Em campanha salarial, Metabase promove manifestação na Vale, que agenda retorno das negociações
Depois de não ver avanço nas negociações em torno de um novo acordo coletivo, os sindicatos Metabase de Itabira e Mariana fizeram manifestação conjunta nas portarias da empresa Vale, bloqueando por uma hora o acesso à empresa para panfletagem e pronunciamentos.
Em Itabira, segundo informa o sindicato, cerca de 50 ônibus que transportavam trabalhadores de turno e administrativo foram parados a uma distância de um quilômetro antes das entradas das minas. A manifestação atrasou o ingresso de cerca de 2 mil trabalhadores aos seus postos de trabalho.
“A nossa manifestação nas portarias da Vale foi um ato de resistência”, classifica o presidente do sindicato Metabase de Itabira, André Viana Madeira. “Não foi um ato de rebeldia nem de rebelião. E já surtiu efeito.”
Ele conta que após a manifestação a empresa convocou os sindicatos para uma nova rodada de negociações, agendada para o dia 21 deste mês, em Belo Horizonte.
Mobilização
Para André Viana só com a mobilização da categoria é possível reverter a intenção da empresa de cortar direitos. “Essa será uma das campanhas mais difíceis”, prevê.
“Nos abrimos para o diálogo por duas reuniões e fomos feitos de idiotas pela empresa. Não aceitamos o atestado de idiota”, afirma o sindicalista. “Fizemos uma paralisação temporária e a Vale chamou a Polícia Militar para reprimir o nosso movimento”, protesta.
“Felizmente, ao chegar aos locais de nossas manifestações o movimento já tinha terminado e não houve confronto com a polícia”, conta o diretor-social do Metabase, José Alberto Miguel, o “Negão”.
O presidente do Metabase assegura que os tempos mudaram nas negociações com a empresa. “Estamos cumprindo o que prometemos em campanha pelo sindicato. Se a empresa se abrir para um diálogo respeitoso, tem diálogo. Se ela não se abrir, seremos resistência e luta. Outras estratégias estão guardadas na aljava (bolsa de guardar flechas)”, promete André Viana.
Unificação
Segundo ele, a luta não é só do trabalhador que está na ativa, mas também dos aposentados e de toda a cidade de Itabira. “A Vale está se preparando para nos deixar com buracos profundos, poeira que causa doença, aposentados que estão perdendo benefícios do Pasa e não podemos ficar parados.”
Para enfraquecer a luta dos trabalhadores por reajuste salarial, reposição de perdas e melhores condições de trabalho, a empresa decidiu negociar em separado com os sindicatos que representam a categoria em todo o país.
Em carta aberta, o sindicato de Itabira convoca os demais sindicatos a retornarem com a luta unificada. “A empresa desarticulou a nossa unidade há 20 anos e precisamos nos unir novamente.”
“É jogando com a nossa divisão que a Vale facilita a diluição de cláusulas venenosas contra o trabalhador, a exemplo do cerceamento do acesso à justiça do trabalho”, denuncia o sindicalista, para quem a nova palavra de ordem no sindicato é “diálogo para conquistar e resistência para avançar na luta”.
Reivindicações pedem reposição salarial e manutenção de conquistas trabalhistas
Na pauta de reivindicações, os mineiros de Itabira reivindicam reajuste salarial de 6,5%. Outra reivindicação econômica, aprovada em assembleia, é de reposição salarial de 10,6%, referente às perdas salariais desde 2013. A pauta inclui ainda o pagamento de produtividade e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) equivalente a quatro salários base de cada empregado.
Além das reivindicações econômicas e sociais, a categoria reivindica da empresa que não se aplique a reforma trabalhista do governo Michel Temer (MDB), que retira direitos dos trabalhadores.
André Viana teme que as novas regras para as relações de trabalho passem a vigorar nos próximos anos. “É uma reforma que achincalha com o trabalhador”, considera.
Como exemplo, ele cita a intenção da Vale de terceirizar atividades fins, o que antes era proibido. “Com a nova legislação a empresa pode colocar um caminhão que vale US$ 5 milhões na mão de uma empreiteira que paga pouco mais de R$ 900 ao operador. Se isso ocorrer, será uma irresponsabilidade”, classifica.
Outra preocupação é com um provável fim do turno de revezamento. E também com o fim do pagamento das horas in intinere, que é o tempo gasto pelo trabalhador para se deslocar de sua residência até o local de trabalho.
Pela nova legislação, se o empregador oferece transporte, como é o caso da Vale, não é obrigado a pagar pelo tempo que o empregado gasta nesse deslocamento. Antes da desregulamentação da CLT, esse acréscimo era incorporado ao salário como horas extras.
Caro Negão – Trabalhador Unido, Jamais Será Vencido! – um lema que não se pode esquecer de repetir e repetir… Desejo sucesso aos trabalhadores e ao Metabase. Abraço Vermelho CUT.