Enfim, nos rendemos ao jornalismo on-line

Após quase 40 anos trabalhando com mídia impressa, enfim nos rendemos à modernidade (ou será pós-modernidade líquida?) do jornalismo on line. Não por achar que o impresso tenha virado peça de museu. Nada disso. Como bem assinalou Alberto Dines, em seu livro O Papel do Jornal, uma nova mídia não elimina a antiga, mas segmenta-a. O impresso se dirige ao leitor individualmente, ainda que um mesmo exemplar possa ser lido por três, quatro, até cinco leitores, vá lá.

Já a mídia eletrônica, além da agilidade, pode ser lida simultaneamente por vários leitores – e em toda a parte, desde que haja interesse. É, portanto, uma mídia coletivizada globalmente, o que é uma extraordinária vantagem, mesmo esvaindo-se nas nuvens em pouco tempo.

Já o impresso tem a vantagem de resistir ao desgaste do tempo – e vira documento histórico, além de se dirigir a públicos específicos, seja de uma cidade, uma empresa e ou a diferentes segmentos sociais. Mas não há o que lamentar, o mundo gira e a Lusitana roda, não se sabe se ainda existe a transportadora da propaganda no rádio, de prisca era, que inspirou o que acabou virando provérbio popular.

É com satisfação que apresentamos aos nossos presumíveis leitores a revista eletrônica Vila de Utopia. Inspirada na crônica homônima de Carlos Drummond de Andrade, a revista publicará reportagens, artigos, crônicas, contos, poesias sobre a Cidadezinha Qualquer, com viés crítico da histórica letargia itabirana.

“A cidade parece encantada. E de fato o é. Acordará algum dia? Os itabiranos afirmam peremptoriamente que sim. Enquanto isso, cruzam os braços e deixam a vida passar. A vida passa devagar em Itabira do Mato Dentro”, assinalou o nosso poeta em 1933.

Desde o lançamento do jornal O Cometa, em 1979, que batemos na mesma tecla. Itabira tem pouco tempo para criar alternativas econômicas que assegurem a sua sustentabilidade após a extração da última tonelada de minério. Ou seja, passou da hora de a cidade, com a sociedade civil organizada e lideranças políticas, cobrarem da Vale, desde já, que se inicie o processo de descomissionamento de suas minas, que estão chegando ao fim inexoravelmente.

Mas infelizmente, de lá para cá, muito pouco foi feito nesse sentido – única exceção digna de registro é a participação da Prefeitura, Vale e governo federal na instalação do campus avançado da Unifei em Itabira. É muito pouco, convenhamos, não obstante a sua importância.

Aberta à colaboração, esperamos que a nossa Vila de Utopia venha a se somar ao esforço de reportar e debater os bons e os maus momentos que o município vive. Não seremos mais uma mídia áulica entre as tantas que circulam nesta terra matodentrense. Não queremos agradar poderosos políticos e empresariais, mas também não temos predisposição contra quem quer que seja, instituição ou empresa. Não temos partidos políticos, mas não deixaremos de tomar posição sempre que os fatos assim nos exigirem.

E, quem sabe, sem pretensão alguma além do exercício do jornalismo, a nossa publicação possa trazer um pouco de luz ao debate, com boas reportagens, análises, interpretações e opiniões sobre a conjuntura socioeconômica e cultural que vivemos na cidade, no país e no mundo. Seja bem-vindo como leitor e, quem sabe, também futuro colaborador dessa nova publicação de Itabira do Matto Dentro.

 

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