Comunidades rurais de Itabira e de Santa Maria participam, neste sábado, de simulado de autossalvamento para as barragens do eixo Norte

Reservatório com água na barragem Santana, em Itabira, MG.

Fotos: Carlos Cruz

Neste sábado (14), às 15h, será realizado o segundo simulado de emergência do chamado eixo Norte das barragens da Vale, com participação de parte de moradores da zona rural de Itabira e de Santa Maria de Itabira.

Já os moradores do perímetro urbano da vizinha cidade não participam do simulado, pois a cidade não está na Zona de Autossalvamento e sim na Zona de Salvamento Secundário (ZSS), segundo explicou o representante da Vale, Francisco Oliveira, em recente coletiva de imprensa virtual,

Isso significa que, teoricamente, embora esteja na mancha de inundação, a população da cidade de Santa Maria teria tempo de obter ajuda para se salvar de um eventual tsunami, que seria provocado com o rompimento da barragem de Santana.

Segundo o representante da Vale, a cidade de Santa Maria de Itabira fica localizada a 6 quilômetros da extensão final da Zona de Autossalvamento (ZAS) das barragens de Itabira.

Já que é assim, preventivamente, alguns moradores de Santa Maria já se mobilizam para acionar o Ministério Público de Minas Gerais para que a empresa invista em mais sistemas de segurança e prevenção, uma vez que nenhuma barragem é totalmente segura, como é o caso de Santana que está recebendo reforço em sua estrutura.

Proteção

Modelo de barragem que permanece seca na estiagem, utilizada para controlar a vazão e diminuir o impacto das enchentes (Fotos: Google e Reprodução)

Uma sugestão já apresentada por um geólogo ouvido pela reportagem, por ocasião da “tragédia natural”, como classificou o prefeito Reinaldo das Dores Santos (PROS), que abateu sobre a cidade na madrugada de domingo, no fatídico 21 de fevereiro de 2021, é a construção de diques secos ao longo do rio Jirau, antes de chegar na cidade.

Essas pequenas estruturas ao longo do rio, segundo ele, podem ser capazes de conter o aumento acentuado e repentino da vazão do Jirau, a exemplo do que já faz, em parte, a estrutura da barragem da Vale a montante – e que serviriam de amortecedores também para o caso, hipotético que seja, de ruptura da barragem.

Além de proteger a população de Santa Maria de uma possível colapso da barragem, o que é preocupante ainda mais com as mudanças climáticas, essas novas estruturas permaneceriam vazias durante a estiagem, enchendo-se nas enchentes, servindo para normatizar também o fluxo da água no rio nos períodos chuvosos.

Leia mais sobre as sugestões aqui:

O que fazer para que tragédias com enchentes em Santa Maria de Itabira não se repitam

“Pode parecer um paradoxo, mas a construção de pequenas barragens, a exemplo de muitas já existentes na Europa e no Chile, para conter a água do degelo nos Alpes e nos Andes, respectivamente, podem ser uma das medidas de proteção aos moradores de Santa Maria”, sugere o hidrogeólogo.

Treinamento

Placa de advertência na barragem de Santana, e que estão ao longo do rodovia, mas inexistente no perímetro urbano de Santa Maria

“A Vale está implantando placas de sinalização de emergência em toda a Zona de Segurança Secundária, em acordo com as prefeituras e Defesas Civis municipais”, adiantou o representante da Vale na coletiva de imprensa. “O simulado na cidade de Santa Maria de Itabira é uma ação a ser definida pela Defesa Civil em conjunto com a Vale”, disse ele na mesma coletiva.

Já o simulado deste sábado é destinado a treinar para o autossalvamento os moradores e passantes pela ZAS das barragens Borrachudo, Borrachudo II, Alcindo Vieira, Dique Quinzinho, Dique Ipoema, Jirau, Piabas, Cemig I, Cemig II e Santana.

De Itabira, participam as comunidades rurais do Borrachudo, Monjolo da Carolina, Mandembo, Padres, Pedreira, Rocinha, Gaspar e zona rural.

E de Santa Maria as comunidades dos Cordeiros, Flor do Vale, Gaspar, Córrego dos Lages, Chácara, Morro Queimado, Soares e zona rural.

Prevenção

Dique do Quinzinho fica no eixo Norte, na saída para os distritos e Itambé do Mato Dentro, pouco antes da comunidade Monjolo da Carolina

A atividade, segundo a mineradora, é rotineira e tem caráter preventivo, devendo envolver mais de 1,1 mil pessoas que se encontram na área de autossalvamento, na zona rural de Itabira e em Santa Maria de Itabira, além de parte da Zona de Segurança Secundária (ZSS) da vizinha cidade.

No horário do simulado, os moradores serão avisados por meio do toque real de sirenes – antes é emitida uma mensagem informando que se trata de um simulado. É quando todos devem seguir as rotas de fuga e se dirigir aos pontos de encontro localizados em área segura, como forma de treinamento.

Ainda de acordo com a Vale, o simulado é uma continuidade das ações do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM) das estruturas, em cumprimento à legislação vigente.

“O objetivo é reforçar a cultura de prevenção e orientar a população sobre como proceder em caso de emergência, um dos pilares do princípio de garantia de não repetição.”

Confira onde haverá interdição temporária de trânsito nos dois municípios

• MGC-120 – Itabira a Santa Maria de Itabira
• MG-462 – Itabira sentido a Santa Maria de Itabira
• AMG-900 – 1240 sentido à Senhora do Carmo
• AMG-900 – 1240 sentido a Ipoema
• Estrada vicinal sentido à barragem Borrachudo II
• Estrada vicinal de acesso à comunidade São Pedro
• Estrada vicinal sentido à comunidade Morro Santo Antônio
• Estrada vicinal de acesso à comunidade dos Padres
• Estrada vicinal de acesso à Pedreira
• Estrada próxima à entrada do aterro sanitário de Itabira
• Estrada vicinal de acesso à barragem Alcindo Vieira
• Estrada vicinal de acesso à barragem Jirau

Santa Maria de Itabira
• MGC-120 – Próximo à comunidade Soares
• Estrada vicinal sentido à comunidade Gaspar
• Estradas vicinais na comunidade Córrego da Lage
• Estrada vicinal sentido ao Morro Santo Antônio
• Estrada vicinal acesso à comunidade Cordeiro
• Estrada vicinal sentido à comunidade Soares

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