Dom Mário é homenageado em seu centenário pela Funcesi com mosaico de Genin
O segundo bispo da Diocese de Itabira, dom Mário Teixeira Gurgel (1921-2006), nascido em Igatu, no Ceará, com o nome de batismo Jesus Teixeira Gurgel, foi em vida um pequeno grande homem em suas realizações que permanecem na cidade.
Foi ele um dos principais articuladores da criação da Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira (Funcesi), que prestou homenagem ao seu mentor, nessa quarta-feira (6), pelo seu centenário de nascimento que se completa neste em 4 de novembro. Na ocasião foi lembrado também os 28 anos de criação da instituição de ensino superior.
A homenagem contou com a presença de autoridades itabiranas e apresentação de uma peça teatral sobre a vida e a obra do bispo, com a Companhia Itabirana de Teatro.
Painel
Incluiu também a inauguração de um painel contendo um mosaico com cenas itabiranas e a presença de dom Mário em Itabira, de autoria do artista itabirano Luiz Eugênio Quintão Guerra, o Genin. O painel está fixado na entrada do prédio do Areão, da Funcesi.
“Dom Mário fez parte de minha vida artística, o meu primeiro desenho publicado foi justamente um retrato dele para uma entrevista na primeira edição do Cometa”, recordou Genin, referindo-se ao histórico jornal itabirano, do qual foi um dos fundadores, em 1979.
Uma exposição contendo fotos e textos foi outra forma de homenagear o bispo natural do Ceará que viveu a maior parte de sua vida em Itabira. O acervo é da Diocese de Itabira. Os Correios também homenagearam dom Mário neste ano de seu centenário.
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Líder catalizador
O presidente da Funcesi, Jorge Borges, resumiu a importância de dom Mário para a instituição de ensino superior. “Dom Mário foi um catalizador, ele agregava as pessoas”, afirmou, lembrando que foi a sua liderança que conseguiu reunir no mesmo projeto os instituidores da Funcesi, a mineradora Vale, Prefeitura e Câmara Municipal.
O bispo diocesano, dom Marco Aurélio Gubiotti, citou o lema “Como quem serve”, que marcou a vida e a atuação de dom Mário frente à diocese de Itabira. Lembrou que ele substituiu o seu antecessor Marcos Noronha em meio aos desafios em que a igreja se encontrava.
“Dom Mário se identificou com Itabira, servindo à nossa igreja por 25 anos. Ele não mediu esforços mesmo depois que se tornou bispo emérito”, afirmou dom Gubiotti em seu pronunciamento/homenagem.
Já o deputado Bernardo Mucida (PSB), que foi professor na Funcesi, também salientou a atuação do bispo na Funcesi, que tem importância muito grande para Itabira e região. “Formou milhares de profissionais e durante muitos anos se mantem como importante instituição de ensino superior.”
Mucida salientou o empenho e a liderança de dom Mário para que Itabira fosse representada nas esferas estadual e federal. “Foi quando, em 1988, foram eleitos Luiz Menezes deputado estadual e Li Guerra deputado federal (ambos já falecidos).”
Por seu lado, o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) destacou também o papel de dom Mário como presidente da Irmandade Nossa Senhora das Dores, buscando recursos e apoio ao hospital.
“Sorte a minha de ser prefeito e no primeiro ano de meu mandato comemorar o centenário de dom Mário, de quem nos inspiramos no exemplo para superar os desafios em nossa cidade com mais coragem”, enfatizou.
“Obras que pareciam difíceis naquele tempo, sob a sua liderança se tornaram realidades. Foi um grande articulador para tornar sonhos realidades. A Funcesi é um desses sonhos que se tornaram realidade.”
Saiba mais sobre a Funcesi
Dom Mário foi o grande mentor e artífice da criação da Funcesi. Ele articulou, cobrou, agendou reuniões, enfim liderou todo o processo para que Itabira não perdesse o ensino superior, em crise depois que a mineradora Vale decidiu, por meio de uma intervenção “branca”, que a Fundação Itabirana de Ensino (Fide) não deveria continuar com a Faculdade de Ciências Humanas de Itabira (Fachi).
Para a criação da Funcesi foi importante a reunião realizada em 15 de agosto de 1993 na residência episcopal. Dom Mário coordenou a reunião: “vamos criar uma fundação comunitária”, propôs, conforme está registrado na edição de agosto do jornal O Cometa Itabirano.
Em 21 de setembro do mesmo ano, em um histórico encontro na Catedral de Itabira, a Funcesi foi oficialmente criada, tendo como instituidores a Prefeitura de Itabira, a Vale, a Diocese e a Câmara Municipal.
Com recursos da ordem de R$ 300 mil (valores da época) foram construídos os primeiros prédios da instituição em área doada pela então estatal, no Córrego Seco, ao lado do escritório do Areão que depois foi vendido à Prefeitura pela mineradora por R$ 1 milhão (valores da época). Anos mais tarde, o imóvel foi doado à Funcesi, passando a incorporar o seu patrimônio, juntamente com o prédio anexo, o Areãozinho.
No dia 5 de outubro de 1993 a Funcesi foi oficialmente criada, depois de obter com o ex-ministro da Educação Murilo Hingel autorização para abrir os cursos de Administração e Ciências Contábeis, em solenidade realizada com toda pompa e circunstância no Centro Cultural.
Manteve-se ainda, por algum tempo, os cursos anteriores da Fachi de licenciatura em Letras (línguas Portuguesa, Inglesa e suas Literaturas), Estudos Sociais (Geografia, História) e Ciências (Biologia, Matemática e Física).
Esses cursos foram, ao longo dos anos, responsáveis pela formação da maioria dos professores de Itabira e da região. Atualmente, não existem mais, o que é uma pena, deixando desde então de formar novos professores para os ensinos médio e fundamental. E a terra natal de Carlos Drummond de Andrade não tem mais uma faculdade de Letras.
A Funcesi conta hoje com dez cursos de graduação (bacharelado): Administração, Direito, Enfermagem, Ciências Contábeis, Engenharia Mecânica, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Fisioterapia e Logística.