Dia D da vacinação contra a gripe, neste sábado, enfrenta resistência negacionista e baixa adesão em Itabira

Arte: Reprodução/
GovBR

O impacto do negacionismo na imunização

Neste sábado (17), Itabira realiza o Dia D de vacinação contra a gripe, uma iniciativa crucial para ampliar a cobertura vacinal e proteger a população contra o vírus influenza.

No entanto, a campanha enfrenta um obstáculo preocupante: a baixa adesão da população, reflexo direto da desinformação propagada por grupos negacionistas.

A baixa adesão à vacinação não é um fenômeno novo, mas ganhou força nos últimos anos, impulsionada por discursos que questionam a eficácia e segurança das vacinas.

Durante a pandemia de Covid-19, o ex-presidente Jair Bolsonaro se tornou um dos principais porta-vozes dessa campanha antivacina, chegando a afirmar que o imunizante poderia transformar as pessoas em “jacarés” – uma declaração absurda que, infelizmente, encontrou eco em parte da população.

Essa onda de desinformação teve consequências graves. Dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) mostram que a cobertura vacinal no Brasil vem caindo desde 2016, colocando em risco a proteção contra doenças como poliomielite, sarampo e gripe.

A baixa cobertura vacinal infantil, por exemplo, preocupa especialistas, pois compromete a imunidade coletiva e aumenta a vulnerabilidade de crianças a doenças evitáveis.

Crise vacinal 

Em Itabira, a situação é alarmante. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), apenas 33% do público-alvo foi imunizado contra a gripe até o momento.

Entre os grupos prioritários, a adesão é ainda menor entre crianças de seis meses a seis anos, gestantes, puérperas e idosos, elevando o risco de complicações graves e sobrecarga no sistema de saúde.

Essa baixa cobertura vacinal tem impacto direto nos atendimentos médicos. Nos últimos 45 dias, o número de atendimentos no Pronto-Socorro Municipal disparou, chegando a 12 mil casos, com uma demanda preocupante entre crianças.

O impacto foi tão grande que a prefeitura decretou, nessa sexta-feira (16), situação de emergência em saúde pública. A ocupação dos leitos pediátricos está elevada e as unidades de saúde enfrentam dificuldades para absorver a crescente demanda.

O papel desinformador das redes sociais e das big techs
Arte: Reprodução/Jornal da USP

A disseminação de desinformação sobre vacinas nas redes sociais e plataformas digitais tem sido um dos fatores mais preocupantes na queda da adesão às campanhas de imunização.

Plataformas digitais, muitas vezes sem controle adequado, permitem que fakes news se espalhem rapidamente, minando a confiança da população na ciência e na medicina.

As consequências são desalentadoras. Segundo salientou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ao criticar a crise em decorrência das campanhas negacionistas,  a cobertura vacinal no Brasil caiu de 93,1% para 71,49%, colocando o país entre os que menos vacinam no mundo, sendo que antes figurava entre os campeões em imunizações.

Um retrocesso que compromete a saúde coletiva

O ministro tem responsabilizado as grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs, por permitirem a livre circulação de conteúdos sem controle adequado, tornando-se canais para a propagação de fake news que desacreditam medidas de saúde pública cientificamente comprovadas.

Arte: Reprodução Instagram/Nelson Nogueira

Esses grupos negacionistas utilizam essas plataformas para espalhar dúvidas sobre a segurança e eficácia das vacinas, impactando diretamente a confiança da população.

Durante a pandemia, postagens e vídeos viralizaram com alegações falsas e alarmistas, contribuindo para o aumento da hesitação vacinal.

Diante desse cenário, especialistas defendem a necessidade de maior regulação sobre o conteúdo disseminado nas plataformas digitais e cobram maior responsabilidade das big techs na contenção de informações falsas.

O combate à desinformação sobre vacinas não é apenas um desafio tecnológico, mas uma questão de saúde pública urgente.

Responsabilidade coletiva

 

Em 1904, no Rio de Janeiro, a Revolta da Vacina resultou em violentos protestos de manifestantes anti-vacina, que atacaram bondes, derrubaram árvores e cortaram fiações elétricas. O conflito terminou com um saldo de 30 mortos

A vacinação contra a gripe é gratuita e essencial para reduzir casos graves, internações e óbitos. Participar da campanha e se imunizar são responsabilidades coletivas.

Estudos indicam que a imunização pode diminuir em até 60% as complicações respiratórias causadas pelo vírus influenza. Além disso, as doses aplicadas são trivalentes, protegendo contra os três principais tipos do vírus: influenza A (H1N1 e H3N2) e influenza B.

Diante desse cenário, é fundamental que a população participe do Dia D da vacinação neste sábado e ajude a combater a desinformação.

Vacinar-se não é apenas uma escolha individual, mas um compromisso com a saúde pública.

A ciência já provou que as vacinas salvam vidas – e ignorar essa realidade pode custar caro, principalmente à saúde das crianças e idosos.

 

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