Drummond e Pessoa unem Itabira a Lisboa, que podem virar cidades-irmãs, propõe Afonso Borges, do Flitabira, que começa nesta terça-feira

Em sua terceira edição, o Festival Literário Internacional de Itabira (3º Flitabira) apresenta uma proposta que tem tudo para dar bons resultados pelo intercâmbio cultural: tornar Itabira e Lisboa cidades-irmãs, unidas pela poesia de Carlos Drummond de Andrade e Fernando Pessoa, considerados os maiores poetas da língua portuguesa, depois de Camões, claro.

Além da língua, os dois poetas têm ainda outro ponto em comum: os dois escreveram obras, prosa e poesia que falam do rio da aldeia e da terra natal como fontes inspiradoras. E de tão geniais, as suas obras são apreciadas e estudadas tanto deste lado do oceano Atlântico como pelo outro lado, no velho continente.

“Então, por que não aproximar ainda mais os dois escritores, não apenas pelos seus legados literários, mas também por meio de suas cidades natais?”, pergunta o idealizador e curador do Flitabira, o jornalista Afonso Borges, que propõe, para isso, a realização de uma parceria literária/cultural que una Itabira e Lisboa, transformando-as em cidades-irmãs.

A proposta vai ser apresentada primeiramente em Itabira, no 3º Flitabira. A sua aceitação e realização resultará em mais visibilidade, estudo e conhecimento das obras dos dois autores não só em suas respectivas cidades natais, como também nos dois países, além de estender o intercâmbio a outros países que falam a língua portuguesa, tendo as obras dos dois escritores como impulsionadoras, com arte e poesia, unindo ainda mais o mundo luso-brasileiro.

“Muito além de uma relação histórica, o principal elo entre os dois países é a língua”, diz Borges, tendo como aliado na proposta um dos idealizadores da Casa da Cidadania da Língua, um espaço de debate, estudo e abertura de fronteiras, José-Manuel Diogo, que já endossa a proposta como meio de criar uma nova relação dentre os dois países.

Diogo é fundador do Instituto Cultural “Associação Portugal Brasil 200 anos” (APBRA), do qual é o presidente. É ainda diretor da Câmara Luso Brasileira de Comércio e Indústria, na qual dirige o comitê de Trade Finance.

“Drummond e Pessoa, entre a tabacaria e o boitempo, representaram uma forma de enxergar o mundo. Mais do que representaram: foram uma forma de enxergar o mundo que, depois de seus tempos, não foram mais eco nem tamanho nos tempos que se seguiram”, considera, já contribuindo para o debate e justificativa pela proposta.

“Fernando e Carlos, separados por quase 10 mil quilômetros, em seus talentos, nada os separou mais que dez milímetros. Juntos, farão entre Itabira, em Minas Gerais, e Lisboa, em Portugal, um acordo de proximidade, irmandade e partilha da concessão que tiveram do mundo e da concepção que dele anunciaram.”

Para José-Manuel Diogo, esse convênio servirá como um oráculo de mais um pilar dessa relação nobre que se constrói hoje entre Portugal e o Brasil.

“Será com imenso prazer, gosto e entusiasmo que ajudarei essas duas cidades importantes que eu amo – Itabira que conhecerei, em breve, no Festival Literário Internacional da cidade – pelo viés e encanto que tem com a literatura, e Lisboa, essa cidade revisitada em poemas extraordinários de Pessoa, e que representa uma forma de pertencer à vida inigualável.”

Para ele, a proposta tem tudo para dar certo. “Penso que os homens públicos das duas cidades estão alinhados em encontrarem uma solução justa, que irmane Itabira e Lisboa. Para isso trabalharemos”, comprometeu-se.

Sobre o Flitabira e o I Festival Literário da Viola Caipira

Criado pelo jornalista Afonso Borges – que é também o idealizador do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) e do Sempre um Papo –, o Flitabira realiza a sua terceira edição entre os dias 31 outubro (aniversário do poeta) e 5 de novembro de 2023, quando celebra 121 anos de nascimento de Carlos Drummond de Andrade.

As atividades acontecem tanto de forma presencial, na Praça do Centenário, no centro histórico de Itabira, quanto virtualmente, pelo canal no YouTube do Festival.

Uma boa novidade dessa edição é a realização concomitante do I Festival de I Festival Literário de Viola Caipira, instrumento musical que também une Brasil e Portugal.

Embora seja originária do alaúde, da Arábia, a viola caipira aterrissou em terras brasileiras por meio dos colonizadores portugueses – e tem em Itabira um fabricante de sucesso do instrumento, o luthier Luiz Cássio Martins Cruz.

O Flitabira tem o patrocínio anual do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura. E conta com apoio da Prefeitura de Itabira e União Brasileira de Escritores – UBE.

Serviço

III Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
De 31 de outubro a 5 de novembro
Local: Praça do Centenário (Rua Maj. Lage, 121 – Centro Histórico)
Informações: www.flitabira.com.br

 

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