Desespero da direita e as fumaças extremistas na Europa

Veladimir Romano*

Com eleições locais na França, vimos a extrema-direita cair quase no abismo. Calculava conquistar seis distritos, só deve ganhar em um. O partido agora, de nome mais sedutor, o RN (Reunião Nacional), eliminando a “Frente Nacional”, fracassou e a queda foi tremenda

Nessas eleições os conservadores do presidente Emmanuel Macron caíram, os socialistas subiram, a esquerda unida também deu um jeito de brilhar como não fazia faz tempo.

E os Republicanos, que ultrapassaram a meta com eleição anterior, deram sinais curiosos. Entretanto, o “show” eleitoral ficou todo no espetacular recorde de quase 67% de abstenção, o maior nível histórico.

Em análise, fica a fuga dos eleitores ou votantes. Ainda que pouco mais de 30% tenham votado, fica sempre sombrios sinais do extremismo fascista atormentando boa parte dos analistas, imprensa e certas opiniões de grupo.

Isso por determinadas evidências quando implodem políticas populistas, mas vendo a corrupção ganhar terreno com dirigentes, líderes se misturando com banqueiros.

Há ainda denúncia vergonhosa dos esquemas instalados desde o poder ao sistema financeiro, com vários setores entrando em crise social. Foi assim que praticaram seus suicídios políticos, alimentando esperanças aos partidos que agora são espaço político perturbador (não dormirão na forma), aproveitando benesses democráticas para depois implementarem seus ideais de obscurantismo, ruindade e traição. Essa ameaça pode carregar novamente.

Uma das razões que levou Marine Le Pen à mudança de nome do partido fundado por seu pai, Jean-Marie Le Pen, a “Front National”, foi seduzir votantes jovens. Mas nem isso enganou e a ultradireita caiu fundo no lodo.

Na mesma semana e finalmente, Christos Pappas de 58 anos, um dos líderes parlamentares do Aurora Dourada, partido grego neonazi, preso, procurado desde outubro de 2020 para cumprir 13 anos de cadeia, fechou a rodada dos detidos “perigosos” que na Grécia assassinam quando não gostam.

Quando em Espanha o governo do socialista Pedro Sánchez, em coligação com o Podemos, também derrotaram a velha moção direitista deixada pelo Partido Popular na sua condição dominante a quando das eleições na Catalunha em 2017, esses votaram pela saída da Espanha.

Logo feitos presos políticos na teimosia de leis convencionais de uma Constituição muito discutida mas pouco entendida, funcionando somente em favor da lógica de quantos apenas desejando evitar disputas, acabaram decidindo na proteção da Monarquia. E não cuidaram das exigências do processo democrático hoje vigente em todos os territórios autônomos que foram construindo o mapa castelhano.

Entretanto, maiores desafios virão, agora que a liberdade voltou e a justiça vai ter de saber jogar com seu Direito, espera-se por uma solução salutar onde todas as ideias e necessidades se conjuguem pelo bem.

Problemas maiores terão a Hungria, Polônia, República Checa, Eslovênia, Bulgária, nas questões quentes sobre gênero, homossexualidade, entre outros desafios sociais modernos que andam “atrapalhando” algum entendimento. Isso enquanto também não chega o problema da identificação sanitária e a contradição legislativa das fronteiras abertas, declarada política oportunista sobre o processo de vacinação.

A Comissão Europeia e respetivos membros, somente agora depois da vacinação massiva das populações, se lembraram em declarar a derradeira carta na manga, de como certificados ou “passaportes verdes” para que pessoas sejam reconhecidas como vacinadas.

Mas já se sabia que vai gerar polêmica pelo tanto de tentação discriminadora sempre atingem interesses de maioria política, submissão e serviço em vantagem financeira a grupos dominantes do mercado.

Enfim, é a velha história bem conhecida e a marcação de hábitos elitistas dificilmente combatidos, estragando a vida de muitos milhões. Vamos ver mas a situação vai reclamar dos problemas, com muito debate no Parlamento de Bruxelas e em Estrasburgo.

Enfim, temos uma Europa desequilibrada politicamente, mas onde lufadas arejadas imprimem algum otimismo futuro. Espera-se que rapidamente, depois de se aprenderem certas lições, consigam reformar determinadas matérias ruins, que são pouco ou nada favoráveis num futuro de paz e trabalho.

A Europa precisa de urgentes reformas sociais para que a justiça cumpra suas obrigações.

Nessa conjuntura, o desespero da direita mais egoísta e a derrocada das tentações fascistas e amantes do mundo nazi nalgumas escolhas eleitorais últimas, dão sinais evidentes avisando que a reação precisa ser encurralada. Mas isso somente será possível quando essas reformas igualmente forem sérias, e realizadas sem fumaça extremista.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano

 

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1 Comentário

  1. Enfim, temos uma direita europeia que perdeu terreno, embora tenha sido muito pouco para debelar esse movimento.
    O que falta a valer são mais eleitores a votar contra a extrema direita neo nazi fascista.

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