“As mulheres reconstroem, com doçura e suavidade, o que os homens destroem”, diz Cornélio Penna
No destaque, O Nascimento de Vênus, de Botticelli
Cornélio Penna confessa que não tem muito conhecimento sobre a mulher, mas se permite dar algumas opiniões – Já se mudou três vezes de rua por causa do barulho.
“Sobre a mulher não posso dizer nada. Só vejo a minha. Ela, a mulher, deve ser a companheira do marido no lar, como minha esposa tem sido”. Assim, foi como respondeu Cornélio Penna quando lhe pedimos a opinião sobre o papel da mulher na sociedade e no lar.
Acrescentou uma observação:
– A mulher tem um papel muito importante na vida de hoje. A ela cabe o encargo de reconstruir, com doçura e suavidade, tudo o que os homens vêm destruindo através dos anos.
Cornélio Penna é um fugitivo do ruído. Já se mudou de casa três vezes, e mesmo de cidade, por causa dos barulhos urbanos. Chega até a usar bolinhas de cera no ouvido, para dormir em paz.
Sua busca ao silêncio começou quando morava na rua Martins Ferreira. Ao lado de sua casa localiza-se uma sinagoga.
Transferiu-se para a Rua Soares Cabral, mas ai também o ruído o seguia.
A Inspetoria mudou o trânsito para ali. Agora está morando na Rua Rubem Dario, onde parece ter encontrado a tranquilidade tão almejada.
Qualidade
A qualidade que mais aprecia na mulher, é saber se apresentar com naturalidade em qualquer ocasião. A moda deve ser seguida, porém dentro de suas características próprias. Antigamente a mulher representava um centro de interesse, hoje em dia elas são feitas em série.
Detesta moça que quer virar “personagem”, imitando artistas de cinema.
Gostos
Não gosta de cozinhar, mas sabe fazer ovo frito (e é só), e seu prato predileto é o vatapá, muito embora – desde há muito – não possa comê-lo.
Detesta conversar sobre técnica literária. Gosta de conversar com seus amigos escritores, mas não de falar sobre literatura.
Está projetando um novo livro cujo título deverá ser Alma Branca. Não sabe quando sairá.

Filhos
Não tem filhos, mas tem suas ideias sobre educação. É mais fácil.
Acha que, atualmente, faltam às crianças respeito e disciplina. A qualidade que mais admira é o recato, respeito e a alegria sã.
Não admira esse culto que se faz da personalidade da criança, deturpando nelas o sentido de orgulho.
Ele detesta ruídos desde criança. E anda a procura do silêncio completo nesta cidade cheia de ruídos. Achará algum dia?
[Tribuna da Imprensa (RJ), 21/10/1955. Pesquisa na hemeroteca da BN-Rio – Pesquisa: Cristina Silveira]
Novamente Cristina Silveira trazendo à luz, com toda sensibilidade na captação dos dados, histórias de personas que enriquecem a paisagem cultural itabirana e se encontram no limbo da indiferença ou do esquecimento. De parabéns Cristina e Carlos Cruz pela frequente abertura a cenários como esse. (Re) Prefeito Marco Antônio, vamos avançar na ideia de publicação das pesquisas se Cristina?
Faço meus os comentários de Graça Lima. As pesquisas de Cristina Silveira são maravilhosas e dão vários livros. Até me ofereci para ajudá-la numa curadoria. Valem muito uma publicação.
Graça meu amor e Teófilo querido, vocês são leitores indispensáveis à cultura da Cidade. Eu uma velha senhora quase cega e pobre de marré não tenho como fazer um livro. De todo modo Teófilo, não recordo de você oferecer os seus préstimos de curador. De tudo eu declaro: o bom é ler, ler e ler, e ler como me ensinaram duas grandes, Ana e Graça Lima