Crise na Bolívia permanece. Deputados nomeiam novo presidente na Câmara. Nas ruas povo pede o retorno de Morales
Rafael Jasovich*
Conforme foi antecipado aqui neste site, deputados do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo Morales, alcançaram quórum, desafiaram o golpe e nomearam novo presidente da Câmara. Renúncia de Evo Morales foi rejeitada e líder indígena pode retornar a qualquer momento ao seu país.
Após a repressão policial que não os deixou entrar em La Paz na tarde de quarta-feira (13), os deputados favoráveis a Evo Morales ganharam a maioria para nomear Sergio Choque como presidente da Câmara.
A resistência ao golpe na Bolívia começou a tomar conta das ruas de La Paz. Em meio às marchas maciças dos habitantes de El Alto, a Câmara dos Deputados realizou uma reunião aberta e rejeitou o presidente interino de fato, Jeanine Añez.
Para os deputados do MAS, a reunião que nomeou a autonomeada presidente interina foi ilegítima e eles não a reconhecem como chefe de Estado. Os deputados reuniram-se nessa sessão aberta para proclamar novas autoridades.
Eles fizeram isso durante a madrugada de quarta-feira já que a polícia não deixou os legisladores entrarem durante a tarde. Isso teria ocorrido quando os deputados tentaram se reunir para rejeitar a renúncia de Evo Morales, que legalmente continua sendo o presidente da Bolívia, apesar de ter se exilado no México.
Desafiando a chuva que caia em La Paz, milhares de partidários de Evo Morales saíram às ruas exigindo a renúncia da presidente interina, Jeanine Áñez, e o retorno do líder indígena. Os manifestantes não reconhecem o governo provisório, acusam o golpe e exigem a restituição do mandatário indígena, que renunciou sob pressão de protestos dos opositores e de parte das forças armadas.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional