“Em Itabira, o maior investimento em saúde vai para os hospitais. Vamos investir mais na atenção primária”, diz Marco Antônio Lage
Marco Antônio Lage acredita que investindo mais nos PSFs, e na construção de uma UPA, desafoga o atendimento no Pronto-Socorro Municipal e nos hospitais
Nesta terceira parte da entrevista que estamos publicando com o prefeito Marco Antônio Lage (PSB), a abordagem é rápida, apenas uma pincelada para se saber como anda o atendimento à saúde da população.
O prefeito reconhece que apesar de o município investir neste ano cerca de R$ 200 milhões na saúde, a maior parte nos hospitais, o retorno deixa a desejar.
Segundo ele, isso ocorre por vários fatores, inclusive por Itabira historicamente ter investido menos na atenção primária, o que acaba congestionando o atendimento terciário.
Diz que procura reverter esse quadro e que muito já se avançou, mas ainda há muito por fazer. E que vai mesmo construir, enfim, uma UPA na região do bairro João XXIII, o que é recomendado para cidades com mais de 100 mil habitantes.
Ou seja, “há muito tempo Itabira já deveria ter a sua unidade de pronto atendimento. Mas não tem”. A que foi construída no bairro Fênix não chegou a funcionar e foi consumida pelo fogo. Confira (Carlos Cruz)
Prefeito, saúde é outro tema polêmico e sensível à população que precisa de atendimento público de qualidade. A última polêmica foi em relação ao hospital Nossa Senhora das Dores, que estaria com problema de gestão. Os indicadores da gestão de saúde em Itabira também não estão bem. Como avalia?
A crítica ao hospital não é pessoal, não é dirigido ao provedor (Márcio Antônio Labruna). Ele, inclusive, sabe e concorda que é preciso melhorar a gestão do hospital.
É sabido que há uma demanda muito grande dos serviços hospitalares,. Investimos cerca de 20% do orçamento municipal na área de saúde, a maior parte para os dois hospitais (Nossa Senhora das Dores e Carlos Chagas) – e ainda assim não temos um atendimento de excelência que a população merece e tem direito.
Isso ocorre por uma inversão de prioridades, quando historicamente em Itabira se investiu mais no atendimento terciário e menos nos PSFs. Se melhorarmos a atenção primária, deixando os hospitais e o pronto-socorro municipal para atender casos graves e urgentes, que demandam internações e atendimento imediato, vamos melhorar em muito o atendimento à população. Isso já estamos procurando fazer, mas os resultados não vêm de imediato.
Os indicadores de saúde em Itabira não estão bem e são muitas as reclamações.
Sim, há muito que melhorar. Já estamos melhor em saúde do que anos atrás. Os indicadores que foram publicados se referem a uma parte da saúde. Já estamos melhorando em muitos aspectos e precisamos avançar muito mais.
Conseguimos resolver problemas crônicos. Estamos praticamente zerando as filas de cirurgias, por exemplo. Filas de exames também diminuíram, isso melhorou extraordinariamente.
Melhoramos também o atendimento nos PSFs. Até o final do meu governo vamos reestruturar o atendimento secundário, o centro de reabilitação e também a policlínica.
Estive há pouco reunido com a área de saúde para discutir o próximo orçamento, visando justamente reverter essa tendência de investimentos. Estamos com um planejamento bem elaborado e devemos buscar mais recursos em Brasília.
O Pronto-Socorro Municipal acaba levando mais desgaste ao HNSD por estar anexo e ser por ele administrado. Concorda?
Isso traz desgaste e precisamos melhorar também a sua gestão com uma reformulação geral. O Pronto-Socorro precisa evoluir para um atendimento de portas fechadas, para ter melhores condições de atendimento mais de traumas, de casos que precisam de soluções mais imediatas, especializadas, de alta complexidade para salvar vidas.
Já o atendimento do dia a dia fica com os PSFs. E com a UPA, que vamos construir e equipar para atendimento 24 horas, a exemplo do que já acontece com o Pronto-Socorro.
Nos hospitais e no Pronto-Socorro não se pode perder tempo com atendimento de criança com dor de ouvido, ou com gripe e febe, o que deve ser feito primeiramente nos PSFs, assim como outros atendimentos que não são de urgência.
Tem previsão orçamentária para construir uma Unidade de Pronto Atendimento, já que a UPA do bairro Fênix foi consumida por um incêndio e não chegou a funcionar?
Sim, temos. Segundo recomendação do Conselho Nacional de Saúde, para cada 100 mil habitantes a cidade deve ter uma unidade de pronto atendimento. Itabira há muitos anos já deveria ter a sua UPA e ainda não tem. Mas vai ter.
A Prefeitura vai devolver os recursos aplicados na UPA do Fênix ao Ministério da Saúde?
Não vamos ter de devolver, já negociamos com o Ministério da Saúde. Na verdade, vamos devolver, formalmente, mas os mesmos recursos retornam imediatamente para os cofres do município, é só uma questão burocrática. São os R$ 13 milhões que vamos investir na construção da UPA.
Onde ela vai ser instalada?
Na mesma região do João XXIII, isso também já está acordado com o Ministério da Saúde. Fizemos um estudo para saber qual é a melhor localização, a partir de um levantamento de geoprocessamento.
Nesse levantamento procuramos também planejar a relocalização de alguns PSFs, de acordo com a densidade demográfica. Para a UPA, a melhor localização é mesmo a região do bairro João XXIII.
O bairro Pedreira vai ficar um pouco distante, mas em compensação vamos construir um PSF maior lá, além de mpliar a equipe para que possa funcionar inclusive aos sábados.
O consórcio intermunicipal para trazer mais médicos já está funcionando?
Sim, já temos mais médicos atendendo na cidade, nos PSFs. Vamos contratar mais fisioterapeutas. Ainda ontem (quarta-feira, 19), tivemos uma reunião com a associação das pessoas com deficiência, quando nos foi apresentado essa demanda.
Vamos atender essa demanda, assim como estamos empenhados em resolver outros problemas de atendimento em todos setores da saúde. Mas vamos dar maior ênfase ao atendimento primário.
Com isso, é importante reforçar, esperamos desafogar as outras áreas, principalmente os hospitais e o pronto-socorro, com o que esperamos melhorar a gestão e o atendimento à população de Itabira e da região.