Commebol agradece a Bolsonaro e Copa América vem para o Brasil em meio a tantas mortes de brasileiros pela Covid-19
Luiz Linhares*
Eu bem que gostaria de iniciar esta coluna escrevendo sobre o Campeonato Brasileiro da temporada que se iniciou em sua 50ª edição após receber essa denominação, mas, meu Deus, não posso deixar de me indignar com a decisão, nesta segunda-feira (31), para que a Copa América seja realizada aqui no Brasil.
Isso depois das desistência da Colômbia por problemas políticos internos e pela Argentina, pelo agravamento da pandemia com a Covid-19 que, em muitos aspectos, se amealha a do Brasil. Como um país com quase 500 mil mortes pode sediar a Copa América, que começa no dia 11 de junho, tendo agora o Brasil como sede?
E que está com hospitais lotados em várias partes do país, com o sul de Minas vivendo o caos, com o sistema de saúde voltando a entrar em colapso. Como é que pode o Brasil aceitar o que nenhum outro país sul-americano quer?
A Commebol agradece ao presidente Bolsonaro pela colaboração. Fala-se em jogos por Brasília e pelo Nordeste com previsão de público na reta final.
Coitado do brasileiro, coitado de todos nós. Eu me rendo pelo desconhecimento específico sobre o assunto, mas vejo como uma temeridade, para dizer o mínimo, a realização da Copa América no país onde a vacinação segue lenta, com pouco mais de 22 milhões (10,4%) de brasileiros já imunizados, tendo recebido a segunda dose da vacina contra Covid-19.
Confiar em político a própria vida já me ensinou que não devemos, pelos riscos inerentes. Torço – e rezo – para que as previsões pessimistas das autoridades de saúde não se confirmem nessa copa realizada em um momento de acirramento da pandemia, em um país onde não há controle da doença e a autoridade maior desdenha das mortes e da própria pandemia.
América vacila e perde a primeira partida pela série A do Brasileiro
Pois bem, voltando ao Brasileirão 2021 que teve início não obstante a ameaça da terceira onda pandemia, que pode ser mais grave que as primeiras, já tão letais, não foi nada boa para os times brasileiros.
Isso pela grande expectativa que se criou em torno do América, pela sua volta à divisão principal. O time minério foi a Curitiba onde é muito difícil jogar, lutou muito mas perdeu para o Athético (PR).
Não fez por merecer a vitória, embora tenha sido aplicadíssimo durante todo o jogo, com esquema sempre bem montado pelo técnico Lisca, que tem sucessivamente conseguido neutralizar o adversário, até encontrar aquela boa para o contra-ataque fulminante que não aconteceu.
Não teve esse momento e vacilou no final levando um gol bobo, com o atacante sem saber se finalizou ou ergueu a bola para a área. O goleiro americano também não se posicionou para cortar um arremate ou mesmo o cruzamento.
Certo é que neste sentido o time paranaense saiu na frente. Entendo como justo pelo montante que o América tem condições de lutar com intermediários, como no caso desse jogo em Curitiba e procurar em casa vencer. E assim para que possa se manter na divisão principal do futebol brasileiro.
Atlético também decepciona e perde para o Fortaleza de virada quando tinha tudo para vencer
Pelo lado do Atlético não foi diferente. Posso afirmar que foi a grande frustração da rodada inicial. Perder em casa sempre é péssimo e no roteiro fatos dos últimos anos, perder para quem não deve passar de figurante na briga pelo título, é repetir o que vimos no campeonato passado, ainda que como farsa.
Assim foi que o Galo perdeu de virada para o Fortaleza dentro de Belo Horizonte, com força total, o que pode custar caro na sequência e ter um peso brutal sobre a soma final.
Argumentar, como desculpa, que a partida ocorreu pela manhã com o sol quente, isso não pode servir como desculpa. O certo é que o Fortaleza se situou melhor em campo, pode até ser por estar acostumado a jogar com temperatura mais elevada do Nordeste. Mas não passa de desculpa, pois o desgaste com o calor foi para todos os atletas.
O Atlético até teve um primeiro tempo equilibrado, criando boas jogadas. Mas faltou uma dose de sorte para finalizar as jogadas criadas. Fez seu gol no fim no primeiro tempo com Hulk cobrando pênalti. Já no tempo complementar o mérito ficou com o treinador português do Fortaleza que mexeu na equipe e mudou toda a tônica da partida
O time ganhou velocidade, tirou o conforto do time atleticano no jogo. Destruiu sua criação e buscou uma virada merecida ante ao domínio que impôs ao jogo.
Por seu lado, o Atlético ficou devendo muito e talvez tenha encontrado no ano o primeiro adversário a lhe impor uma exigência maior. É apenas o início, ficando desde já um alerta: não existe mais nenhum super time, se não suar a camisa, não jogar e não buscar o gol para não ficar à mercê de revés como foi na partida inicial do Brasileiro 2021.
Cruzeiro tem dois expulsos, esforça com valentia, mas perde para o fraco Confiança
O Cruzeiro teve tudo para começar bem a trajetória ainda na série B, na luta pelo retorno à elite do futebol brasileiro. Encontrou um adversário bem limitado, enquanto dominava o jogo, ditava o ritmo da partida, ante o grande número de passes errados, sem ser incomodado pelo adversário.
Mas vacila na marcação e obriga ao goleiro Fabio fazer um pênalti no veterano Neto Berola, quando o time sergipano saltou à frente no marcador sem méritos.
Ao fim do tempo inicial uma expulsão boba do volante Adriano e na sequencia mais bobo ainda foi a expulsão do goleiro Fábio que fez uma defesa com as mãos fora da área, em lance bem amador. E assim termina o primeiro tempo com dois jogadores a menos, com grande dificuldade para a sequência.
É certo que o time azul foi guerreiro no segundo tempo, mesmo estando com dois jogadores a menos em campo. Chegou a empatar e ainda mandar uma bola na trave, o que poderia lhe dar naquele momento uma vantagem de placar.
Prova da fragilidade do adversário que, com algumas mudanças e com o cansaço geral do Cruzeiro, fez o segundo e o terceiro gol, resultando na primeira derrota do Cruzeiro.
É tudo ainda muito cedo para se fazer prognósticos. Mas para que venham futuros triunfos, o Cruzeiro precisa manter a concentração total e foco em buscar a vitória, não importa se em casa ou fora.
O que não pode é vacilar e deixar escapar chances de vencer como foi esta primeira partida. O time celeste tem pela frente dois jogos em casa e precisa buscar os seis pontos.
Para toda esta semana é de Copa do Brasil. Cruzeiro e América em casa, Atlético em Belém do Pará. Necessidade de fazer vantagem com teoricamente boas chances para todos os mineiros.
*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-AM.