período entre 1961 e 1990 e as variáveis meteorológicas de temperatura do ar, precipitação, vento, umidade relativa e radiação solar à superfície terrestre. A resolução espacial utilizada variou de 20 a 5 km para toda a região o que, em termos de estudos de clima, representa altíssima resolução.
CITinova é um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), com apoio do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), implementação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e executado em parceria com Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) e Porto Digital, em Recife; Secretaria do Meio Ambiente (SEMA/GDF), em Brasília; Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e Programa Cidades Sustentáveis (PCS).
Com informações da Assessoria de Comunicação da SEMA-GDF
Da ONU Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 02/01/2020
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