Depois de fazer inúmeros cortes, Prefeitura intensifica plantio de árvores na cidade

Após o desgaste ocasionado, no inicio do governo, com o programa Cidade Limpa, a Prefeitura está incrementando o plantio de mudas nativas no perímetro urbano. O projeto agora se chama Cidade Viva – e ainda é tímido diante da demanda por mais árvores na cidade, mas não deixa de ser um bom começo.

A expectativa é que esse plantio venha compensar os cortes indiscriminados, sem laudos técnicos atestando o estado fitossanitário das espécies suprimidas, inclusive de ipês rosa, que são imunes de cortes. Recentemente foram cortadas também árvores frutíferas em vários bairros, sob o argumento de que são impróprias para áreas urbanas.

Só neste ano pelo projeto Cidade Viva já foram plantadas 600 mudas de sibipiruna, paineira, quaresmeira, ipê roxo, entre outras espécies nativas. No pico do Amor foram plantadas 8 mil mudas fornecidas pelo Instituto Espinhaço.

Plantio de árvores na avenida Prefeito Li Guerra: arborização necessária e planejada. Na foto em destaque, plantio na avenida Osório Sampaio (Fotos: Carlos Cruz)

Na cidade já foram plantadas mudas de árvores nativas ao longo do canal da Penha (principalmente nas avenidas Cristina Gazire e Prefeito Li Guerra, que são contínuas, na região do bairro da Praia), nas avenidas das Rosas, Osório Sampaio, além de áreas verdes, como no bairro São Francisco.

Os próximos plantios devem ocorrer no bairro Gabiroba. Até o fim do ano, a previsão é plantar mais 400 mudas, com a promessa de dobrar a quantidade no próximo ano.

As mudas são produzidas no viveiro instalado no Parque Natural Municipal do Intelecto. E são também repassadas por empresários como medidas compensatórias, principalmente de empreendimentos imobiliários que tiveram de suprimir vegetação natural para a sua instalação.

Cuidados necessários 

Segundo informa a secretária de Meio Ambiente, Priscila Braga Martins da Costa, o plantio está sendo feito em canteiros centrais, e nunca nos estreitos passeios, que são caminhos de pedestres. Isso para que não ocorra insatisfação popular, como aconteceu com o fracassado projeto Verde Novo, da Vale, que em meados da década de 1980 prometeu plantar 1,5 milhão de árvores na cidade.

Árvores remanescentes do projeto Verde Novo, da Vale, no bairro Bela Vista

Muitos moradores descontentes com a quebra de passeios, e por não desejarem ter árvores em frente às suas residências, deram jeito de suprimir as mudas plantadas.

Resultado: pouquíssimas árvores sobreviveram – e as remanescentes dão mostras de como seria a cidade se esse projeto tivesse sido mais bem planejado e contasse com apoio da população.

Algumas espécies remanescentes do projeto Verde Novo ainda sobrevivem nos bairros Campestres, Bela Vista, Pará, Penha, Amazonas, mas são poucas.

Para que essa perda não volte a se repetir, a Prefeitura está tendo o cuidado de só plantar nos locais onde as mudas possam desenvolver sem afetar a rede elétrica e as moradias.

Pouco verde 

Pode-se dizer que o volume de plantio ainda é tímido diante da demanda da cidade mineradora, que sofre com a poeira em suspensão proveniente das minas. E também com a falta de sombras no perímetro urbano.

Corte de jacarandá mimoso no bairro Pará: sem justificativa

Mas é uma boa notícia depois de tantos cortes indiscriminados. É que, só com o plantio planejado – e em grande volume, Itabira pode reverter a triste situação de só dispor de pouco mais de 25% de suas vias urbanas arborizadas, segundo registra o último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Em decorrência, a cidade ocupa a vexaminosa 4.980º posição entre os 5.570 municípios brasileiros no ranking das cidades mais arborizadas.

Ou seja, somente 581 cidades brasileiras são menos arborizadas que Itabira, que um dia já foi do Mato Dentro (confira aqui https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/itabira/panorama).

Em Minas Gerais, Itabira está na 752ª posição nesse mesmo ranking de cidades verdes, entre os 853 municípios mineiros. Isso significa que no estado apenas 101 cidades são menos arborizadas que a terra de Drummond.

E na microrregião, entre os 18 municípios vizinhos – somente três cidades são menos arborizadas, proporcionalmente, que Itabira. Um triste quadro que precisa ser revertido.

Desafetação

Para agravar a situação, a Prefeitura “desafetou” áreas verdes na avenida Mauro Ribeiro, espaço nobre da cidade, que poderia virar parque – e também no bairro Novo Amazonas. O objetivo foi obter recursos para abrir a avenida Machado de Assis e executar terraplanagem para construção de apartamentos populares.

 

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1 Comentário

  1. A rua Mestre Emílio, no Pará, era pra ser toda arborizada mas os moradores e seus narizes empinados, não permitiram. Interessante foi eles mesmos arrancarem as árvores sem permissão da Secretaria de Meio Ambiente. Sobre as novas mudas, muitas árvores de porte grande como mangueira e castanheiras estão sendo plantadas onde não cabe um pé de limão.

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